Enoturismo

Enoturismo na Argentina

O clima europeu, as belezas naturais, a boa comida e, o mais importante, o vinho, fazem da Argentina um bom destino gastronômico

por Carolina Giovanelli

Com o peso desvalorizado, as diversas promoções de pacotes de turismo e a "Europa latina" logo ao lado, não há como resistir. É a opção perfeita para não ir muito longe, aproveitar uma rica vida cultural, desfrutar das belezas e confortos do país, comer bem e, o mais importante, beber com classe. Tudo isso sem gastar muito.

Além do turismo convencional, com todas as atrações que você já ouviu falar, há outro tipo, que interessa mais aos amantes do vinho: o enoturismo. Não faltam passeios por vinícolas, vinhedos e restaurantes. Nos últimos anos, nosso vizinho passou por uma revolução no setor vitivinícola, investindo em tecnologia e na evolução da qualidade dos fermentados. Atualmente, a Argentina é a maior produtora de vinhos da América Latina e a quinta do mundo. Seus destaques são as uvas vitiviníferas de origem européia e, mais recentemente, a Torrontés. Para atender a essa demanda dos surpreendentes rótulos argentinos, as regiões produtoras têm crescido.

Mi Buenos Aires

A capital argentina pode não se destacar pelo enoturismo, mas é tão charmosa e sedutora que é de visita obrigatória. A cidade, com quase três milhões de habitantes, é um pedaço da Europa na América do Sul. De clima temperado e úmido, o ambiente é cosmopolita, moderno, com uma cultura riquíssima e arquitetura de cair o queixo.

Para se hospedar há 17 opções de hotéis cinco estrelas. O mais admirável e arrebatador deles é o Faena, localizado em Porto Madero, que possui spa, bistrô e até cabaré à parisiense. Há também o Hilton, com sua entrada envidraçada; o Marriot Plaza, e seu famoso chá da tarde; o fino Park Hyatt, com seus quatro restaurantes; o Four Seasons, de arquitetura francesa; e o tradicional Alvear, com suas diárias a partir de US$ 660, 210 suítes e muitas jacuzzis.

Mesmo de estilo europeu, Buenos Aires honra a localização abaixo da linha do Equador por seu churrasco, música e longas noites de diversão. No quesito comida, aproveite os típicos alfajores, doces de leite, empanadas e parrillas.

Para saborear um bom bife argentino, vá ao restaurante Cabaña Las Lilas, que possui dois sommeliers. O preço é alto, mas vale a pena. Outras opções são o Aralar, de Ferrán Adrià, chef catalão considerado um dos melhores do mundo; a Filo, pizzaria que já recebeu Madonna e Francis Ford Copolla; o Le Sud, elegante ambiente de gastronomia francesa dentro do hotel Sofitel; o Café Richmond, fundado em 1917, com mobília pesada, tango e xadrez; e o Dorrego, que une dança e comida, com pratos diferentes como o foie gras sobre uvas fritas.

Durante sua estada, é imprescindível que vá a um show de tango, característico da cidade portenha. Eles podem ser assistidos no histórico bar El Viejo Almacén; no Bar Sur, de shows mais intimistas; na Piazzola Tango, que é museu, casa de shows e galeria de arte; ou até na imperdível feira de antigüidades de San Telmo.

Outros charmes de Buenos Aires são os cafés que se espalham pelas ruas, como o Gran Café Tortoni - inaugurado em 1858 e que ainda mantém seu mobiliário original -, os museus, teatros, bibliotecas e livrarias - como a linda El Ateneo - e as lojas finas da Avenida Alvear. Além das atrações indispensáveis como o Obelisco, a rua Florida, a Plaza de Mayo - que acolhe a famosa Casa Rosada - e a rua-museu Caminito, no bairro de La Boca.

Se quiser passear, use os baratíssimos e onipresentes táxis portenhos, ou vá a pé mesmo; a capital é quase toda plana. Andando, você aproveita para conhecer as lojas de vinho que estão em cada esquina. Elas oferecem diversos rótulos (a maioria nacional) com preços, em geral, mais em conta do que aqui. Algumas delas são: a simpática Vinoteca Lo de Joaquin Alberdi, a boa Terroir e a rede Winery.

