Geórgia, Líbano e até Galileia - a terra de Jesus - são bons exemplos
por Redação
Moldávia é um dos locais desconhecidos que produzem bons vinhos
O vinho não se restringe a Bordeaux, Napa Valley, Douro, Ribera del Duero, Piemonte e outros tantos nomes com os quais estamos acostumados.
No mundo, estima-se que a área de vinhedos plantada seja de 7,3 milhões de hectares, ou seja, há muito mais do que nomes consagrados para se observar. E mesmo em países tradicionais, há regiões menos conhecidas.
Há produção em nações como Turquia, Moldávia, Argélia, Uzbequistão, Bolívia, Índia e até no Irã, por exemplo.
É raro vermos um vinho desses locais no mercado nacional. Em alguns casos a produção é pequena e, além disso, a falta de “apelo” muitas vezes faz com que os importadores não se interessem em trabalhar com esses rótulos – indubitavelmente mais difíceis de serem vendidos do que o de regiões consagradas.
No entanto, mesmo em países “batidos”, às vezes você se depara com denominações pouco faladas. Bordeaux e Borgonha são dois expoentes na França, mas e os vinhos da Savóia? Você já provou? Em Portugal, já ouviu falar dos vinhos dos Açores? Ou ainda de Molise, na Itália? Das ilhas Canárias na Espanha?
Pois é, às vezes nos deparamos com lugares pouco convencionais, mas que produzem vinhos bem legais. Alguns, tesouros escondidos, seja pela simples curiosidade.
Ilhas portuguesas do Açores possuem três denominações de origem para vinhos
Os Açores são um arquipélago de nove ilhas pertencentes a Portugal situadas quase que literalmente no meio do oceano Atlântico. São cerca de 1.500 quilômetros de mar que separam as ilhas do continente europeu. Açores está na mesma latitude de Lisboa e possui uma paisagem muito verde, com picos vulcânicos de sua formação ancestral. Sua viticultura é tão peculiar que a área de cultivo na ilha do Pico foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO.
A maioria dos vinhedos de Açores são plantados dentro de currais, em pequenos quadrados emparedados por pedras de rocha vulcânica preta. As videiras são cultivadas em buracos e suas raízes se aprofundam entre as fendas das rochas. As paredes as protegem dos ventos do Atlântico e do excesso de sal.
Vinhedos no Açores emparedados contra os ventos do Atlântico e do excesso de sal
As videiras começaram a ser plantadas no arquipélago desde o início do século 16, na época das navegações, quando as ilhas serviam de escala para os navios em seu caminho para o Novo Mundo. Por volta do século 18, os vinhos doces e fortificados se tornaram famosos.
Atualmente, três ilhas produzem vinho e lá estão três denominações de origem. A DOC Graciosa, que cobre grande parte da ilha da Graciosa, com vinhos brancos vinificados na cooperativa local. As outras duas são para fortificados com a DOC Pico e a DOC Biscoitos, de vinhos feitos nas áreas costeiras da ilha do Pico e na região dos Biscoitos, uma pequena área no norte da ilha Terceira. Há ainda os IGP Açores, cuja a maioria dos vinhos são brancos frescos. Existem também os ditos Vinhos de Cheiro, produzidos por castas híbridas.
Solo de Kakheti, chamado cinamônico, é bastante singular
A região de Kakheti é um dos berços da produção de vinho no mundo. A área está oficialmente dividida em várias sub-regiões com uma certa diversidade de mesoclimas, assim como uma variedade grande de cepas de uvas encontradas por toda parte. O clima predominante é o continental com temperaturas amenas a subtropicais.
Um tipo particular de solo, chamado “cinamônico”, é encontrado nas principais zonas vitivinícolas de Kakheti. Ele é composto de argilas calcárias arenosas de cor avermelhada devido a seu alto teor de ferro. Esse tipo de solo ocorre nas regiões mais secas, o que também motiva as videiras a cavar fundo em busca de nutrientes, formando sistemas de raízes mais fortes.
