A região sul-africana produz vinhos há mais de 300 anos
Eduardo Milan Publicado em 06/10/2019, às 12h00 - Atualizado às 12h16
Indústria do vinho sul-africano começou a renascer depois do Apartheid
A África do Sul produz vinhos há mais de 350 anos, quase há tanto tempo quanto algumas zonas europeias mais populares. Em 1918, por exemplo, produtores sul-africanos fundaram a KWV - Kooperatiwe Winjnbouwers Vereniging (ou Associação Cooperativa de Produtores de Vinho), para regulamentar a produção acompanhado as cepas, taxas e preços. Com o tempo, a viniticultura sul-africana teve um enfraquecida por conta da burocracia do país e o regime Apartheid. Mas o cenário voltou a movimentar em 1991 com o fim do Apartheid e com a privatização da KWV em 1997. Hoje, a produção de vinhos do país é forte e viva. Confira quais são as principais áreas vinícolas do país.
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Stellenbosch District estende-se do interior da costa em Sommerset West até as montanhas que rodeiam a cidade de Stellenbosch. Há tempos, a área é reconhecida como o centro dos vinhos finos do país, pois lá estão localizados o Oenological and Viticultural Research Institute (OVRI), a Universidade de Enologia de Stellenbosch, além de vinhedos governamentais experimentais. O clima local é bastante ideal, com ocorrência de chuvas no inverno e verões amenos. Porém, seu diferencial reside na variedade de altitudes e tipos de solos existentes. Em Stellenbosch, são produzidos vinhos de alta gama, especialmente de Cabernet Sauvignon e Merlot, além de Syrah. Em parcelas mais frias, há ótimos rótulos de Sauvignon Blanc e Chardonnay. Lá estão, ainda, muitas das principais vinícolas sulafricanas, tais como: L’Avenir, Beyerskloof, De Toren, De Trafford, Neil Ellis, Ken Forrester, Kannonkop, Meerlust, Rust-en-Vrede, Rustenberg, Saxenburg, Simonsig, Stellenzitcht, Thelema, Vergelegen e Warwick.
Fica localizado ao norte de Stellenbosch. Estando mais no interior, a região sofre menor influência das correntes marítimas frias e as temperaturas costumam ser elevadas no verão, verificando-se, entretanto, temperaturas mais baixas durante a noite. Também tem grande variedade de altitudes e tipos de solo. Nessa região, merecem destaque as vinícolas Fairview, Glen Carlou e Nederburg.
Os vinhedos de Constantia Ward estão entre os mais antigos do país e são geralmente resfriados por “Cape Doctor”. A região carrega a reputação de produzir ótimos Sauvignon Blanc. Em algumas áreas, é produzido Vin de Constance, a partir da colheita tardia de uvas Muscat. Os principais produtores de Constantia são Buitenverwatching, Groot Constantia, Klein Constantia e Steenberg.
Localizada ao norte da Cidade do Cabo, Swartland costumava ser conhecida como uma região produtora apenas de vinhos baratos. Atualmente, alguns dos melhores Syrah e Chenin Blanc de vinhedos antigos vêm do local. Destacam-se as vinícolas Lammershoek, Sadie Family Wines e Spice Root.
Pequena região agraciada pela incidência de ventos frios, Durbanville tem apresentado bons Sauvignon Blanc. Merecem destaque: De Grendel, Durbanville Hills e Meerendal.
Localizada no extremo norte de Coastal Region, Tulbagh é quase completamente rodeada por montanhas, condição que “aprisiona” o ar frio que desce durante a noite. Por conta disso, a região tem construído uma boa reputação na produção de brancos, especialmente espumantes. Os principais produtores de Tulbagh são Rijk’s Private Cellar, Saronsberg e Tulbagh Mountain.
Localizado no extremo oeste de Breede River Valley, Worcester é um distrito de clima quente e seco, onde a irrigação é essencial. A maior parte da produção é baseada em Chenin Blanc e Colombard, sendo que uma grande parcela do vinho destina-se à destilação. Ainda assim, de Worcester vem um grande volume de vinhos de todos os estilos.
Assim como Worcester, em Robertson se produz grande volume de vinhos mais simples. Entretanto, por apresentar clima mais frio e solo calcário, na região também são feitos vinhos de melhor qualidade, como excelentes Syrah, Chardonnay encorpados e Sauvignon Blanc com boas notas herbáceas. Merecem destaque: Graham Beck, De Wetshof e Springfield.
District Seguindo a costa do país sentido leste, passando Cape Agulhas, chega-se a Walker Bay, área onde se tem produzido alguns dos melhores Chardonnay e Pinot Noir da África do Sul. Varietais de Sauvignon Blanc, Merlot e Syrah também têm razoável sucesso. Os principais produtores de Walker Bay são Bouchard Finlayson e Hamilton Russel Vineyards.
Ao norte de Walker Bay, Elgin é uma área de maior altitude – e portanto, mais fria –, o que possibilita a produção de Sauvignon Blanc frescos e intensos. Também merecem atenção alguns promissores Pinot Noir e Syrah.
Ao sul de Walker Bay está Elim Ward, região conhecida por Sauvignon Blanc herbáceos e pungentes.
Localizada mais ao norte do país, Olifants River é uma região de clima quente e seco. Antigamente conhecida por vinhos destinados à destilação, atualmente tem feito rótulos de boa relação qualidade-preço.
Região com baixo índice pluviométrico e vinhedos com sistema de irrigação, Klein Karoo é reconhecida pela produção de Brandy e vinhos de sobremesa, embora apresente também bons Chenin Blanc.
Franschoek é um belo e estreito vale a leste de Stellenbosch, polo da alta gastronomia sul-africana. Em Franschoek estão muitas vinícolas de alta qualidade e projetos ambiciosos. Destacam-se Boekenhoutskloof, Cape Chamonix e La Motte.
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