Com o nome do fundador, Joseph, a Krug inaugura novo prédio para vinificação em Ambonnay
por Sílvia Mascella
A região de Champagne produz seus vinhos borbulhantes desde o século 17. Estamos no século 21. São, portanto, quase 400 anos de história. E fazer Champagne é um processo lento, que leva quase dois anos da colheita até o líquido pronto para beber, no caso dos rótulos mais ‘básicos’. Tempo é uma coisa da qual Champagne entende.
Portanto, a reforma que teve início em 2008 numa das mais prestigiadas casas de Champagne, a Maison Krug, tomou o tempo dos grandes espumantes para se revelar totalmente. No final de abril foi inaugurado o novo edifício, com o nome do fundador ‘Joseph’, que abriga, entre outros equipamentos, 4 mil barricas.
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Construído para substituir três unidades de produção que estavam obsoletas, o novo prédio levou 7 anos para ficar pronto e está localizado na vila de Ambonnay, ao sul de Reims, ladeado pelos vinhedos. A construção foi um projeto da AW2 arquitetura e interiores, que tem sede em Paris. Segundo o escritório de arquitetura, os dois pavilhões dialogam com as paisagens tanto do campo quanto a urbana que os circundam, com suas linhas curvas e cores discretas, além do paisagismo discreto.
O jornal francês Le Figaro perguntou para a chef de cave da Krug, Julie Cavil, se esse novo espaço seria para novos vinhos. Ela foi enfática em dizer que não, mas que durante os longos anos de projeto e construção, eles fizeram um apanhado de todo o gestual do trabalho, dos processos, dos rituais. Desenvolveram protótipos dos espaços precisamente para ter a segurança de que o novo local, mais eficiente, organizado e moderno não alteraria em absolutamente nada o gosto do vinho.
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O edifício de dois andares tem formato de H, com os escritórios no centro e os tanques no subsolo. Na parte superior ficam oito caves, com capacidade total para 4 mil barricas, suportadas por um sistema de racks que visa diminuir o esforço físico e o risco de acidentes para quem trabalha lá. O escritório de arquitetura também fez um trabalho acústico (vinícolas são locais com alto nível de ruído) e de tratamento de ar com duas frentes: a diminuição do uso de ar condicionado e um sistema de bombas de calor/frio que controla a umidade nas salas de barrica para que elas não ressequem.
A Maison Krug produz aproximadamente 900 mil garrafas de Champagne por ano, com uvas de vinhedos próprios e também compradas de parceiros. O novo prédio, que concentrará toda a produção, tem quase 10 mil metros quadrados construídos. O valor total da obra não foi divulgado oficialmente, mas estima-se que tenham sido gastos entre 25 e 28 milhões de euros.