Muitos dos Champagnes dessa safra podem até ter “passado do ponto”, mas, definitivamente, não foi o caso deste
por Luiz Gastão Bolonhez
A safra de Champagne de 1996 foi amplamente reconhecida como "espetacular". Crédito: "The Johan"
Diz-se que o monge Dom Pérignon teria sido o “inventor” do Champagne.
Teria sido ele quem “descobriu” a fórmula para os vinhos se tornarem espumantes. Mitos à parte, a verdade é que, com o tempo, o nome do monge se tornou uma das principais marcas de Champagne, pertencente à casa Moët & Chandon. Sua primeira safra é de 1921, sendo portanto uma das mais antigas cuvéesprestige do planeta.
A safra 1996 é especial para este colunista, pois ela marca o ano de nascimento de seu primeiro filho. Como este também foi um ano muito especial em Champagne, colecionei diversos para guardar para ocasiões especiais, entre eles, Dom Pérignon. A safra de Champagne de 1996 foi amplamente reconhecida como espetacular na região. Houve um verão longo, quente e seco, com poucos problemas. As uvas conseguiram atingir a maturação fenólica plena sem sacrificar a acidez. Todas as principais variedades de uvas tiveram uma produção admirável, mas a Pinot Noir foi particularmente bem-sucedida. Mas já se vão 25 anos...
Recentemente, abrimos um Dom Pérignon 1996 (dégorgement original, não o Oenothèque – hoje chamado Plénitude 2). Muitos dos Champagnes dessa safra podem até ter “passado do ponto”, mas, definitivamente, não foi o caso deste.
Este ícone é um blend de aproximadamente 50% de Pinot Noir e 50% Chardonnay. Um Champagne marcante, excepcional e muito integro. Na juventude esbanjava charme e incrível textura. Sua acidez era eletrizante. Agora, aos 25 anos, seu perlage está menos abundante, mas ainda com bolhinhas finíssimas.
Seus aromas estão mais “amansados”, mais leves. Ainda bem mineral e com os tons de brioche vivos. No palato, é apaixonante, ainda vivaz, mas com bom desenvolvimento, complexidade e riqueza. Em boca, nota-se mais evolução que nos aromas. Apresenta incrível densidade, consistência e corpo soberbo. Definitivamente pronto, mas, pela importância da safra, ainda sugiro, para os mais corajosos, esperarem mais cinco ou 10 anos.
Um Champagne majestoso, inesquecível.
Pierre Pérignon era filho de um oficial das cortes regionais e, aos 13 anos,foi para um colégio jesuíta em Châlons-Sur-Marnee descobriu sua verdadeira vocação.
Quando esse monge beneditino com quase 30 anos chegou à Abadia de Hautvillers, ao norte de Epernay, trabalhou na melhoria dos vinhos da região, introduzindo práticas como poda controlada, baixo rendimento e colheita cuidadosa. Sua consagração como “inventor” de Champagne, contudo, veio muito tempo após sua morte quando Dom Grossard, tesoureiro da Abadia de Hautvillers, iniciou a divulgação de que o monge era o criador dos espumantes.
A marca Dom Pérignon foi lançada por Robert-Jean de Vogué em 1936, com o primeiro vintage de 1921. Antes de 1927, a marca era propriedade da Mercier e foi um presente para a Moët quando Francine Durant-Mercier se casou com Paul Chandon.
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