Mendoza

Mendoza, o maior pólo vitivinícola da Argentina, representa cerca de 80% do vinho produzido no país. Localizada no norte, ela é composta por diversas sub-regiões como Maipú, Luján de Cuyo, San Rafael e Valle de Uco. A cidade respira vinho. Ele está por toda parte, inclusive em produtos como xampus, loções e sobremesas.

Por isso, quando se viaja para lá, é impossível escapar do prazer de visitar as grandes e muitas bodegas (cerca de 1.200) e provar seus renomados fermentados, junto da paisagem da Cordilheira dos Andes nevada.

A região, que fica a pouco mais de mil quilômetros de Buenos Aires e a 340 km de Santiago do Chile, é um deserto. Não chove, mas, ao mesmo tempo, os vinhedos continuam florescendo por lá. Isso graças a um sistema de irrigação desenvolvido pelos índios, que usa diques para reter a água do degelo das montanhas e valetas para transportá-la até a cidade. O parque General San Martín é um dos maiores exemplos disso, com seus 420 hectares de verde obrigatórios de conferir.

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Quanto à hospedagem, se você quer prezar pelo conforto, escolha o elegante Park Hyatt. Lá se pode aproveitar o Regency Cassino - badalado durante a noite - o spa e o bistrô M, onde é possível comer apreciando uma vista deslumbrante da praça principal. Outra opção de estilo é o moderno Sheraton, de bonita arquitetura e adega exclusiva. Também é possível passar a noite nas vinícolas, que como a Club Tapiz - uma casa restaurada de 1890, com piscina e spa - oferecem acomodações aos visitantes. Pode-se ainda escolher algo fora do convencional, como a rústica e maravilhosa estância Los Chulengos, na cordilheira, a pouco mais de uma hora de Mendoza.

Quando for jantar, a estrela da cidade é o 1884, do chef Francis Mallmann, de ambiente lindíssimo e pratos renomados. Há também o contemporâneo Las Negras, que oferece uma experiência mais cosmopolita e iguarias internacionais; o italiano Francesco e suas massas artesanais; e o charmoso Azafrán, com boa comida, boa adega e internet grátis. Para o almoço, depois da visita aos vinhedos, aproveite os restaurantes das próprias vinícolas, como o Ruca Malén, que possui um cardápio harmonizado com alguns de seus rótulos, o Família Zuccardi, que oferece a típica parrilla argentina, e o Urban, que vem se destacando nos últimos anos.

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As visitas às vinícolas costumam seguir o padrão de ver os vinhedos (e até colher uvas), conhecer o processo de produção - nos tanques de fermentação e barris de carvalho - e terminar com a esperada degustação. Vale a pena conhecer: Catena Zapata, a bodega em forma de pirâmide é uma das mais famosas do país; O. Fournier, e sua arquitetura contemporânea; e a Salentein (retratada na seção Enoarquitetura, na página 50), construída com o formato de cruz e que possui um museu de arte moderna.

Outros destaques da região são a Trapiche, e seus mais de mil hectares de vinhedos; a Norton, que existe desde 1895; a Luigi Bosca, e seus tanques que comportam 2 milhões de litros de vinho; a Terrazas de Los Andes, da Möet Chandon; e a Familia Rutini, onde se pode conhecer um museu do vinho.

Se quiser fugir um pouco do ambiente bucólico das vinícolas, o turismo de aventura é uma excelente alternativa. É imperdível fazer o passeio para conhecer a vista do pico do monte Aconcágua, o ponto mais alto das Américas; ou praticar montanhismo, esqui e rafting.

Patagônia

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A Patagônia está localizada no extremo sul argentino e, para muitos brasileiros, ela não passa da região que abriga Bariloche, a cidade que possui a maior estação de esqui da América Latina. Sim, Bariloche também é um ótimo passeio, com todo o seu agito nas férias, porém a Patagônia é muito mais que isso.