Kakheti é considerado um dos berços da vinicultura
As principais variedades de uvas utilizadas nos vinhos tintos de Kakheti são a Saperavi e a Cabernet Sauvignon. Já as brancas tendem a ser a Rkatsiteli e a Kakhuri Mtsvani. Destacam-se os vinhos produzidos usando os métodos ancestrais locais, de contato prolongado com as cascas e sem filtração, feito nos famosos qvevri (antigas ânforas de barro), que atualmente são chamados de vinhos laranjas.
Na Eslovênia as uvas brancas dominam
Štajerska, também conhecido como Styria, é a maior região vinícola da Eslovênia, país que faz fronteira com Itália, Áustria, Hungria e Croácia.
Ela é uma sub-região de Podravje, na parte leste do país.
Devido à influência germânica – esta área já foi conhecida como Untersteiermark (Baixa Estíria) e fazia parte do Ducado da Estíria, uma terra da coroa austro-húngara –, as uvas brancas dominam, como o Riesling (tanto o Riesling verdadeiro quanto o Welschriesling / Laski Rizling / Riesling Itálico), Traminec (Gewürztraminer), Rizvanec (Müller-Thurgau), Sivi Pinot (Pinot Gris), Beli Pinot (Pinot Blanc) e sua forma mutante local Radgonska Ranina, além de Furmint e Moscato Amarelo, entre outras. Pinot Noir é a variedade tinta mais comum.
Os primeiros vinhedos da região foram plantados ainda no século 19
Talvez uma das maiores dificuldades da vitivinicultura no Oriente Médio não seja nem o clima, muitas vezes extremo, que impeça o desenvolvimento da vinha, mas, sim, as quase incessantes guerras. Esse é um dos desafios, por exemplo, do Líbano, um país produtor tradicional, com vinhos de qualidade, mas poucas vezes lembrado.
O ponto central da produção do vinho libanês certamente é o Vale do Bekaa, onde quase 90% do vinho do país é produzido.
Os vinhedos originais do vale foram plantados com Cinsault, mas foram adicionadas outras castas posteriormente, como Carignan, Grenache, Syrah, Mourvèdre, Cabernet Sauvignon, Merlot, Ugni Blanc, Clairette e Chardonnay.
Ksara é o produtor mais antigo da região
O produtor mais antigo da área é o Chateau Ksara, fundado pelos cristãos jesuítas de Taanayel, um antigo assentamento monástico no vale de Ksara. O primeiro vinhedo foi plantado em 1857, com plantas trazidas da França pelas colônias da Argélia. Chateau Musar, fundado em 1930, é outra propriedade tradicional na região, responsável por dar início às exportações.
O vale é uma faixa de terra longa e estreita, considerada um oásis para a agricultura, com altitudes variando entre 1000 e 3000 metros. Ele se estende de norte a sul por cerca de 65 quilômetros entre as montanhas do Líbano e da Síria. Elas são o fator chave do terroir, pois fornecem proteção contra os desertos a leste e as chuvas marítimas a oeste.
Os solos da Galileia tendem a ser uma mistura de rochas e sedimentos vulcânicos
A Galileia, no norte de Israel, é considerada a “casa de Jesus”. A região costuma ser subdividida em Alta Galileia e Baixa Galileia. A Baixa Galileia é de longe a menor em termos de área de vinha, com apenas um pequeno distrito vitícola ao redor do Monte Tabor, com solos de terra roxa.
Já a Alta Galileia é uma área montanhosa de florestas e tida como a região vinícola mais bonita de Israel. Os solos tendem a ser uma mistura de rochas e sedimentos vulcânicos, com cascalho e terra roxa. Os vinhedos próximos à fronteira norte com o Líbano estão entre 350 e 500 metros acima do nível do mar. Mas os vinhedos próximos ao Monte Meron podem chegar 1000 metros.
