A Malbec vem de Cahors, na região de Bordeaux, onde é conhecida como Auxerrois ou Côt Noir, mas na Argentina ganhou a fama que tem
por André De Fraia
A Malbec é a uva típica da Argentina. Mas o que muita gente esquece é que essa casta é francesa. Sim, antes da Malbec vir para o Novo Mundo ela fez sucesso na França, vale lembrar que até hoje ela é uma das uvas do corte bordalês, embora muito pouco utilizada.
A história da Malbec é antiga, as primeiras menções a ela são do século 18 ainda chamada de Cot ou Auxerois, nomes que ainda são utilizados em algumas regiões francesas. A decadência da Malbec na França veio junto com a praga da filoxera quando a variedade passou a ser vista como uma casta frágil em relação as demais. E em 1956, logo após uma geada histórica atingir todo o país, os produtores viram uma boa oportunidade para substituí-la.
Isso falando principalmente de Bordeaux, em Cahors, no entanto, a Malbec ainda hoje é amplamente usada na produção dos vinhos, que segundo as leis de produção locais devem ter, no mínimo, 70% da casta.
Porém, jogada para escanteio na França, a Malbec rodou o Novo Mundo, especialmente os países do cone sul da América, e encontrou condições ideais de crescimento na Argentina, onde hoje é o carro chefe dos vinhos e foi uma das principais responsáveis por alavancar a indústria no país.
Ela chegou à Argentina em 1868, através do agrônomo francês Michel Pouget, que foi contratado para iniciar um programa de melhoria nos vinhedos de Mendoza. Ele levou consigo, além da Malbec, algumas outras castas francesas, que não se adaptaram bem ao terroir mendocino e logo foram descartadas.
Embora a casta não seja tão produtiva como outras castas plantadas no mesmo local, a Malbec, com o passar das décadas e a consequente evolução do gosto do consumidor, saltou aos olhos de diversos experts internacionais até, enfim, cair nas graças dos argentinos.
Na terra do Maradona, ela ganhou características distintas da uva plantada em Cahors e se tornou uma casta com maior “mobilidade”, produzindo desde vinhos mais simples até os de boa complexidade. Hoje, cerca de 75% dos Malbecs produzidos no mundo vêm da Argentina e a uva se tornou o símbolo máximo da enologia dos nossos hermanos.
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