Existe ponto certo?

Como saber se o vinho deve ser guardado ou já pode ser bebido?

“Como sei se um vinho está pronto pra ser bebido agora ou se deveria deixar mais tempo de guarda?”, esta é uma questão do leitor Walter Piva

Afinal, existe um ponto certo para o vinho ser degustado?
Afinal, existe um ponto certo para o vinho ser degustado?

por Redação

Existe um momento certo para abrir um vinho? Definitivamente é uma pergunta bastante complexa e com uma resposta que, de certa forma, passa por uma questão de gostos individuais, mas, por outro lado, também tem alguns parâmetros que podem dar uma noção do momento pelo qual o vinho está passando.

Vamos primeiro lembrar que a maioria dos vinhos no mercado são feitos para serem consumidos jovens, com até cinco anos da safra para tintos e uns dois para brancos. Dito isso, vamos aos grandes vinhos, os que podem (ou devem) ser guardados e, com isso, beneficiar-se desse tempo de envelhecimento em garrafa. É uma parcela pequena de rótulos de grandes produtores, de grande estrutura, capazes de vencer o tempo.

De qualquer forma, vale apontar que envelhecer um vinho é um ato de esperança, uma crença de que, com os anos, ele vai mostrar mais do que a exuberância da juventude (apesar de alguns serem bastante austeros nos primeiros anos e ganharem nuances com o tempo). Mas o quanto esperar? 10 anos? 20 anos? 30 anos? Quando abro, como sei se ele está no ápice? Ou então decaído? Ou ainda tem mais anos pela frente?

Como dissemos, essa reposta deve levar em consideração seu gosto pessoal. O quanto você aprecia de aromas terciários (do envelhecimento em garrafa)? O quanto da jovialidade das frutas lhe agrada? Esse equilíbrio pode ser relativo ao seu gosto. “Mas posso ter esperado demais e um vinho estar decaindo?”

Uma dica: não se prenda demasiadamente a isso. Garrafas que podem melhorar com o envelhecimento tendem a evoluir ao longo de uma curva suave, durante a qual oferecem muitas expressões. Saiba apreciar esses diferentes momentos.

De qualquer forma, há alguns parâmetros que podem indicar o estágio em que o vinho se encontra: aromas, sabores e persistência. Um vinho muito jovem geralmente tem esses três fatores em alto grau. Ou então pelo menos os dois últimos muito pronunciados. Isso pode dar a entender que ele ainda não está maduro o suficiente. Quando o vinho apresenta aromas muito mais realçados do que os sabores são capazes de persistir no palato, isso pode ser um indício de que está perto de seu fim. Quando há um equilíbrio entre esses três elementos, temos uma ideia de um estágio mediano de maturidade.

“O quanto ainda ele pode evoluir?” Vai depender da percepção de taninos e da estrutura como um todo. Vinhos muito antigos podem desprender aromas rapidamente e “desaparecerem” no final de boca. Mas se ainda houver persistência, pode-se pensar em guardar por mais tempo.

Por fim, não se fixe na ideia de que existe um momento certo para abrir uma garrafa. Sempre que você decidir abrir é o momento certo.

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