• APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
Assine
Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA
  • APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
  • Uma Pintura de Menu

    O Restaurante Canvas é mais uma excelente opção de boa mesa, incrustado nas dependências do Hilton Morumbi

    por Luiz Gastão Bolonhez

    Canapé redondo ornamentado com um pequeno camarão preparado no bafo

    Era terça-feira, dois de setembro. Uma noite muito agradável em São Paulo. Nosso ponto de encontro era o Hotel Hilton Morumbi, ao lado do complexo World Trade Center no coração da Avenida Luis Carlos Berrini. É muito bom ver que São Paulo volta a ter excelentes restaurantes em hotéis de padrão internacional. Depois do Emiliano, onde nos surpreendemos com um menu inesquecível, foi a vez de irmos ao Canvas, um lindo espaço nas dependências do charmoso Hilton. Dias antes montamos um belo menu harmonizado em conjunto com o chef Fabio Boschero, um discreto romano radicado em São Paulo. A idéia era harmonizar sete pratos com sete vinhos. Passamos para Boschero os vinhos que seriam servidos e montamos a quatro mãos um menu especial.

    Um Salmão para acompanhar o Champagne Rosé, crustáceos para dois brancos franceses de estirpe e para um potente Barbera Barricato, desafiamos o chef pedindo por uma surpresa. Quanto ao robusto Cabernet Sauvignon Chileno, a companhia perfeita seria uma carne com intensidade. Com os queijos, decidimos ousar: para os de leite de vaca e cabra, um tinto clássico da Espanha. Por último, a finalização especial do chef a nosso pedido, uma sobremesa com chocolate para harmonizar com um Porto Vintage.

    fotos: Luna Garcia
    Lívio SallesAndré BerengerChristian BurgosRubens BenedikLuiz Gastão Bolonhez

    Quando recebemos o menu de Boschero, já percebemos sua criatividade. Ele praticamente fechou o menu com um hole in one (referência à jogada de golfe em que um jogador acerta a bola no buraco com apenas uma tacada). Muita aderência aos princípios básicos da harmonização, mas sempre com uma coragem a mais.

    #Q#

    Os convidados eram Rubens Benedik, executivo do segmento consultoria empresarial; Livio Salles, executivo do setor de serviços; André Berenger, executivo setor bancário; Christian Burgos, publisher da revista ADEGA; e eu, seu editor de vinhos. O staff do hotel nos acompanhou de perto, atentos a todos os detalhes nessa noite de total harmonia.

    Tartare de Scampi, Mini Brunoise de Legumes, Gengibre e Azeite Extra Virgem

    O início, como mencionado acima, foi clássico. O Boschero preparou um canapé redondo com um leve toque de maionese e uma deliciosa fatia de salmão defumado ornamentada com um pequeno camarão preparado no bafo. Para acompanhar essa delicada gostosura tivemos o especialíssimo Champagne Rosé Millésimé 2002 da Casa Henriot. O toque na maionese untou o palato de todos preparando-os para receber o delicioso Champagne. “Com esse canapé e esse Champagne não podíamos errar”, exclamou Rubens, emendando: “começamos muito bem”.

    O comentário de Rubens nos lembra que harmonizar um vinho e um prato é a arte de fazer o vinho complementar o prato e vice-versa, sem que um se sobressaia ao outro. Apesar de pouco difundido, o ato de harmonizar vinhos e comida está relacionado a seqüência de vinhos a mesa, por exemplo, em um grande evento em que temos farto couvert (ou canapés), entrada, prato principal, queijo e sobremesa, além de harmonizar um prato com o vinho, a harmonização do conjunto dos pratos é fundamental, ou seja, não faz sentido comer um bolinho de bacalhau com um tinto encorpado e depois comer um leve linguado com um Sauvignon Blanc sem madeira.

    Como regra básica, o grande segredo da harmonização em um evento enogastronômico é que tanto pratos como vinhos devem ter uma seqüência crescente, ou seja, devemos ter no início vinhos mais leves como espumantes e brancos de preferência, e, seguindo uma escala crescente, passar por rosés (podem ser opcionais) e tintos, sempre dos mais leves para os mais encorpados e finalizar com vinhos doces, podendo ser fortificados ou não.

