Descubra como as vinícolas podem adotar práticas saudáveis de produção, colhendo resultados excepcionais no presente e plantando o futuro
por Euclides Penedo Borges
As mudanças climáticas são encaradas como um desafio ambiental que o homem deve enfrentar com determinação nos próximos anos. Elas provocam variações na temperatura do ambiente, elevação do nível do mar e incidência de catástrofes. Temos, recentemente, exemplos de sobra de grandes distúrbios ambientais, independentes da vontade humana, ceifando vidas e espalhando a destruição. Para os cientistas, o aquecimento global vai desencadear reações muito mais sérias do que as atuais. Uma de suas causas principais é a emissão de gases provocadores do efeito estufa. As vinícolas não podem, nem querem, ficar alheias a isso.
O meio ambiente vinícola
A reação ao efeito estufa já faz parte do incipiente esforço global, e o cultivo orgânico, que ora se generaliza nos vinhedos, é uma demonstração disso. Surge agora outra possibilidade através da adoção, pelas vinícolas, de programas de compensação da emissão de carbono. Na vinicultura, considerada como um todo, incluindo os destilados de vinho, a emissão de gás carbônico está associada ao uso de combustíveis e ao consumo de energia. A contrapartida tem sido encontrada em dois campos. O primeiro inclui programas técnicos de aumento de eficiência, com redução de emissões. O segundo diz respeito ao reflorestamento ou à regeneração de florestas nativas, equilibrando as emissões inevitáveis, pois, como se sabe, os maciços florestais retiram gás carbônico da atmosfera, armazenando-o na madeira.
Elaborar vinhos defendendo o ambiente
Olhando de forma mais abrangente, o programa deve ser entendido como parte da gerência da empresa que elabora vinhos, incluindo o cultivo orgânico das uvas. Aumentar a eficiência na parte energética representa reduzir custos operacionais. Trata-se de questão tecnológica, é claro, mas pode envolver projetos de adegas que dispensem uso de energia e de sistemas de reciclagem de água. Contrabalançar a emissão remanescente com investimentos florestais representa reduzir custos sociais. O programa de compensação de emissões de carbono consiste na aquisição dos chamados “créditos de carbono”, destinados a gerar projetos de remoção ou prevenção de emissões.
Um exemplo na Nova Zelândia
O certificado de Carbono Zero é concedido a organizações que mediram, administraram e reduziram a emissão desta substância. Em termos de vinhos, a Nova Zelândia saiu na frente e o primeiro certificado de Carbono Zero foi para a vinícola Grove Mill, de Marlborough, na ilha neozelandesa. Para seguir os passos dessa empresa, as vinícolas devem adotar as seguintes diretrizes: elaborar vinhos de qualidade com o mínimo impacto ambiental possível, comprometer-se com a contínua melhoria do processo de vinificação, concentrar a atenção na eficiência energética, reciclar água e utilizar, tanto quanto possível, os engaços e os bagaços de uva.
Ótimos vinhos e programas ambientais
Para atingir seus objetivos, a Grove Mill utiliza, em seus vinhedos, mais de quinhentas toneladas de bagaços de uva como fertilizante. Além disso, ela recupera o excesso de calor da refrigeração, aquecendo água em tanques termicamente isolados. O líquido aquecido é, então, usado para limpar recipientes ou para aquecer o mosto ou o vinho, quando necessário. A vinícola também restaurou uma área próxima com a plantação de 4.000 árvores regionais e recicla os rejeitos de papel, papelão, alumínio, vidro e plástico. Não é de surpreender que tenha recebido o certificado de Carbono Zero.
Tudo isso, entretanto, não a impede de elaborar vinhos brancos de primeira, descritos por Hugh Johnson como excelentes Sauvignon Blanc e vibrantes Chardonnay.
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