Novas tarifas dos EUA sobre vinhos europeus a partir de abril pode gerar prejuízos bilionários na Europa
por Redação
Setor vinícola da União Europeia já sente os efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos, com prejuízos milionários e incertezas para importadores e produtores
O setor vinícola europeu enfrenta um momento de tensão crescente. A expectativa em torno do dia 2 de abril — data em que o governo dos Estados Unidos deve anunciar novas tarifas comerciais — tem causado apreensão em produtores, importadores e consumidores. A possível aplicação de tarifas sobre vinhos e destilados europeus pode marcar um novo capítulo na disputa comercial entre EUA e União Europeia.
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Mesmo antes da confirmação oficial, a ameaça de tarifas de até 200% já provocou efeitos práticos: pedidos foram bloqueados, remessas retidas e negociações suspensas. "O fechamento do mercado vinícola dos EUA para nossos vinhos já é uma realidade”, afirmou Ignacio Sanchez Recarte, secretário-geral do CEEV (Comitê Europeu das Empresas Vinícolas). Atualmente as perdas são estimadas em cerca de 100 milhões de euros por semana.
A U.S. Wine Trade Alliance indica que o cenário mais realista é a imposição de tarifas entre 10% e 25% sobre uma ampla gama de produtos, incluindo vinhos. A entidade vem pressionando o Congresso e o Departamento de Comércio dos EUA para que o vinho seja excluído das medidas ou, ao menos, que haja isenção para mercadorias já em trânsito.
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A Itália, maior exportadora de vinhos para os EUA (1,9 bilhão de euros em 2024), tem liderado esforços diplomáticos. A primeira-ministra Giorgia Meloni defende que o país não pode ser forçado a escolher entre os Estados Unidos e a União Europeia, enquanto diversas entidades do setor — de consórcios como Prosecco e Chianti até associações como UIV, Federvini e Assoenologi — pedem uma ação firme da UE.
Em resposta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que Bruxelas busca uma solução diplomática, mas está pronta para defender os produtores europeus com todas as ferramentas necessárias. Enquanto isso, a resposta oficial foi adiada para meados de abril, mas existe a chance que os uísques americanos possam ser excluídos da lista de retaliações.
Diante da escalada nas tensões, o mercado global do vinho observa com preocupação os próximos passos de uma disputa comercial que, mais uma vez, ameaça um dos produtos mais emblemáticos da cultura europeia.
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