O grupo deseja aumentar a conscientização sobre o valor histórico e cultural das videiras não enxertadas
por André De Fraia
Loïc Pasquet da Liber Pater lidera o grupo Francs de Pied. Crédito: Agence Fleurie
Um grupo e tanto, liderado pelo icônico Loïc Pasquet da Liber Pater, chamado de Francs de Pied, busca o reconhecimento da UNESCO – braço da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – para aumentar a conscientização sobre o valor histórico e cultural das videiras não enxertadas.
A lista inclui o próprio Loïc Pasquet, Egon Müller, Andrea Polidoro das vinícolas Cupano (Montalcino) e Contrada Contro (Marche); bem como Gocha Chkhaidze da principal vinícola georgiana, Askaneli; Thibault Liger-Belair (Borgonha); Chartogne-Taillet (Champanhe); Feudi di San Gregorio (Campania); Vida Peter (Hungria); Joh. Jos. Prüm (Alemanha); Dominio de Es (Espanha); Artemis Karamolegos (Grécia); St. Jodern Kellerei (Suíça); Filipa Pato (Portugal) entre outros.
"Inicialmente, pensamos em organizar encontros regulares para vinícolas que trabalham com videiras não enxertadas de variedades indígenas, onde os vinicultores pudessem provar os vinhos uns dos outros e trocar ideias", disse Polidoro, cujo projeto Contrada Contro em Marche envolve videiras Malvasia Bianca di Candia não enxertadas.
A mudança veio em junho de 2021 quando os Francos de Pied foram oficialmente formados em Mônaco, sob o patrocínio do Príncipe Albert II. "Para alcançar o reconhecimento da UNESCO, precisamos ter muitas pessoas influentes a bordo", disse Pasquet, explicando por que o grupo buscou apoio de figuras proeminentes. Além de Albert II, o grupo conseguiu apoio do presidente da Geórgia Salomé Zourabichvili e o empresário italiano Pasquale Forte.
“As vinhas não enxertadas representam um património único, tão antigo como o vinho, e temos de o preservar. Vinho não é só vinho, cada garrafa contém muita espiritualidade e cultura que faz parte da humanidade há 8.000 anos... é por isso que precisamos do reconhecimento da UNESCO”, diz Pasquet.
Um comitê científico está atualmente trabalhando ao lado do grupo Francs de Pied para construir um caso para a indicação da UNESCO. Pasquet acredita que o processo, que envolve o exame de uma série de 'tradições vitícolas, todas com uma cultura vitícola específica que precisa ser preservada', levará pelo menos alguns anos.
Enquanto isso, os viticultores também planejam desenvolver um programa de certificação para ajudar os bebedores a identificar vinhos feitos com frutas de videiras não enxertadas.
O grupo visa não apenas preservar as tradições vitivinícolas, como também defendem que a utilização da técnica é uma ferramenta eficaz para combater as alterações climáticas. “O porta-enxerto tem um grande impacto no ciclo de vida da videira, pois notei que as videiras não enxertadas tendem a apresentar um ciclo mais regular. Desde a brotação até a floração e o tingimento, eles tendem a ser muito consistentes de ano para ano”, disse Polidoro. “O dia da colheita basicamente nunca muda porque a planta tem um metabolismo próprio que é menos influenciado pela variabilidade climática e, portanto, também tem uma maior adaptabilidade às mudanças climáticas.”
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