Rumo a marte

Da cerveja para o vinho: Ambev entra para o setor com importação própria

O grupo trará ao Brasil vinhos de Mendoza elaborados pela Bodega Dante Robino, adquirida em 2020

A Bodega Dante Robino fica a apenas 10 minutos do centro de Mendoza - Divulgação
A Bodega Dante Robino fica a apenas 10 minutos do centro de Mendoza - Divulgação

por Paula Daidone

Chegar a Marte. Essa é a ambição da Ambev com a aquisição da Bodega Dante Robino. “Já teve gente indo para a lua, mas em Marte não”, brinca o diretor técnico da vinícola, Nicolas Bruno. E como metas astronômicas não são incomuns dentro da companhia, o caminho já começou a ser traçado e o Brasil está na rota para conquistar esse objetivo.

Desde 2020 atuando no setor de vinhos na Argentina, a Ambev anunciou sua entrada no mercado brasileiro no último dia 24 de maio. A operação brasileira será iniciada com quatro linhas, Novecento, Dante Robino, Legado e Gran Dante, que variam com preço sugerido de R$ 49 a R$ 219, com distribuição focada em supermercados e na plataforma Zé Delivery. A importação será paulatina, de acordo com a demanda de consumo.

A entrada da Ambev no mercado de vinhos do Brasil era algo muito aguardado pela indústria, desde a aquisição da Bodega Dante Robino em 2020. Na época, o grupo afirmou que objetivo com a compra era estudar o segmento e diversificar o portfólio. Ao que tudo indica, a lição de casa foi feita, pois os números da vinícola não param de crescer. 

Até ser adquirida pelo grupo, a bodega produzia cerca de quatro milhões de litros por ano. Em 2022, o número saltou para 32 milhões de litros ao ano. Estruturalmente, a cantina tem capacidade para armazenar 13 milhões de litros. O restante da produção é dividida em outras quatro vinícolas alugadas pelo grupo. A elaboração dos espumantes é feita na propriedade. A Dante Robino é uma das poucas vinícolas na Argentina a possuir uma adega estruturada exclusivamente para elaboração de vinhos com borbulhas.

À frente da produção está a enóloga Maria Soledad Buenanueva, que já fazia parte da vinícola e se manteve com a fusão, o diretor técnico Nicolas Bruno, o consultor enológico Jorge Riccitelli, o primeiro enólogo sul americano a receber o prêmio de melhor enólogo do mundo, e a sommelière Melisa Gordillo, responsável pelo enoturismo. Para dar conta de tanto vinho, o corpo de funcionários mais do que dobrou, indo de 70 para 150 trabalhadores.

Mesmo já extrapolando a meta, que era duplicar a produção em dois anos e esse número quintuplicou no período, o grupo quer ir mais longe. O grande objetivo é posicionar a Dante Robino entre as cinco vinícolas que mais produzem vinho na Argentina. Para isso, será empregado esforços para fazer em um mês o que outras vinícolas fazem em um ano.

Uma das apostas para esse posicionamento é o enoturismo, que também será amplamente divulgado no Brasil. O prédio de 1920, ano de fundação da vinícola, está passando por uma adaptação, para poder receber turistas. A proximidade com a capital Mendoza, apenas 10 minutos de carro, tende a ser um facilitador para os visitantes. 

A vinícola será aberta ao público na segunda semana de julho e entre as novidades está um restaurante nos vinhedos, com forno a lenha, parrilla e fogo de chão, além de uma torre de observação do espaço, para não perder Marte de vista.

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