A presença do charuto na sétima arte está representada tanto em grandes nomes do cinema como em personagens que fizeram história
por Fernando Roveri

Quando se pensa na fumaça liberada pela boca de atores e atrizes invadindo a tela, as primeiras lembranças são dos filmes noir das décadas de 40 e 50. Essa fumaça, no entanto, vinha dos cigarros. No caso dos homens, representavam masculinidade e, para as mulheres, era sinônimo de sensualidade.

Já o papel do charuto na sétima arte tem outro significado, não menos importante. De policiais a comédias, o charuto teve sua representação em papéis diversificados e, talvez por isso, apresentou uma versatilidade maior no cinema do que o cigarro. Nos filmes de gângsteres, por exemplo, o charuto tem papel fundamental.
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Os personagens que os fumam têm força representativa na trama: homens corajosos, que enfrentam perigos e tomam sérias decisões. O eterno gângster do cinema americano, Edward G. Robinson, personificou o tipo, sempre acompanhado por um charuto. Em obras mais recentes, como Os Intocáveis e Scarface, os personagens também fumavam charutos.

Em outro gênero cinematográfico, o faroeste, o charuto teve outro tipo de representação. Em sua maioria, os personagens que os fumavam eram os mais inescrupulosos. Quando o faroeste chegou à Itália, o charuto continuou presente. O gênero foi praticamente recriado na península, primeiramente pelas mãos do grande diretor Sergio Leone, ele mesmo um apreciador de charutos.
Em vez de cowboys glorificados, desbravadores e corajosos (quem não se lembra da eterna parceria John Ford e John Wayne em diversos filmes?), surgiam homens rebeldes, inescrupulosos e egoístas, no verdadeiro estilo “sem lei e sem alma”. O personagem sem nome de Clint Eastwood na chamada Trilogia do Dólar passava o tempo todo com um charuto fino na boca, a expressão da rebeldia.
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No caso das mulheres, é muito raro vê-las fumando charutos. Um momento de destaque é na comédia Victor ou Victória, em que a personagem de Julie Andrews finge ser homem e, então, fuma charutos. No cinema europeu, em geral, não há uma presença maciça do charuto como nas películas americanas, talvez pelo estilo mais intimista da sétima arte do Velho Mundo.
No entanto, há momentos marcantes, como na comédia O Homem do Rio, na qual o personagem principal, interpretado por Jean-Paul Belmondo, fuma charutos, em uma representação do típico bon vivant. E por falar em comédias, o grande comediante Groucho Marx usava o charuto como forma de enriquecer os momentos cômicos dos seus personagens.

Já por trás das câmeras, quando falamos de produtores de cinema, há nomes notáveis que sempre apareciam acompanhados de um bom charuto. No cenário de Hollywood, Jack Warner, da Warner Bros. Company, e Darryl F. Zanuck eram verdadeiros apreciadores. Este último, inclusive, chegou a ter uma plantação de fumo em Cuba. No caso dos diretores, os mais notáveis eram Alfred Hitchcock e o genial Orson Welles. Roman Polanski, Francis Ford Coppola e Michael Winner, grandes diretores, também são exímios degustadores.
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Vale lembrar dos atores consagrados do cinema americano que também apreciam charutos: Paul Newman, Robert De Niro, Pierce Brosnan, Danny DeVito, Tom Cruise, James Woods e Jack Nicholson são alguns deles. Sem dúvida, os apreciadores de charuto podem usufruir do momento da degustação acompanhados de bons filmes, onde essa arte também está estampada na tela.

As celebridades do cinema têm o costume de fumar grandes marcas. ADEGA mostra artistas consagrados e suas marcas preferidas.
Francis Ford Coppola
O diretor de obras históricas do cinema como O Poderoso Chefão herdou o hábito de seu pai, Carmine, que gostava de charutos italianos, como o Toscani. Coppola seguiu o mesmo estilo.
Groucho Marx
O comediante preferia os mais encorpados e um de seus preferidos era o Dunhill 410.
Danny DeVito
A preferência do ator é o Cohiba Corna Especial e Robustos, adquiridos na loja Davidoff, em Londres.
Tom Cruise
O astro e galã de Hollywood aprecia charutos Cohiba. Anos atrás, ele pediu aos importadores londrinos Hunter & Frankau para encontrar mil Cohiba Robustos.
Mel Gibson
O astro e diretor de Hollywood, que dirigiu A Paixão de Cristo e Apocalypto, fuma charutos da marca Romeo y Julieta.
Arnold Schwarzenegger
O astro de Hollywood e ex-governador do Estado da Califórnia aprecia os charutos Bolívar coronas extra encorpados.
Jack Warner
O diretor de estúdio de Hollywood, que fundou a Warner Brothers em 1923, era degustador. Um momento de destaque em sua vida envolvendo o charuto ocorreu em Cannes. Enquanto fumava um Hoyo de Monterrey em um cassino, ganhou 100 milhões de francos. Ele guardou o que sobrou do charuto em uma caixa de prata.
Orson Welles
A carreira do genial diretor deslanchou em 1941, com Cidadão Kane. Nessa época, Welles tinha 26 anos e já degustava charutos. Sua marca preferida era Por Larranaga.
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