Região de Ein Zivan nas Colinas de Golã
As variedades de uvas mais utilizadas são de origem francesa, especialmente as do sul da França, como Carignan, Mourvèdre, Grenache e Alicante Bouschet, mas há também Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. Semillón, Chenin Blanc e Muscat de Alexandria, entre as brancas, são bastante tradicionais na área, mas Sauvignon Blanc e Chardonnay vêm se destacando.
Considerada parte da região da Galileia, as colinas de Golan, na divisa com a Síria, também têm chamado a atenção por produzir vinhos de excelente qualidade em uma área que vai do mar da Galileia até a fronteira com o Líbano. Alguns dos mais proeminentes produtores de Israel possuem vinhedos na região.
Na margem do Danúbio estão alguns dos melhores terroirs da Áustria
O mais oriental dos estados austríacos, Burgenland – na divisa com a Hungria – não é terra somente de grandes brancos, secos ou doces, mas de alguns dos principais tintos da Áustria. A região foi formada a partir das bacias da Estíria e da Panônia, bem como dos Alpes Orientais e Penninicum, e uma estreita faixa de terra que vai do rio Danúbio até Steiermark. A área contempla as denominações de Leithaberg, Neusiedlersee, Mittelburgenland, Eisenberg, Rosalia e Ruster Ausbruch.
Mais ao sul, Eisenberg é famosa por seus Blaufränkisch elegantes. Ruster Ausbruch produz alguns dos doces mais conhecidos. Mittelburgenland e Rosalia também dão origem a grandes Blaufränkisch, assim como a região montanhosa a oeste do Lago Neusiedl. A Cordilheira de Leitha fornece um terroir distinto para vinhos brancos complexos, com Weissburgunder e Chardonnay especialmente. Dentro dela, a sub-região de Seewinkel é terra de grandes vinhos feitos a partir de uvas atacadas por Botrytis cinerea (podridão nobre).
Região neozelandesa é famosa pelo clima e solo semelhante à Borgonha
Wairarapa (que significa águas cintilantes em Maori), no sul da ilha norte da Nova Zelândia, é uma região que tem chamado a atenção devido à sua variedade de castas, que vão além das “tradicionais” Pinot Noir e Sauvignon Blanc – destaques neozelandeses –, e produz vinhos de qualidade com uvas como Chardonnay, Syrah, Riesling, Pinot Gris etc. O nome Wairarapa se deve a um lago, o terceiro maior do país.
A história do vinho moderno na região data do final dos anos 1970 e o local possui alguns dos produtores mais icônicos da Nova Zelândia, assim como uma série de viticultores menores, artesanais. Há três sub-regiões principais que compartilham clima e solos bem semelhantes: Masterton, Gladstone e Martinborough.
A região é famosa pelos seus Pinot Noir e Sauvignon Blanc
Masterton é a maior cidade de Wairarapa e foi a primeira região em que as uvas foram plantadas, há mais de um século. Sauvignon Blanc e Pinot Noir são as variedades dominantes. Ao sul de Masterton fica a sub-região de Gladstone com terraços fluviais de alta drenagem e um clima mais fresco com muito sol. Por fim, Martinborough é uma pitoresca vila colonial cercada por pequenos vinhedos, administrados por produtores familiares. Diz-se que o perfil de clima e solo é muito semelhante ao da Borgonha, o que faz com que seu Pinot seja aclamado.
Além do Pinot e do Sauvignon Blanc, a região produz Pinot Gris de ótimo caráter, incluindo de estilos botritizados. O Syrah também se mostra uma grande promessa. Riesling e Gewürztraminer são bem-sucedidos, permitindo uma colheita tardia e estilos botritizados. O mesmo vale para o Viognier.
