Escola do vinho

Como a madeira da barrica influencia no vinho?

O papel da barrica é enriquecer o vinho com novos componentes e permitir que algumas reações físicas aconteçam

por Redação

Barrica

Quando se fala em madeira no vinho, a primeira imagem que vem à mente é carvalho. E com razão. A espécie é amplamente utilizada na vinicultura por suas características únicas, como flexibilidade, baixa porosidade e a capacidade de agregar aromas sutis à bebida.

Mas será que o carvalho é a única opção? Na região do Vêneto, por exemplo, a cerejeira é utilizada para envelhecer Valpolicella Ripasso, pois suaviza os polifenóis sem adicionar notas de baunilha.

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O papel da madeira no vinho

A influência da madeira vai muito além do envelhecimento. Barris são usados na fermentação alcoólica, malolática e no estágio final do vinho, impactando diretamente sua complexidade e estrutura.

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Além de liberar taninos e aromas, o carvalho permite uma micro-oxigenação, ajudando no amadurecimento da bebida. Mas a forma como o enólogo utiliza essa ferramenta faz toda a diferença no resultado final.

Tosta Barrica
A tosta do barril – que consiste em queimar sua superfície interna

Tosta: um detalhe que muda tudo

Nem sempre é necessário trocar o tipo de madeira para obter sabores distintos. A tosta do barril – que consiste em queimar sua superfície interna – também interfere no caráter do vinho.

Os barris podem ter três níveis de tosta:

  • Leve – Mantém o caráter mais puro do carvalho.
  • Média – Ideal para a maioria dos tintos e fermentação de brancos.
  • Forte – Agrega notas defumadas e carbonizadas, sendo usada com moderação em blends.

Além disso, o tamanho do barril também importa: quanto menor a capacidade, maior será a influência da madeira no vinho.

Tipos de madeira e seus efeitos no vinho

Cada tipo de madeira interage de forma diferente com o vinho. Conheça algumas das principais utilizadas na vinicultura:

Carvalho americano (Quercus alba)

Presente nos Estados Unidos, especialmente na Pensilvânia, Minnesota e Wisconsin, o carvalho americano tem granulação mais grossa e é mais denso que o europeu.

  • Aromas predominantes: baunilha, coco, manteiga.
  • Em tostas altas: notas de caramelo, açúcar mascavo e xarope de bordo.

Carvalho europeu (Quercus robur e Quercus petraea)

É o famoso carvalho francês, encontrado nas florestas da França.

  • Quercus robur: Rico em taninos, com aromas que remetem a feno.
  • Quercus petraea: Granulação mais fina, notas de baunilha e especiarias.
  • O carvalho de Tronçais é considerado o mais refinado.

Acácia

Vinda do norte da França, tem sido usada para envelhecer Sauvignon Blanc.

  • Dá mais estrutura ao vinho branco, sem adicionar taninos excessivos.
  • Proporciona uma sensação cremosa e arredondada, com notas de capim-santo.

Cerejeira

Mais comum no Vêneto, a cerejeira realça os aromas de frutas vermelhas.

  • Proporciona um envelhecimento mais rápido.
  • Intensifica a coloração dos vinhos tintos.

Castanheira

Rica em ácido gálico e taninos, é usada para estabilizar a cor dos vinhos.

  • Vinhos envelhecidos nessa madeira têm maior concentração de antioxidantes.

Barris de Bourbon

Uma tendência recente é o uso de barricas que já armazenaram Bourbon.

  • Diferem dos barris tradicionais por serem mais altos e finos.
  • Trazem notas intensas de caramelo, baunilha, açúcar mascavo e especiarias doces.

Conclusão

O carvalho continua sendo a madeira mais usada na vinicultura, mas outras opções têm conquistado espaço, proporcionando novos aromas e sabores aos vinhos.

Seja pela escolha da madeira ou pelo nível de tosta, o fato é que o barril não é apenas um recipiente, mas uma ferramenta essencial para moldar o caráter da bebida.

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