Côte Rocheuse, na região russa de Krasnodar, mistura conceitos arquitetônicos em uma vinícola singular
por Redação
Alexander Balabin é um arquiteto russo inovador. Em 2013, criou o escritório Severin Proekt, responsável por diversos projetos vanguardistas em seu país e fora dele.
Recentemente, ele conclui uma obra singular nas colinas da região de Krasnodar, no sul da Rússia, para uma nova vinícola chamada “Skalisty Bereg” ou Côte Rocheuse. Ela tem 32 hectares que ficam perto da costa do Mar Negro.
“Nosso cliente queria uma declaração arquitetônica poderosa. Quando eles nos procuraram em 2017, apresentamos quatro opções: o tradicional toscano, o alemão no estilo da Bauhaus, o suíço de base tecnológica e o norte-italiano à la Scarpa. E teve um quinto, o mais radical, que desenhei só para mim – e foi esse que eles escolheram!”, conta o arquiteto, cujo projeto recebeu diversos prêmios.
A ideia do design está baseada numa fantasia livre sobre a paisagem e o mar; e isso conquistou o cliente logo à primeira vista. A percepção do complexo vinícola é determinada pela antítese “retangular vs. biônico” ou “tecnocrático vs. natural”.
“Eu queria construí-lo a partir de concreto aparente. Na parte inferior, onde estão situadas as instalações de produção e armazenamento, há um volume tecnológico brutal. No topo, onde fica a sala de degustação, há uma forma biônica que parece um cascalho com a borda cortada”, diz Balabin. E, sim, esse cascalho realmente chama a atenção.
O arquiteto incluiu a tecnologia vinícola em uma altura significativa em um volume retangular simples, que é integrado ao declive do terreno, para dar vasão à vinificação gravitacional. Assim, os espaços de produção ficam em níveis diferentes.
O volume superior com seus contornos arredondados lembra os seixos típicos do litoral local. Enquanto o volume inferior contém a parte de produção de vinho, a superior está focada nas áreas públicas, com restaurante, café e um terraço panorâmico. Há também acesso ao telhado para uma exuberante vista dos entornos.
“A parte superior do ‘seixo’ é, na verdade, uma estrutura metálica, sobre a qual o concreto reforçado com fibra de vidro foi esticado, como uma armação. O restante do edifício foi construído em concreto armado monolítico devido à sismicidade de 9 pontos.
A parte inferior é de concreto arquitetônico sem cobertura. Levei muito tempo para elaborar as plantas. Certifiquei-me de que fossem de um certo tamanho, que os fixadores estivessem em certos lugares, que eles se correlacionassem com o padrão imposto e com as linhas horizontais também. Para os vãos das janelas em forma de cascalhos, desenhamos uma forma especial, que foi feita em uma marcenaria. E então adicionamos molduras de alumínio que foram inseridas nas aberturas sem nenhum estuque”, aponta o arquiteto.
As fachadas ortogonais do volume principal combinam painéis de concreto maciço e vitrais translúcidos de grande escala, enquanto o volume “paralelepípedo” é inteiramente de concreto arquitetônico.
O edifício parece completamente diferente de vários ângulos e também é projetado para a percepção de uma visão panorâmica como um heliporto. Sua percepção depende fortemente da hora do dia: sob influência da luz, a casca de concreto parece quase branca como a neve ou cinza escuro – assim como seixos, uma pedra que muda de cor em contato com a água ou com o sol.