Os vinhedos chegaram ao Olifants River em 1700
A área mais ao norte das regiões vinícolas da África do Sul, Olifants River se estende em uma faixa de norte a sul ao longo do vale do rio Olifants. Ele corre por 145 quilômetros entre Lutzville no norte e Citrusdal Valley no sul, e inclui as áreas de Bamboes Bay, Cederberg, Koekenaap e Vredendal.
As vinhas foram plantadas pela primeira vez nesta região em 1700, depois que exploradores e aventureiros viram o potencial da terra para a agricultura. Em vez de seguir para o norte, para o deserto de Namaqualand, eles se estabeleceram ao longo das margens do rio. O rio Olifants recebeu esse nome em homenagem aos elefantes que percorriam a região no século 18.
A topografia diversificada cria uma gama de mesoclimas, mas todos se beneficiam das brisas que sopram do Oceano Atlântico nas proximidades. O terroir variado significa que uma grande variedade de uvas é cultivada. As áreas de clima frio mais próximas da costa são mais adequadas para a produção de vinhos brancos como Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, enquanto as propriedades mais no interior priorizam as tintas Cabernet Sauvignon, Pinotage e Shiraz. A região incorpora os wards (denominações mais restritivas) de Vredendal e Spruitdrift.
Região de Savoie é famosa pelos seus vinhos brancos
Esta região vinícola francesa é talvez uma das menos lembradas pelo público em geral. Ela fica no leste do país, nas áreas montanhosas ao sul do Lac Léman (Lago de Genebra) e na fronteira com a Suíça. A maior parte dos vinhos são brancos, muito graças ao clima frio mais intenso de Savoie, que não favorece a maturação das variedades tintas.
Jacquère, de alto rendimento, é a variedade branca mais plantada. Altesse, tradicionalmente conhecida como Roussette, é usada para produzir alguns dos melhores vinhos da região e tem até denominações próprias como Roussette de Savoie e Roussette de Bugey. Roussanne (conhecida localmente como Bergeron) é um destaque ao sul de Chambéry, onde produz exclusivamente vinhos Chignin-Bergeron. Chasselas (um das estrelas dos vinhos suíços), Gringet, Aligoté, entre outras brancas também são cultivadas. A variedade tinta mais importante é a Mondeuse, mas há ainda a Persan, assim como Gamay, Pinot Noir, Poulsard etc.
Ripaille, é um dos crus mais famosos da região
As duas principais denominações na região são Bugey e Vin de Savoie. Há também 17 Vin de Savoies e quatro Crus de Roussette de Savoie, cujos nomes podem aparecer nos rótulos. As áreas de Vin de Savoie têm mais de sete bolsões de vinhedos totalmente distintos, separados por cidades, montanhas e lagos. As áreas fragmentadas de vinhedos de Bugey não são diferentes.
Alguns dos melhores vinhos vêm das cidades de Cruet, Arbin, Montmelian, Chignin e Apremont, ao sul de Chambéry. Ao redor do Lac Léman estão alguns dos crus mais famosos dos Vin de Savoie: Ayze, Marignan, Marin e Ripaille.
Há uma vasta gama de uvas indígenas que aproveitam o solo vulcânico da ilha
O arquipélago das Ilhas Canárias pertence à Espanha, mas fica muito mais perto da África do que da Europa. Assim como as ilhas portuguesas da Madeira e Açores, a tradição vitivinícola das ilhas remonta ao tempo das navegações, sendo porto de parada das embarcações espanholas.
O famoso vinho doce Malmsey da região, feito com a uva Malvasia, chegou a ser muito popular entre os ingleses, holandeses e alemães, mas não perdurou. Atualmente, as ilhas são um atrativo turístico para visitantes de todo o mundo, especialmente da Europa.