    Luna Garcia
    Costeleta de cordeiro recheado de foie gras em crosta de amêndoas, salada da horta ao vinagrete balsâmico e flor de sal

    #Q#

    Pois bem, após esse bom começo e obedecendo à risca o exposto acima, fomos para a segunda emoção da noite. Tínhamos pela frente Tartare de Scampi, Mini Brunoise de Legumes, Gengibre e Azeite Extra Virgem e o branco do Rhône Chateauneuf Du Pape La Bernardine Blanc 2006 de Michel Chapoutier. A Brunoise (pequenos pedacinhos) foi preparada com cenoura, aipo e pimentão vermelho com toques de molho inglês e complementada com o bem-cortado Scampi com raspas de gengibre. Nesse prato podemos notar o talento do chef romano. O conjunto provocou sensações impressionantes, deixando claro que, para harmonizar, teríamos de ter um vinho com muita personalidade também. O reluzente branco do Rhône tinha tons doces no nariz, o que, de imediato, contrapunha com o toque delicioso e provocante do gengibre. Ao colocar o vinho na boca todos ficaram impressionados com a sensação do conjunto vinho e prato. Ao final da noite, essa harmonização foi a campeã, dentre todas, no voto direto dos felizardos à mesa.

    O terceiro encontro foi o Timbale de abacate tomate concassée marinado, tapenade de azeitonas e Scampi ao lado do monumental Chassagne Montrachet 1er Cru Abbaye de Morgeot 2006 de Frédéric Cossard. O chef mostrou coragem, pois sabia que para harmonizar com um vinho branco potente como esse Chassagne, tinha de ousar e sugerir algo que desafiasse o palato dos presentes. A iguaria foi preparada em camadas: uma com abacate, que por si só já era um desafio; uma camada de um concassé de tomate muito fresco; e uma camada de uma superpresente tapenade de azeitonas. A montagem desse prato constituía num show de engenharia, cores e, principalmente, sabores. A doçura e a gordura do abacate foram contrabalanceadas pela acidez do tomate e pela intensidade da tapenade. Um prato absolutamente provocante e multidimensional. Pois bem, quando prato e vinho se encontraram, a sensação foi marcante. Christian comentou: “Um vinho maravilhoso com um prato opulento fez desse encontro uma desafiante aula de harmonização”.

    fotos: Luna Garcia
    Soneto tulipa crocante, mousse de chocolate, creme chibust e sorvete

    A próxima experiência foi, para Lívio, uma das maiores de sua vida no quesito harmonia e complementaridade à mesa. O prato era Risoto de Camembert Rúcula Selvagem, Juliene de Bresaola, Brunoise de Tomates e Nozes e o vinho o Piemontês Barbera D’Alba Fides 2005 de Pio Cesare. O risoto foi preparado com o mais consagrado super fini arroz da Italia, o Riso Carnarolli. Foi à panela com vinho branco, manteiga e queijo Camembert. Na hora de servir foi adicionada a Juliene de Bresaola (finas fatias) e as mini rúculas selvagens para acompanhar. O prato foi interessante, pois o queijo e a bresaola, conjunto gorduroso, foi contrabalanceado pelo delicioso amargor da rúcula. As nozes eram a nota final que colocava toque crocante para fechar a complexidade do prato. Por si só, esse conjunto era harmônico e ao mesmo tempo provocante. Com a boca arredondada pelo delicioso risoto, esperávamos um vinho com taninos redondos e bem formados. Bingo! O Barbera Fides, dentre os tintos, foi o vinho que mais atenção chamou, devido a sua intensidade aromática e boca sedosa. André suspirou: “Vinho e prato estão em total consonância... deliciosa harmonia na boca”.

    #Q#

    O último encontro antes dos queijos foi a Costeleta de cordeiro recheado de foie gras em crosta de amêndoas, salada da horta ao vinagrete balsâmico e flor de sal com o marcante chileno Haras Elegance 2003, da Viña Haras de Pirque. O prato estava mais para uma obra de arte do que qualquer outra coisa. A costeleta de cordeiro foi artesanalmente preparada com flor de sal e recheado com foie gras. Em seguida, a costeleta foi empanada com farinha e amêndoas que, depois de frita, foi à mesa acompanhada por uma deliciosa salada verde. O sabor da costeleta crocante levou a nota máxima de todos. A harmonização foi na medida, pois o herbáceo e fresco Cabernet Sauvignon fez o balanço ideal no palato. Talvez a facilidade de harmonizar Champagne Rosé com salmão defumado seja a mesma de harmonizar costeleta de cordeiro com um Cabernet Chileno de raça.

