Vindima uruguaia

Produtores uruguaios falam sobre a desafiadora safra 2022

Com clima instável, Uruguai mostra poder com terroir e viticultura madura

Colheita no Uruguai em 2022 animou os produtores
Colheita no Uruguai em 2022 animou os produtores

por André De Fraia

“Eu diria que 2022 foi um ano instável que testou as qualidades naturais de nossos terroirs”, é assim que Germán Bruzzone da Bodega Garzón define a safra 2022 uruguaia, especialmente na área de Maldonado. “Foi um período desafiante em que acabamos por conseguir uma boa qualidade, com rendimentos algo reduzidos, e vinhos extremamente autênticos”, completou ele em uma entrevista para a revista britânica Decanter.

Após uma excelente safra 2021, tanto em qualidade quanto em quantidade, o nosso pequeno vizinho ao sul viveu uma calmaria com outono e inverno dentro do esperado e até com menos geadas que o natural.

No entanto, apesar das boas taxas de brotação, a primavera foi bastante incomum. Uma seca atingiu todo o Uruguai e as chuvas vieram antes do esperado. Em meados de janeiro a região foi atingida por chuvas fortes e concentradas além de uma queda acentuada de temperatura.

“No Uruguai, a maioria dos vinhedos não é irrigada, precisamos que nossa água venha naturalmente, então cada ano tem seu próprio caráter. O ano de 2022 foi um em que as alterações climáticas se fizeram sentir”, diz Gustavo Pisano da Pisano Wines para a publicação britânica.

Produtores uruguaios falam sobre a desafiadora safra 2022
Vinhedos da Bodega Garzon enfrentaram a instabilidade da safra 2022

Então se dezembro e janeiro registraram algumas das temperaturas mais altas já contabilizadas na região, as segundas quinzenas de janeiro e fevereiro foram mais frias que a média e bastante úmidas. Isso significava que era necessário um trabalho significativo de desbaste – retirada de folhas e alguns galhos para nesse caso evitar o aparecimento de fungos – e poda para manter as uvas saudáveis.

No fim, um vento constante e suave ajudou os produtores e, após um mês de março fresco e seco, a vindima terminou a tempo de evitar as geadas precoces que chegaram no início do outono, terminando com bons rendimentos e qualidade promissora entre os mostos em fermentação.

Como serão os vinhos?

As condições climáticas da colheita de 2022 apontam para brancos perfumados e vibrantes e tintos frescos com uma concentração fenólica menor que o habitual.

A Alvarinho foi o destaque entre as brancas com vários produtores apontando que a uva está cada vez mais se adaptando ao terroir uruguaio. As uvas dessa casta se aproveitaram bem do calor para que os bagos crescessem saudáveis e o frio repentino do fim da safra permitiu que a Alvarinho atingisse quantidades elevadas de acidez.

Já para as tintas a safra deve ser de um vinho mais fresco que a média uruguaia. Tannat, Petit Verdot e Marselan devem manter a concentração típica do terroir do Uruguai, porém com uma acidez acima da média que trará mais frescor aos vinhos.

Cabe a nós aguardar as primeiras impressões da safra 2022 com o lançamento dos vinhos. Para acompanhar as degustações que ADEGA faz, acesse o Melhor Vinho e confira as notas e resenhas sobre vinhos do mundo todo.

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