Há 10 áreas com status de denominação de origem no arquipélago
Devido às condições tropicais quentes e úmidas, os locais de cultivo geralmente se dão em terraços de pedra de grande altitude variando de 500 a 1000 metros. O solo, como se pode imaginar, é de origem vulcânica. Há uma vasta gama de uvas indígenas e as variedades internacionais são pouquíssimas. Listan Blanco (Palomino), Malvasia, Marmajuelo, Listan Negro e Tintilla são algumas das uvas autorizadas. Devido ao clima, privilegia-se a produção de vinhos doces, inclusive fortificados com envelhecimento oxidativo.
Há 10 áreas com status de denominação de origem no arquipélago. A maior ilha, Tenerife, concentra metade delas: Abona, Tacoronte-Acentejo, Vale de Guimar, Vale de la Orotava e Ycoden-Daute-Isora. As denominações restantes abrangem as ilhas (na sua totalidade) de El Hierro, Gran Canaria, La Gomera, La Palma e Lanzarote.
A vinicultura foi mencionada pela primeira vez na região de Sachsen em 1161
Sachsen (ou Saxônia) é a região vinícola mais oriental da Alemanha e uma das menores, com apenas 493 hectares. Ela fica no alto vale do rio Elba e se estende por cerca de 55 quilômetros de norte e a sul da cidade de Dresden. Cerca de 100 quilômetros ao norte existem algumas vinhas não muito longe de Wittenberg, onde Martinho Lutero postou suas famosas teses em 1517.
A vinicultura foi mencionada pela primeira vez na região em 1161 e, no seu apogeu no século 17, cobria uma área de 5.000 hectares. A cidade de Meissen, famosa por sua porcelana, é considerada o berço da viticultura de Sachsen. Os vinhos locais são raros. Pinot Blanc, Pinot Gris e sobretudo Traminer são cultivadas nas encostas íngremes do Elba. Além disso, Müller-Thurgau, Riesling e variedades menos conhecidas como Elbling, Gutedel ou Goldriesling (que só é cultivada em Sachsen) também podem ser encontradas.
A maior parte das vinhas da região são mantidas por vinicultores de meio período que entregam sua safra nas adegas da cooperativa regional em Meissen. Há poucas vinícolas privadas que produzem e vendem seu próprio vinho. As vinhas estatais no histórico Schloss Wackerbarth (1730) em Radebeul e a propriedade mais antiga da região em Schloss Proschwitz (privada) são as maiores de Sachsen. Todos os anos, no último fim de semana de agosto, mais de 25 propriedades abrem suas portas integralmente para visitas, passeios pelas vinhas e degustações, numa festa da vindima famosa na região.
Vinhedos em Molise na parte central da Itália
Na Itália Central, entre a Puglia e Abruzzo, há uma região pouco comentada. Molise – que aliás já fez parte de Abruzzo – compreende cidades nas províncias de Isernia e Campobasso, no lado do Adriático, cuja influência aqui é bastante importante no terroir. A produção concentra-se na área montanhosa próxima ao litoral, especialmente de Campomarino. Os vinhos locais são bastante ecléticos, tanto em termos de variedades usadas quanto em métodos de produção, por isso, é difícil definir um único estilo.
Molise tem quatro denominações de origem: Biferno, Pentro (ou Pentro d’Isernia), Tintilia del Molise e a própria Molise DOC. Biferno deve seu nome ao principal rio da região e foi uma das primeiras áreas a receber a classificação DOC, ao mesmo tempo que a vizinha Pentro di Isernia – o que ajudou Molise a ganhar independência de Abruzzo como uma denominação em 1983. A principal variedade branca é a Trebbiano Toscano. Os tintos e rosés são dominados por Montepulciano.
Para os vinhos Pentro d’Isernia, os brancos contêm Trebbiano e Bombino Bianco, enquanto os tintos são compostos de uvas Montepulciano e Sangiovese. Já a vinha autóctone Tintilia ganhou uma DOC própria em 2011. Ligada à história e à civilização camponesa de Molise, Tintilia tem como principal característica a notável carga de corantes e substâncias tânicas da uva.