    Chegava então a hora dos queijos. Foram escolhidos quatro tipos: Reblochon, Taleggio, Petit Chèvre e Camembert de Cabra. Essa harmonização foi mais para aguçar paladares do que falar muito de teorias, pois queijos e vinhos sempre são motivos de muita discussão. Sabemos que harmonizar um único vinho com todos esses queijos seria impossível. O objetivo aqui era mesmo testar os comensais à mesa. Talvez um branco seria também uma bela pedida, mas decidimos pelo clássico Gran Muralles 2001 de Miguel Torres, produzido a partir de vinhedos únicos na denominacion de origen Conca de Barberá na Catalunha. Todos os queijos estavam deliciosos, mas o destaque foi o Camembert ao lado do firme e redondo tinto espanhol.

    O fechamento foi o delicioso: Soneto tulipa crocante, mousse de chocolate, creme chibust e sorvete. A sobremesa teve ao seu lado um dos vinhos doces mais tradicionais do mundo, o Porto Vintage. Era difícil esperar que depois de seis pratos salgados de alta qualidade e formosura, o chef também se superasse no doce. Boschero fechou com chave de ouro. Um tubinho crocante com um cremoso mousse de chocolate inebriou todos pela sutileza aliada a muita personalidade. O Porto Vintage teve o papel de ser a pincelada final de nossa maravilhosa noite. Afinal de contas, Canvas em inglês significa tela (para pintar) e saímos de lá com uma pintura inesquecível em nossas mentes e corações.

    Gostou? Compartilhe

    Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA

    palavras chave

    Notícias relacionadas

    geleia vinho tinto

    Como fazer geleia de vinho tinto: receita simples e aromática

    Região de Rioja Alta, Espanha, terra da uva Tempranillo

    O melhor vinho tinto para sexta-feira à noite: Tempranillo

    Vinhos brancos portugueses, excelente companhia para o verão

    Excelentes vinhos brancos portugueses por até R$ 120

    Escola de Samba Vai-Vai levou o vinho ao sambódromo

    Os Melhores Vinhos rosés até 200 reais para celebrar o Carnaval

    Vinhos especiais alegram mais a ceia natalina - Pixabay

    Os vinhos da Ceia de Natal

    Imagem Casamentos sem ciúme

    Casamentos sem ciúme

    Imagem Bistrô com alma em São Paulo

    Bistrô com alma em São Paulo

    Imagem Italianos em parcerias clássicas e inusitadas

    Italianos em parcerias clássicas e inusitadas

    Imagem Os desafios do Oriente

    Os desafios do Oriente

    Imagem Uma harmonização do peru

    Uma harmonização do peru

    Top 100 Os Melhores Vinhos do Ano

    Escolha sua assinatura

    Impressa
    1 ano

    Impressa
    2 anos

    Digital
    1 ano

    Digital
    2 anos

    +lidas

    Vinho mais antigo do mundo é descoberto na Espanha
    1

    Vinho mais antigo do mundo é descoberto na Espanha

    Coluna de Daniel Salvador \u002D A Safra das Safras
    2

    Coluna de Daniel Salvador - A Safra das Safras

    A briga entre o vinho roxo e o legado de Prince
    3

    A briga entre o vinho roxo e o legado de Prince

    Descubra quais são os melhores vinhos do Alentejo
    4

    Descubra quais são os melhores vinhos do Alentejo

    Vinho do Porto: qual é a diferença entre Ruby e Tawny?
    5

    Vinho do Porto: qual é a diferença entre Ruby e Tawny?

    Revista ADEGA
    Revista TÊNIS
    AERO Magazine
    Melhor Vinho

    Inner Editora Ltda. 2003 - 2022 | Fale Conosco | Tel: (11) 3876-8200

    Inner Group