Na batalha pelo mercado, várias importadoras decidiram que alguns vinhos brasileiros já merecem a linha de frente
por Sílvia Mascella Rosa
Muitos acreditam que existe, no mercado brasileiro de vinhos, uma guerra silenciosa entre os produtores nacionais e os importadores. A verdade é que, se ela existe mesmo, está sendo travada por meio da diplomacia, pois é cada vez maior o número de importadoras que agregam rótulos brasileiros a seus portfolios de produtos. "A visão de que somos inimigos não é boa para ninguém, precisamos trabalhar juntos para unidos conseguirmos mais mercado" afirma Ciro Lilla, proprietário da importadora Mistral e da importadora Vinci. A última, aliás, colocou com exclusividade em seu catálogo os vinhos da vinícola gaúcha Angheben, depois de uma longa pesquisa de produtores nacionais que tivessem um perfil que harmonizasse com a empresa. Esse, a propósito, é um ponto em comum entre as importadoras que decidiram colocar o brasil no mapa de seus países comercializados: produtos com personalidade condizente com os outros que a importadora já revende. Na Casa Flora, o produtor brasileiro de vinhos escolhido foi Luiz Argenta, de Flores da Cunha, cujos vinhedos foram comprados da antiga Granja união e replantados, com cuidados minuciosos, pelos novos produtores. Também por lá, os vinhos brasileiros são distribuídos com exclusividade por eles. O que esses vinhos têm em comum é o fato de terem volumes de produção mais baixos, vinificação muito controlada e um cuidado quase artesanal desde as vinhas até o engarrafamento. O resultado são produtos mais exclusivos e especiais o suficiente para estarem entre os rótulos das importadoras. Isso também acontece com os diferenciados vinhos da catarinense Villa Francioni, comercializados pela importadora decanter.
Algumas importadoras também têm vinhos brasileiros em seus portfolios, mas sem exclusividade, por terem a facilidade de chegar a recantos do país que os produtores brasileiros algumas vezes não alcançam com suas estruturas comerciais reduzidas. é o caso dos vinhos da Pizzato, que são vendidos pela importadora carioca Impexco.
Com um portfolio de vinhos mais completo e variado ganham todos: produtores, vendedores e consumidores. E fica valendo a velha máxima das batalhas: se você não pode com eles, junte-se à eles.