Erguida para se tornar um farol de guia, a Tour de By deu nome a uns dos grandes châteaux de Bordeaux
por Carolina Almeida
Château possui três andares cercados por amplas vidraças que dão vista para a torre
Quando se cita Bordeaux, logo vêm à mente vinhos, vinícolas e vinhedos. Mas qual a origem deste nome? A palavra Bordeaux deriva da expressão “au bord de l’eau”, que significa à beira d’água. Dois rios, Garonne e Dordogne se encontram e formam o estuário de Gironde, cuja foz é no Golfo da Biscaia, no Oceano Atlântico.
Foi exatamente em torno dele que, em 1825, foi construída a Torre de By, que inicialmente servia como farol de guia aos navegantes do estuário, acostumados a tirar proveito, até tarde da noite, de sua marinha excepcionalmente rica.
A população de Médoc, região onde está localizado o Château La Tour de By e uma das mais famosas do mundo vinícola, costuma chamar o estuário de “rio”, e, como muito próximo à torre há um pequeno porto de fundo lodoso, este foi apelidado de “Porto de By”. Atualmente, o nome serve como uma espécie de lembrete de um período em que os habitantes da região passavam grande parte de seu tempo apreciando os tesouros naturais, caçando animais ou pescando.
O castelo, como é conhecido hoje, foi construído há mais de 140 anos
A história do Château La Tour de By se iniciou durante o Renascimento, um período de transformações culturais, sociais, políticas e econômicas que influenciou muito o modo de vida atual. Em 1599, o senhor feudal Pierre Tizon comprou a área e a batizou de La Roque de By, nome usado para designar o Château até meados de 1870. A vinícola permaneceu na família de Tizon até 1725, quando foi adquirida pelo conde Louis de Gramont. O castelo como conhecemos hoje foi construído há 140 anos, quando ainda estava nas mãos de Alfred Rubichon, genro do conde de Gramont, que decidiu reestruturá-lo completamente e alterar seu nome.
Os vinhedos que circundam o farol chegaram às mãos de Marc Pagès em 1965, quando, à procura de um atrativo imobiliário, descobriu o La Tour de By. Os 40 anos que se seguiram foram de grandes mudanças, o que colocou o La Tour de By entre os 131 membros da Union des Grands Crus de Bordeaux. Atualmente, seus netos Frederic Leclerc e Benjamin Richer de Forges regem o château.
O projeto de construção da vinícola conseguiu ser sensível a ponto de priorizar não casas gigantescas, cheias de luxo e de proporções estratosféricas, mas, sim, um château com ares de casarão, no tamanho exato para as atividades a que se propõe, que deixa claro o ideal disso tudo: estar mais perto da natureza e do vinho, a razão de ele existir.
Numa visão panorâmica, o château não é o que mais chama atenção. Apesar de o castelo ter presença e se mostrar atraente, o que salta aos olhos é a imensa área verde que rodeia tanto o palácio quanto a Tour de By. No total, são 94 hectares de vinhedos.
Engana-se, porém, quem pensa que o projeto arquitetônico do La Tour de By é simplório. A construção de ares reais lembra embaixadas e consulados espalhados por todo o mundo; grandiosos, mas nem por isso exagerados. São três andares cercados de amplas vidraças e uma varanda que circunda o château inteiro, sinais do apreço pela terra.
A bandeira francesa hasteada no topo da mansão mostra que as tradições naquele local são muito fortes. Essa idéia é reforçada antes ainda de se conhecer o casarão. Os portões de entrada, grandes e ao mesmo tempo sutis, já demonstram a grandeza do château, que ainda serve de residência para a viúva de Marc Pagès.
Além da imponência da construção, há muito verde
Além da mansão principal, há ainda outra construção, que lembra um pequeno vilarejo. A pintura em amarelo desgastado, o telhado de duas águas, as janelas de madeira e o relógio em cima da entrada principal contribuem para a sensação intimista. Antes de passar pela porta, há uma pequena placa dizendo “Por favor, toque o sino para nos mostrar que está aqui”.
Este é o local onde fica a adega do La Tour de By e onde são envelhecidos em barris de carvalho os vinhos produzidos. Lá, mais uma vez, as tradições se mostram bastante presentes. Junto às dezenas de barris, em frente à janela, está uma estátua da Virgem Maria carregando Jesus. Durante todo o dia, por conta dos raios solares, a imagem parece estar irradiando luz, como forma de proteção a esse château secular.
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