Reunião ocorre após Parlamento Europeu aprovar relatório que afirma que não há nível 'seguro' de consumo de álcool
por André De Fraia
Após a Organização Mundial da Saúde – a OMS – sugerir que todo rótulo de bebida alcóolica deveria vir com um aviso no estilo dos maços de cigarro, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho se apressou para se reunir com o órgão e garantir que o mundo do vinho partilha dos ideais de consumo moderado de álcool.
Após a reunião, a OIV emitiu uma declaração enfatizando que sempre incentivou o consumo responsável e publicou os resultados de muitos estudos sobre os efeitos do consumo moderado de vinho na saúde.
Por isso, salientou que a OIV e a OMS têm “objetivos comuns na promoção de um modo de vida saudável”, acrescentando que “a cooperação é crucial entre ambas as organizações”.
A Organização Mundial da Saúde se prepara para adotar uma estratégia global para reduzir o consumo nocivo de álcool. Dentro das ações propostas pela OMS, está a “implementação de políticas de preços mínimos e tributação maior” e “o desenvolvimento e implementação de rótulos de advertência” para bebidas.
A OIV também expressou sua preocupação de que o vinho – juntamente com outras bebidas alcoólicas – passe a ser considerado um produto potencialmente cancerígeno como o tabaco aos olhos da OMS e de outras agências como a União Europeia.
Evidência para isso é o fato de que, o Parlamento Europeu aprovou um relatório do BECA – seu Comitê Especial de Combate ao Câncer – que afirmou que não há nível 'seguro' de consumo de álcool, ou seja, até uma gota diária de vinho é considerada cancerígena.
No dia 14 de fevereiro, está programada a votação final para decidir se as recomendações deste relatório devem ser adotadas pela União Europeia. O mais controverso é a sugestão de que advertências sanitárias sejam adicionadas a todas as bebidas alcoólicas no estilo das que são veiculadas em embalagens de cigarro.
Segundo o Comitê Europeu das Empresas de Vinhos (CEEV) tanto a OMS quanto a UE estão usando um estudo “falho” de 2018 como base de suas alegações de que não há consumo de álcool sem riscos à saúde. O Global Burden of Diseases (GBD), foi publicado na The Lancet e afirmou que mesmo beber muito moderado é pior do que não beber nada.
Segundo o Dr. Ignacio Sánchez Recarte, Secretário-geral do CEEV, o estudo não reflete “a realidade, que é que o câncer é uma doença multifatorial”.
Não apenas esse estudo mostrou falhas em sua análise, mas sua conclusão contradiz um grande número de outros estudos que mostram que o consumo moderado de álcool está associado a uma expectativa de vida mais saudável e mais longa e a menores eventos cardiovasculares.
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