O vinho Almaviva é um dos ícones do Chile e nasceu em uma joint venture entre o Château Mouton Rothschild e a Viña Concha y Toro
por Christian Burgos
Almaviva é, sem dúvida, um dos vinhos chilenos mais reconhecidos e desejados no Brasil. A joint venture entre o Château Mouton Rothschild e a Viña Concha y Toro nasceu com a missão de criar um vinho com alma francesa em solo chileno em 1996.
Não à toa, é conduzida por Michel Friou, grande enólogo francês que adotou o Chile como lar. Ele veio ao Brasil realizar uma degustação exclusiva organizada pela importadora Clarets, que fechou o salão principal do restaurante Fasano. Tivemos a oportunidade de encontrar amigos e degustar de uma única vez 20 safras de Almaviva. Relembre essa história incrível.
Blend de 75% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère e 6% Cabernet Franc com 16 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
A exuberância de aromas terciários é a marca de seu perfil aromático. Em boca, mais madurez e acidez mais tímida que seus irmãos mais jovens. Seu ápice parece estar no retrovisor, por isso, sugiro abrir as garrafas desta safra que estejam em suas adegas.
Blend de 72% Cabernet Sauvignon, 23% Carménère e 5% Cabernet Franc com 16 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
A fruta está bastante mais viva que a de seu irmão apenas um ano mais velho (1996). Notas de pólvora e grafite. Muito couro com aquele cheiro gostoso do porão da casa do avô. Privilégio degustá-lo.
Blend de 72% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère e 2% Cabernet Franc com 16 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Íntegro e austero. Gosto do toque verde que mantém a vibração do vinho duas décadas após a colheita. Uma prova da capacidade de evolução dos grandes chilenos, mesmo não tendo sido reconhecida como uma grande safra. Uva-passa, ervas secas e pimenta.
Blend de 78% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère e 3% Cabernet Franc com 16 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Nariz limpo. Muita vida. Fruta, anis e mirtilo. Vibrante e caloroso. 1999 foi um ano extremamente seco, com quatro vezes menos chuva que o normal. Toques de feno. Gosto muito do perfil francês e controlado do vinho.
Blend de 86% Cabernet Sauvignon e 14% Carménère com 16 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Inebriante aroma cítrico, com casca de laranja bem madura. Em boca, a fruta vem madura e envolvente, mas outros traços chegam e ganham protagonismo. É o caso da caixa de charuto, seu traço mais interessante, e da pimenta negra, além do perfil de pedra.
Blend de 70% Cabernet Sauvignon, 27% Carménère e 7% Cabernet Franc com 17 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Sempre um dos meus prediletos, 2001 tem o nariz a porão. Mineral, cinza fria e muito cacau. Austero, embora a fruta ainda esteja aqui, são seu frescor, belo tabaco e taninos doces que compõem a coluna cervical deste vinho com final de cassis.
Blend de 67% Cabernet Sauvignon, 29% Carménère e 4% Cabernet Franc com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Fruta viva e pedra de isqueiro no nariz. Boa textura de taninos ainda presentes. Maduro e ao mesmo tempo equilibrado. Este vinho ainda tem curva crescente pela frente, em um perfil de menos concentração.
Blend de 75% Cabernet Sauvignon, 24% Carménère e 3% Cabernet Franc com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Saboroso, mas mais quente e moderno que o 2002. Até por isso revela menos equilíbrio que o irmão.
Blend de 72% Cabernet Sauvignon e 28% Carménère com 17 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Muito elegante. Delicioso para desfrutar hoje. Gosto do perfil de ervas e, sobretudo, do ligeiro mentolado. Revela um toque mineral também. Clássico e austero. Boa companhia para a mesa, pode ser uma carne elegante, como vitelo ou até atum.
Blend de 74% Cabernet Sauvignon, 21% Carménère e 5% Cabernet Franc com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Alegria. Aqui estamos no auge da fruta e da madurez, mas tudo temperado com bela acidez, que é um exemplo para 2002 e 2003. Os taninos são sua marca, e realmente conferem pureza e estrutura ao vinho.
Blend de 63% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère, 9% Cabernet Franc e 2% Merlot com 17 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
A fruta, como cereja, é marcante. Menos estrutura e peso de boca, mas bastante vibração e textura de taninos ainda presentes – algo que me lembro ter chamado a atenção quando de seu lançamento.
Blend de 64% Cabernet Sauvignon, 28% Carménère, 7% Cabernet Franc e 1% Merlot com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Aqui há mais equilíbrio clássico entre fruta, estrutura e acidez. Um vinho mais perfeito em sua essência técnica. O nariz é uma coisa fantástica. Finesse total. Tons de grafite. Os taninos podem ser motivo de orgulho para o enólogo.
Blend de 66% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère, 8% Cabernet Franc com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
A fruta é um perfume. Tem boa acidez, os taninos são um pouco mais de verdes e também revela mais o álcool.
Blend de 73% Cabernet Sauvignon, 22% Carménère, 4% Cabernet Franc e 1% Merlot com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Tem a fruta vermelha e frescor como motes. Elegante e confortável. A acidez traz a vibração que é sua grande marca.
Blend de 63% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère, 9% Cabernet Franc e 2% Merlot com 17 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Gosto muito da safra 2010. Taninos mais marcados, perfil mais concentrado e ainda assim belo equilíbrio, com muita fruta e frescor. Talvez fruto do primeiro ano com acréscimo de Petit Verdot.
Blend de 67% Cabernet Sauvignon, 25% Carménère, 5% Cabernet Franc, 2% Merlot e 1% Petit Verdot com 17 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Sucessão de aromas com café, fruta fresca, algo medicinal e um cítrico a limão. Bons taninos e frescor. Um vinho que pede decanter ou paciência na taça. Com muitos anos pela frente.
Blend de 65% Cabernet Sauvignon, 24% Carménère, 8% Cabernet Franc, 2% Petit Verdot e 1% Merlot com 19 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Solar e muito guloso, sentimos o perfil do ano na taça, sobretudo nas frutas.
Blend de 72% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère, 6% Cabernet Franc, 2% Petit Verdot e 1% Merlot com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Delicioso hoje e com muitos anos pela frente. Destaco a suculência de frutas e sua interação com acidez e taninos. Aqui também brilha a mineralidade que se expressa como um toque salino.
Blend de 68% Cabernet Sauvignon, 22% Carménère, 8% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
A safra 2014 inaugura um perfil encantador com vinosidade, balsâmico e textura deliciosa de taninos. Ervas, feno, verdeais e taninos lindos. Ao fim, um delicioso toque de café.
Blend de 69% Cabernet Sauvignon, 24% Carménère, 5% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot com 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês.
Cada vez que degusto esta safra gosto mais. Uma supermodel na passarela. Tudo perfeito, no lugar. Sem dúvida, a fruta é a mais linda de todas. Isso sem falar no perfil floral. Será um desafio superar esta safra. CB