A região, de grande beleza natural, possui amplo potencial na produção de vinhos e turismo. A área, que tem baixas temperaturas e a Cordilheira dos Andes ao seu redor, tem como destaque o rio Negro e a província de Neuquén.

Para passear, uma das bodegas da Patagônia oferece uma experiência inusitada a seus visitantes. No período de construção da vinícola da Família Schroeder, encontrou-se um inesperado esqueleto de dinossauro.

Os donos do empreendimento aproveitaram a descoberta e criaram uma cave especial que exibe os fósseis do Titanosáuridos, uma das maiores espécies já conhecidas.

Outras vinícolas importantes que podem ser visitadas são: a Humberto Canale, fundada em 1909; a Bodega Del Fin Del Mundo, pioneira na província de Neuquén; e a Noemía, da condessa Noemi Maroni, com altos padrões de qualidade.

Salta

No norte da Argentina, a 1600 km de Buenos Aires, há outro pólo vitivinícola: Salta. Seu clima não deixa de ser um pouco inóspito, com ventos fortes e temperaturas muito baixas; porém, visitar a província é uma aventura gratificante, ainda mais para os enófilos.

Os destaques da cidade são sua arquitetura colonial, o iluminado centro histórico e pontos turísticos como o charmoso Convento de San Bernardo e o Museu Histórico Del Norte. Para os mais corajosos, há o perigoso Tren a Las Nubes, que liga Salta ao viaduto La Polvorilla, a 4220 metros de altura, atravessando os Andes.

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Salta está na região dos Valles Calchaquíes, que possui vinhedos situados a mais de 1700 metros do nível do mar, com clima seco e muito vento, ajudando a prevenir pragas. São diversas bodegas por lá, que têm como uva principal a Torrontés. Suas vinícolas de destaque são: a Colomé, de Donald Hess, com vitivinicultura biodinâmica e pequenas habitações de luxo para se hospedar; a Michel Torino, que também é spa e hotel de casas coloniais; além da Felix Lavaque, acompanhada pela quinta geração da mesma família.

Obviamente que a Argentina possui ainda outras regiões importantes na produção do vinho, como La Rioja e Catamarca, e tanto essas como as citadas são de visita obrigatória a qualquer um que se considera um enófilo.

Guia de serviços

Buenos Aires

Restaurantes

Cabaña Las Lilas
Alicia Moreau de Justo, 516 - Puerto Madero (4313-1336)

Aralar
Av. Corrientes, 280 - Centro (4321-6750)

Filo
San Martín, 975 - Retiro (4311-0312)

Le Sud
Arroyo, 841 - Retiro (4131-0130)

Café Richmond
Florida, 468 - San Nicolás (4322-1341)

Dorrego
Dorrego, entre as avenidas Del Libertador e Cerviño - Cañitas (6774-2430)

Vinhos

Vinoteca Lo de Joaquin Alberdi
Jorge Luis Borges, 1772 - Palermo Viejo (4832-5329)

Terroir
Buschiazzo 3040 (4778-3443)

Winery
Juana Manso, 800 - Puerto Madero (4894-8204)

MENDOZA

Restaurantes

1884 -
Calle Belgrano, 1118 - Godoy Cruz (424-2698)

Las Negras
Pasteur e Almirante Brown - Godoy Cruz (424-0008)

Francesco -
Chile, 1268 - Centro (425-3912)

Azafrán
Sarmiento, 765 - Belgrano e Perú (429-4200)

Ruca Malén

Família Zuccardi

Urban

Bodegas

Catena Zapata

O. Fournier

Salentein

Norton

Luigi Bosca

PATAGÔNIA

Bodegas

Família Schroeder

Bodega Del Fin Del Mundo
Ruta Provincial 7, Km. 9. San Patricio del Chañar, Provincia de Neuquén (4855- 004)

Humberto Canale

Noemía

SALTA

Bodegas

Colomé

Michel Torino

Felix Lavaque

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