Seca prolongada e intensa no Penedès ameaça vinhedos da região espanhola de Cava
por Silvia Mascella
Viticultores, donos de vinícolas e profissionais relacionados ao mundo do vinho na Espanha estão se unindo para solicitar ajuda ao Conselho de Ação Climática, Alimentação e Agenda Rural da região da Catalunha, para que sejam tomadas ações imediatas em relação à grave seca que atinge a região de Penedès. A região entrou em restrição hídrica governamental no começo de fevereiro, num plano de emergência que atinge 202 municípios e restringe a utilização de água em residências, empresas, comércios e atividades agrícolas.
Em entrevista, na semana passada, ao site do guia espanhol Peñin, o proprietário da Vinícola Albet i Noia, José María Albet i Noia, afirmou que os viticultores de Penedès estão aterrorizados, pois não têm certeza de que o meio de vida que sustenta suas famílias há gerações sobreviverá pelos próximos anos: "As videiras estão morrendo de sede como nunca vimos. A perda já alcança 30% dos vinhedos da região e esse número pode aumentar", disse José María.
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A estimativa atual é de que a colheita (que ocorrerá no segundo semestre de 2024) deve ser entre 50 e 70% menor, uma vez que foi necessário podar as plantas deixando apenas uma gema, técnica utilizada em situação de grande escassez hídrica, para tentar preservar a videira e, talvez, salvar a safra de 2026, uma vez que a de 2025 já está parcialmente comprometida também.
O que os produtores buscam das autoridades é um plano de infraestrutura hídrica, que permita incorporar a irrigação de apoio aos vinhedos, mesmo que essa seja uma tarefa complicada numa área que possui, naturalmente, poucos recursos hídricos. A Denominação de Origem está pedindo para as autoridades um apoio mínimo de 1.500 metros cúbicos de água por hectare, para que seja possível manter a viabilidade econômica da região.
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Enquanto isso, empresas gigantes, como a Freixenet, Codorniú e Jaume Serra, da D.O. Cava, pensam em pedir uma permissão especial para o conselho regulador da Denominação, para que possam engarrafar uma parte de seus espumantes sem o selo da D.O. (o que não é permitido no momento) pois precisarão comprar uvas de outras região para garantir a continuidade de alguns de seus vinhos.
O documento, enviado pelos vinhateiros para o Conselho da Catalunha, solicita uma resposta e ações imediatas, entre elas a adaptação de plantas industriais de desalinização, a transformação de água de reúso em água adequada para utilização no cultivo e outras fontes possíves de obtenção de água. A região de Penedès, a mais afetada da Catalunha, possui mais de 4.500 viticultores, 4 mil pessoas que trabalham em vinícolas e mais os empregos indiretos gerados pela indústria vitivinícola.