Vinhateiros franceses vêm protestando desde o ano passado, governo promete liberar 80 milhões de euros para o setor
por Silvia Mascella
Poucas pessoas sabem que o maior produtor agrícola da Europa é a França. Dentro da Comunidade Econômica Européia o país é uma potência de produção, assim, quando os fazendeiros (e entre eles os vinhateiros que representam uma das forças do campo) fazem protestos e greve, as autoridades prestam atenção.
Nas últimas semanas caminhões, tratores e máquinas agrícolas vêm bloqueando rodovias, entradas de cidades (como Bordeaux, por exemplo) e até mesmo aeroportos na França. Os protestos só perderam um pouco de força (de uma parte dos manifestantes) com o anúncio governamental de um fundo de emergência no valor de 80 milhões de euros (aproximadamente 429 milhões de reais) para os vinhateiros.
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O ministro da Agricultura, Marc Fesneau divulgou alguns planos em visita à região do Languedoc no último dia 2 de fevereiro para auxiliar os produtores de uvas e vinhos que atravessam dificuldades, principalmente nas regiões ao sul do país. Segundo a agência France Presse, há uma outra ajuda, no valor de 150 milhões de euros (mais de 900 milhões de reais) para auxiliar produtores, permitindo que os agricultores deixem de plantar uvas e se dediquem a outros cultivos. Mas a disponibilização desse valor depende de aprovação da Comissão Européia.
Em outubro do ano passado, quando alguns protestantes interceptaram e destruiram cargas de vinhos vindas para Espanha perto de Perpignan, as luzes já foram acesas nos assuntos que acabaram por mobilizar centenas de manifestantes no começo de 2024. Em entrevista à revista inglesa Decanter, Frédéric Rouanet, presidente de um dos sindicatos de vinhateiros, informou que as causas dos protestos eram os custos crescentes para a produção (mesmo sem o aumento de valor dos vinhos), a possível volta de um imposto sobre o combustível dos tratores e as importações de vinhos com baixíssimo preço.
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O Ministro da Agricultura reconhece que a indústria francesa do vinho vem sofrendo uma crise estrutural multi-fatorial há alguns anos, que inclui a queda do consumo interno, queda nas exportações, altos volumes em estoque e os impactos das mudanças climáticas.
Além dos 80 milhões de euros, que devem ser liberados rapidamente para os produtores, o governo também anunciou a diminuição de impostos, o relaxamento de alguns regulamentos de produção e a proteção contra a competição injusta com outros países produtores.