O termo foi cunhado pelo crítico Robert Parker para classificar vinhos feitos de forma pouco ortodoxa – às vezes, em garagens mesmo!
por André De Fraia
Foi o aclamado crítico Robert Parker quem esculpiu o termo "vinho de garagem"
Foi nos anos de 1970 quando a família belga Thienpont, dona do Vieux Château Certan, resolveu adquirir uma segunda propriedade no Pomerol, na França. Na época, a recém-comprada Le Pin nem sequer tinha um vinho com o seu nome. E isso era ótimo: a ideia inicial dos novos proprietários era apenas acrescentar as vinhas da às do Vieux Château Certan e seguir com a produção por lá. Até que a necessidade de retornar o investimento mais rapidamente fez a família mudar os planos e destacou Jacques Thienpont para tocar o novo negócio – com pouco dinheiro.
Os recursos escassos que Jacques dispunha foram suficientes apenas para um tonel de aço inoxidável e poucas barricas de carvalho francês. E assim, sem querer, ele criou uma tendência que futuramente seria imitada por muitos: fazer a fermentação malolática (que transforma o ácido málico e ácido lático e deixa o vinho mais suave, mais palatável) em barricas. “Não tinha outro lugar para colocar a bebida”, explica.
No início, os seus vinhos tinham preços irrisórios, muito aquém do que se pagava pelos do Vieux Château Certan. Sua sorte, contudo, começou a mudar em 1982, ano em que o crítico norte-americano Robert Parker despontou no cenário mundial e exaltou o até então desconhecido Le Pin.
Detalhe de dentro da “garagem” para os vinhedos Le Pin
Hoje, o Le Pin ganhou o apelido de “Domaine de La Romanée-Conti de Bordeaux” por seu estilo minimalista e por não usar fertilizantes, pesticidas ou herbicidas, com uma rara produção de apenas 5 a 6 mil garrafas por ano.
Esta produção baixa e artesanal é uma das características que levam o Le Pin a ser um dos pioneiros do “garagismo”.
A história do “garagismo”, no entanto, ganha seu segundo grande expoente, quando Jean-Luc Thunevin, inspirado no que Jacques Thienpont vinha fazendo, começa a fazer vinhos em tanques que ficavam na garagem de sua casa, em Saint-Émilion, no início dos anos 1990.
Na ocasião, ele contou com a pequena ajuda de um amigo seu, o consagrado enólogo Michel Rolland.
O auxílio luxuoso foi o que levou Robert Parker a provar o Jean-Luc Thunevin, batizado com o nome do produtor. Ele se encantou com o vinho que passou a chamar de “bad boy” de Saint-Émilion, uma vez que as técnicas utilizadas na produção não eram nada ortodoxas para a região.
O fato de o vinho ser feito na garagem da casa dele foi o que levou Parker a esculpir o termo “garagismo” ou “vinho de garagem” para tratar o estilo de vinho vinhos de pequena produção feitos com cuidados extremos e, por vezes, com as tais técnicas pouco ortodoxas.
A garagem em si. Isto é, a casa Le Pin, onde a mágica acontece
Hoje, o sucesso do Le Pin e do Jean-Luc Thunevin é tamanho que, safra após safra, alcançam preços tão ou mais elevados que os Premier Grand Cru de Bordeaux, com séculos e séculos de história.
Apesar disso, ambos mantêm o estilo simples de um típico garagista.
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