Alberto Antonini é um dos principais profissionais do mundo do vinho
por Christian Burgos
Alberto Antonini faz mais do que produzir vinho. Ele está em uma cruzada para expandir o culto ao terroir pelo mundo. Nesse processo, ele transformou muitas vinícolas e seus vinhos, e também se transformou. Chama a atenção como ele descreve uma das partes mais importantes de seu papel como consultor. Ele não pretende ser o enólogo dos projetos e julga que seu papel, muitas vezes, é dar autoconfiança para que o time trilhe por suas próprias ideias. Isso está claro nos vinhos, que se adaptam à realidade de cada projeto. Não falamos apenas de adaptar-se ao terroir, mas principalmente de andar na velocidade mais rápida que cada projeto permite.
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Em Altos las Hormigas, seu projeto da Argentina, ele está em sprint, fazendo os vinhos mais “extremos”. São vinhos que estão à frente de seu tempo e merecem ser interpretados ao mesmo tempo que saboreados. São o que chamamos de falso simples, vinhos complexos que se camuflam em sua acessibilidade. E o melhor é que não precisamos pagar os preços mais altos usualmente associados a vinhos de vanguarda.
Em Poggiotondo, a vinícola de sua família na Toscana, Antonini equilibra-se entre a tradição e a revolução, mas tudo acontece de maneira muito natural. Chianti como um todo passou por um processo de resgate e transformação na última década, e Antonini certamente apresenta um caminho.
No Uruguai, com Garzón, ele está tendo a oportunidade de ajudar a redefinir um país e se revela muito entusiasmado. Trabalhar com a liberdade econômica de Alejandro Bulgheroni, um dos homens mais ricos do mundo, ajuda muito. O próprio Bulgheroni orientou que, não sendo mais um menino, esperava que Antonini fizesse várias experiências ao mesmo tempo, e praticamente em escala real, pois não tinha 30 anos para esperar o projeto amadurecer. Temos degustado Garzón desde as primeiras garrafas e seus vinhos já chamavam a atenção como alguns dos melhores do Uruguai desde as primeiras colheitas, mas estão em franca evolução trazendo surpresas a cada safra. Sentimos que ele começou caminhando e está acelerando cada vez mais rápido junto com toda a equipe.
No Brasil, Garzón vem crescendo de forma impressionante e ajudando no crescimento da categoria Uruguai que vimos nos últimos dois anos. Trabalhando com Christian Wylie, o diretor geral de Garzón, um dos mais enérgicos e energizados personagens da indústria, Antonini tem o parceiro ideal para podermos afirmar que estamos presenciando o nascimento do ícone uruguaio.
Com isso tudo em mente, os mais novos poderiam definir Antonini como um coach, os mais tradicionais o definiriam um tutor, mas nunca como um consultor, muito menos um flying winemaker.