A bebida continua sendo produzida e é aperitivo famoso na Ilha de Córsega, na França
por André De Fraia
Ilustração do Vin Mariani, a bebida foi um sucesso no século XIX
Um produtor de vinhos francês e químico chamado Angelo Mariani teve uma brilhante ideia: porque não adicionar folhas de coca na produção de vinho?
Estamos falando de 1863, época em que houve uma explosão no uso da substância que chegou a ser anunciada como a cura para todos os males. Muitas celebridades da época ficaram famosas por usar um pouco do pó branco estimulante para conseguir uma energia extra para o dia a dia.
A bebida de Mariani, Vin tonique Mariani à la Coca de Pérou, tinha uma receita no mínimo inusitada. Além da cocaína – em uma proporção de 1 para cinco de vinho! – a bebida ainda levava conhaque e uma dose cavalar de açúcar para contrabalancear o gosto horrível da, hoje, droga.
Deu certo e a bebida foi um sucesso!
O Papa Leão XIII chegou a ir a público para salientar o consumo e seu apreço pela bebida. O seu sucessor, Pio X, também era um entusiasta, assim como Bento XV, o papa que sucederia a Pio X.
A admiração era tamanha que os três homenagearam a vinícola com a Medalha de Ouro por reconhecimento aos benefícios do Vin Mariani.
Além da benção papal, o Vin Mariani ainda contou com outros consumidores famosos como Ulysses Grant, presidente dos EUA entre 1869 e 1877, o empresário e inventor Thomas Edison e o escritor Jules Verne!
A garrafa do Vin tonique Mariani à la Coca de Pérou
A bebida viveu o esplendor até o início do século 20 quando os males da cocaína vieram à tona e seu consumo passou a ser mais controlado até ser proibido.
Engana-se, no entanto, quem acha que ela deixou de ser produzida. O Vin Mariani se inovou e, se ajustando às novas leis, passou a produzir um vinho com extrato de folha de coca, o Mariani Tonic Wine.
A produção utiliza vinho branco da ilha francesa da Córsega e, segundo o fabricante, pode ser degustado em temperatura ambiente, com gelo e na confecção de outros drinques refrescantes.
A empresa ainda produz Champagne, o Angelo Mariani, e segue sem negar suas origens, ostentando as medalhas papais recebidas em homenagem a sua obra prima.
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