Relatório da Ideal Consulting aponta que mercado de importação de vinhos brasileiros se manteve estável em relação a 2017
por Arnaldo Grizzo e Christian Burgos
Ano de Copa, ano de eleição, paralisação de caminhoneiros, desvalorização cambial... O cenário de 2018 não foi muito animador para boa parte das atividades do comércio, mas, segundo levantamento da Ideal Consulting, o mercado de importação dos vinhos manteve-se estável em comparação com 2017.
Pelos dados enviados pelo consultor Felipe Galtaroça, o volume de vinhos importados caiu 2,2%, o que representa pouco menos de 300 mil garrafas abaixo do número de 2017. No entanto, apesar da queda em volume, os valores cresceram ligeiramente, com 1,9% (certamente graças ao câmbio).
“O ano que terminou foi marcado pela insegurança política, crise econômica e a maior alta do câmbio dos últimos anos. Com a insegurança, vimos muitos importadores antecipando as importações no início de 2018 e, com o cenário desfavorável, a saída foi reduzir a compra, planejar e vender os estoques e negociar com os fornecedores. A rentabilidade do importador na distribuição ficou apertada e a venda direta ao consumidor foi o melhor negócio”, apontou Galtaroça.
Segundo ele, o cambio ficou, em média, 15% maior que 2017. “O volume total importado, com redução de 2,2% em relação a 2017, surpreendeu, pois foi uma queda menor que o esperado, principalmente pelo volume liberado pós-eleições. Em valor, crescimento de 1,9%, totalizando US$ 368,6 milhões, é recorde na história da importação de vinhos no Brasil”, complementou.
“Muitos importadores anteciparam as importações no início de 2018 e, com o cenário desfavorável, a saída foi reduzir a compra”
As maiores perdas no ano foram no mercado de Champagne, com menos 30,4% em relação ao volume de 2017 e queda de 28% em relação ao valor. Champagne vem enfrentando baixas contínuas e, segundo ADEGA apurou, sequer há um representante oficial do Comitê de Champagne atuando no Brasil como havia em anos anteriores.
Apesar disso, o mercado de espumantes fechou o ano com crescimento de 7,7% em volume e 8,1% em valor. O vinho tranquilo viu redução de 2,6% no volume e crescimento de 2,4% em valor, muito graças ao aumento do valor médio de importação por caixa de 9 litros, de US$ 26,7 para US$ 28,0. “Destaque para o ganho de market share dos brancos e rosés, que juntos fecharam o ano com 21,1% do valor total importado em 2018”, afirmou Galtaroça.
Entre os principais países exportadores, verificou-se uma ligeira queda no líder Chile, que variou menos de 1% em volume e valor em 2018. Já a Argentina, viu novamente seu volume cair, apesar de ter aumentado o valor. Quem de novo brilhou foi Portugal, que aumentou sua diferença para os argentinos em volume, crescendo 8,2% e alcançando-os em valor, com aumento de 18,9%. Portugal e Argentina disputam palmo a palmo o segundo lugar, mas os portugueses parecem cada vez mais levar vantagem.
Em seguida, Itália, França e Espanha viram seus volumes decrescerem em dois dígitos, com os franceses amargando queda de 21,7% em volume e 10% em valor. Aliás, entre os 10 primeiros da lista, apenas Portugal e Austrália registraram aumentos de volume. Os Estados Unidos, nono na lista, caiu mais de 50% em volume e 37% em valor.
Quem mostrou crescimento vertiginoso foram os neozelandeses, subindo mais de 300% em volume e 173,4% em valor. Alemanha e Líbano também mostraram crescimentos interessantes durante o ano. Mas todos eles representam menos de 0,1% do volume total importado no Brasil. Confira as listas.