Da anunciação ao James Bond, o icônico Château Angélus celebra uma antiga tradição e que ganhou as telonas em 2015
por Dado Lacellotti
A oração do Angelus é uma das mais importantes da Igreja Católica, pois relembra o nascimento de Jesus e reconhece a fé e a humildade de Maria ao aceitar, através do Arcanjo Gabriel, o pedido de Deus para ser a mãe de seu filho. O nome “Angelus” é justamente uma referência ao Arcanjo Gabriel.
Na antiguidade, o badalar dos sinos anunciando o “Angelus” era um recurso comum para chamar o “rebanho” para as preces em homenagem a Maria. Elas aconteciam em três momentos do dia: às 6 horas, às 12 horas e às 18 horas. Em Bordeaux, estes costumes são mantidos por muitas igrejas até hoje e não é diferente em Saint-Émilion.
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O design do rótulo do icônico Château Angélus surgiu assim: as pessoas podiam ouvir as badaladas das três igrejas da região, a capela de Mazerat, a Saint-Martin de Mazerat e a de Saint-Émilion; e essa imagem forte ficou para reforçar a sua identidade.
Angélus é uma obra de arte líquida que certamente merece uma “oração” de agradecimento ao prova-lo. Atualmente “o sino” toca graças à oitava geração da família Boüard de Laforest, destacando a sua devoção na figura de Stéphanie de Boüard-Rivoal, atual responsável por seus vinhos. A propriedade tem uma das histórias mais antigas da denominação, e a família Boüard é mais antiga ainda e estão em Bordeaux há mais de 700 anos.
Mas o nascimento do que conhecemos como Château Angélus começa em 1909, quando Maurice de Bouard de La Forest herdou o vinhedo de um ancestral. Em 1921, ele comprou uma parcela de vinhas conhecida como L’Angélus e a propriedade nasceu – o “L” foi “abandonado” em 1990 para que o vinho aparecesse nos primeiros lugares das listas em ordem alfabética.
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Engana-se quem pensa que as inovações pararam por aí: o Château Angélus “participou” de 2 filmes de James Bond – o agente 007 com licença especial para matar e apaixonado por dry martinis batidos e não mexidos!
Em “Cassino Royale”, de 2006, o vinho que Vesper Lynd (Eva Green) e Bond (Daniel Craig) bebem no trem para Montenegro é um Angélus 1982. E em Spectre de 2015, podemos ver uma garrafa da safra 2005 no vagão restaurante de outro trem. Explico: os donos da casa são amigos da família Broccoli, dona dos direitos de marca do 007 e isso garantiu em 2019 uma edição limitada da safra 2007 em homenagem ao famoso agente.
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