Com o aumento esperado das temperaturas até 20250, será necessário encontrar uvas que se adaptem a nova realidade climática
por Redação
Um teste está sendo feito em Bordeaux para adaptação de novas cepas de uva. Até 2050, o lote de vinhos da região poderá ser enriquecido com quatro castas do Sudoeste de França, uma casta portuguesa mais a Arinarnoa.
De acordo com estudos do Instituto Científico da Vinha e do Vinho (ISVV), é esperado um aumento de 2°C a 4°C de temperatura até 2050. Há indicativos de que a tradicionais Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc não se adaptam muito bem a esse aumento.
“Se o clima futuro não lhes convém, o noss objetivo é encontrar outras castas para plantar sem perder o carácter típico dos vinhos de Bordeaux”, revela o doutorando Marc Plantevin, que comanda o estudo desde 2022.
Para isso, Marc observa o comportamento de 25 castas, que inclui grenache, mourvèdre, castas estrangeiras e castas híbridasm, e avalia o rendimento, a sensibilidade à seca e à doenças, incluindo o míldio. "Na vindima procuro uvas com boa acidez. Verifico-os em cubas de 1hl com temperatura controlada”, acrescenta.
“Analiso cerca de sessenta compostos aromáticos conhecidos por serem clássicos do Bordeaux, como as metoxipirazinas e o cineol, ou reveladores da maturação da fruta, como o acetaldeído e muitos ésteres”, ilustra.
Como parte do processo, Marc Plantevin engarrafou cerca de 120 amostras de cada casta desde a colheita de 2018 e montou uma prova para um júri composto por 45 provadores, para que todos descrevesse os vinhos de acordo com a sua tipicidade bordalesa.
“Esse trabalho já permitiu isolar seis castas interessantes: 4 do Sudoeste da França e que já foram plantados em Bordeaux. Também avistei uma casta portuguesa, e a Arinarnoa”
Marc Plantevin espera que as vinificações de 2023 confirmem os seus primeiros resultados. Ele então planeja estudar o comportamento dessas variedades de uva quando misturadas com Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.