Virgínia é um dos terroirs que coloca a costa leste dos Estados Unidos no radar dos enófilos
As regiões vinícolas mais badaladas dos Estados Unidos estão na costa oeste do país, mas não se deve deixar de olhar para o que se produz também na costa leste. E o estado da Virginia é um dos que vem chamando a atenção. Ele concentra sete AVA (American Viticultural Area, o equivalente à DOC nos Estados Unidos).
A Vale Shenandoah AVA é a maior, no sopé das montanhas Blue Ridge. A Monticello é a mais antiga, de 1984, e localizada em Charlottesville (casa de Thomas Jefferson), no centro da Virgínia. Lá também se encontra a Northern Neck George Washington Birthplace AVA (literalmente local de nascimento de George Washington), na costa oeste da baía de Chesapeake.
São mais de 28 castas cultivadas na Virgínia
Variedades de uva como Viognier, Cabernet Franc e Petit Verdot – relativamente obscuras e pouco importantes nas tradições do vinho do Velho Mundo – estão no centro das atenções na Virgínia. As misturas tintas ao estilo de Bordeaux compõem alguns dos vinhos mais aclamados. Lá também se destaca a Norton, a uva vinífera mais antiga da América, nascida na Virgínia.
Devido a um clima bastante ameno, há mais de 28 tipos de uvas cultivadas em 10 regiões e dentro das sete AVAs. A maioria das vinhas é plantada na Virgínia do Norte e Central.
Catamarca significa "fortaleza na encosta" em quíchua
Quando se fala de vinho argentino, às vezes acredita-se que tudo se resume à Mendoza, mas não. Apesar da proeminência dos viticultores mendocinos, há outras regiões produtoras interessantes, como Catamarca, por exemplo. Ela fica ao sul de Tucumán e ao norte de La Rioja, e, muitas vezes, passa despercebida.
A palavra Catamarca vem da língua quíchua e significa “fortaleza na encosta”. Os vinhedos estão em vales situados no eixo entre as localidades de Tinogasta e Fiambalá, e Santa María, que faz parte da região dos Vales Calchaquíes. Em geral, a área apresenta um clima continental árido e muito seco. Os solos são arenosos e profundos, com presença de seixos.
A principal variedade cultivada é a Torrontés Riojano, contudo, Cabernet Sauvignon, Malbec e Syrah, também estão entre os destaques da área. No entanto, mais recentemente, os produtores têm resgatado tradições com as vinhas das variedades Criolla Grande e Cereza, que costumeiramente são usadas para sucos (o principal destino das uvas das região), e feito grandes vinhos com elas.
Sussex é famosa pelos seus espumantes estilo Champagne
A Inglaterra definitivamente não está no radar quando se fala de países produtores de vinho no mundo. O país sempre esteve entre os grandes consumidores da bebida, mas somente hoje vê a vitivinicultura local despontar. E entre as regiões que mais se destacam está Sussex, com seus espumantes principalmente.
Sussex é um dos maiores e mais antigos condados da Inglaterra. Foi dividido em dois distritos (Oeste e Leste) em 1832, e hoje tem o maior aglomerado de vinhas do Reino Unido, com mais de 700 hectares plantados e mais de trinta produtores.
Os vinhedos são baseados em uma ampla variedade de tipos de solo, incluindo o famoso cal de South Downs, uma influência calcária significativa, proporcionando solos de boa drenagem. O condado também é reconhecido como uma das áreas mais ensolaradas e quentes do país.
As uvas mais cultivadas são as mesmas de Champagne, ou seja, Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier e, os espumantes, obviamente, seguem a tradição francesa, com blends dessas variedades feitos sob o método champenoise. As castas permitidas para vinhos tranquilos incluem cruzamentos desenvolvidos na Alemanha, como Dornfelder e Bacchus, que têm uma longa história no Reino Unido, além de variedades mais conhecidas, como Riesling, Pinot Blanc e Pinot Gris.
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