Do sonho à realidade, 15 famílias entregaram a produção dos quintais de suas casas para que fossem pisadas pelos próprios jovens e depois fermentadas numa empresa local
por Silvia Mascella Rosa
Uma ideia que nasceu em casa, mais precisamente num hostel, foi engarrafada e transformou-se em 140 litros de vinho tinto e 180 litros de vinho branco produzidos na primeira safra do Vino del Pueblo. A iniciativa foi de um grupo de amigos e familiares da região de Tupungato, no Vale de Uco, zona alta e fria ao norte da cidade de Mendoza.
Nas rodas de conversa em seu hostel, Lina Gutiérrez, sempre demonstrou a vontade de transformar em vinho as uvas do parreiral que fica em sua propriedade: "Eu queria fazer um vinho familiar, com as uvas que cultivo aqui, mas o sonho cresceu e eu e minha família e amigos começamos a pensar numa maneira de não deixar que as uvas das casas do povoado se perdessem", contou Lina a um jornal argentino.
Do sonho à realidade, 15 famílias entregaram a produção dos quintais de suas casas para que fossem pisadas pelos próprios jovens e depois fermentadas numa empresa local. O grupo de amigos ajudou a colher e a transportar e também foram fazendo registros fotográficos e das conversas com as famílias.
"Alguns vizinhos acharam que tínhamos esquecido deles e se surpreenderam quando entregamos o vinho engarrafado e rotulado! Uma pequena parte da produção fica com o grupo para fazermos a divulgação desse projeto e conseguirmos as doações que precisamos, mas todo o restante vai para as famílias, que entregaram suas uvas e hoje bebem de seu próprio vinho. É um resgate histórico dos pequenos povoados da região", conta uma emocionada Lina.
O projeto foi todo sustentado através de doações, colaboração e trabalho dos próprios criadores e participantes que receberam garrafas reutilizadas de uma vinícola de Tupungato e tiveram o rótulo criado por uma ex-moradora da cidade, que vive hoje na Espanha.
Luciana Decón trabalha para uma vinícola Argentina que vende vinhos na Europa e explicou que lhe pediram um desenho que refletisse o conceito de 'família' envolvido no projeto, que as pessoas que plantaram, colheram e fizeram o vinho são o mais importante.
"Eu gostaria de ter participado e ter feito o vinho com meus amigos em Tupungato, mas como estou distante, desenhar o rótulo foi uma forma de manter a minha conexão", contou Luciana. E como as uvas já estão maduras, o grupo já está a postos para começar mais uma safra e assim criar mais um Vino Del Pueblo de Tupungato.