Os vinhos do Velho Mundo

Saiba o que os nomes dos clássicos do Velho Mundo escondem

Redação Publicado em 24/07/2019, às 16h00 - Atualizado às 18h14

Chablis não é o nome da uva, mas, sim, da região onde o vinho é produzido. Na Europa, esse tipo de situação é comum, então, é interessante saber quais uvas estão por trás dos nomes das denominações de origem

Que tal um bom Champagne para comemorar uma conquista, ou então um Chablis para acompanhar frutos do mar? Prefere um tinto? Então o que acha de provar um Barolo ou um Brunello? Já sabe o que estes vinhos têm em comum? Dica: não é apenas o fato de serem vinhos do Velho Mundo (apesar de essa ser a causa da semelhança). Todos eles recebem o nome das regiões ou vilarejos em que são produzidos.

Tradição do Velho Mundo

No Novo Mundo, estamos acostumados a ver, num rótulo, a principal casta utilizada na produção dar nome ao vinho (Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, por exemplo), mas isso não é regra. Em algumas regiões do Velho Mundo, é quase exceção. Lá, sobretudo na França e na Itália, o nome dos vinhos é o mesmo da região produtora. E o motivo dessa tradição cabe, em partes, numa só palavra: terroir.

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O vinho, na Europa, tem história e tradição infinitamente maiores do que nas outras partes do mundo. Ele está intrinsecamente ligado à vida da população e da própria região ou país. No passado, era tudo baseado na observação, nas experiências transmitidas de geração para geração. Desse modo, percebeu-se que, assim como em qualquer parte do mundo, cada região possuía certas peculiaridades, que influenciavam diretamente no sabor do fruto obtido.

Além do tipo de solo e nutrientes presentes nele, os vinhateiros notaram também que a inclinação do terreno e outras tantas características, como a quantidade de sol e chuva e a variação da temperatura alteravam o crescimento e desenvolvimento da vinha e, automaticamente, o vinho produzido. Este conceito, que ficou conhecido como terroir, foi o primeiro passo para uma constatação relativamente simples: os vinhos refletem o local onde as uvas são cultivadas e, as uvas, mesmo sendo de uma mesma casta, dão resultados diferentes em regiões diferentes.

Este é o motivo para cada região vinícola europeia cultivar uma determinada casta, a mais propícia para o local e que produza vinhos com a característica dessa região. Para os produtores, a uva é consequência do terroir, e o lugar em que foi cultivada diz mais sobre o vinho do que a uva em si.

A Chardonnay cultivada em Champagne, por exemplo, é diferente da de Chablis, que por sua vez não apresenta as mesmas características da Chardonnay de Pouilly-Fuissé e assim por diante. E é por isso que, em cada região, há uvas típicas, usadas nos vinhos mais ilustres, e que se desenvolvem maravilhosamente bem, e outras não muito usadas, mas que podem se dar bem em outras regiões, de características distintas.

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Na ideologia do Velho Mundo, região e uva se complementam, e o conceito de um está totalmente ligado ao conceito do outro. Para os italianos, por exemplo, falar em Chianti é a mesma coisa que falar em Sangiovese. É como nós, brasileiros, associarmos os gaúchos a um bom churrasco, ou a Bahia ao vatapá.

Denominações do Velho Mundo

Outra característica dos vinhos do Velho Mundo são as classificações das regiões, conferidas pelos respectivos governos. Na França, são muitos os níveis de classificação. Há por exemplo, as AOCs (Appellation d’Origine Contrôlée), que produzem vinhos de designação de origem controlada. Mesmo não sendo garantia de um vinho de qualidade superior, essa sigla identificprodutos que são submetidos a controles mais rigorosos, que obedecem a uma legislação específica que pode controlar desde os hectares plantados até os métodos permitidos de vinificação.

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Novo Mundo

No Novo Mundo, entender o rótulo de um vinho é mais fácil, uma vez que eles costumam destacar as castas usadas na produção. Mas não foi sempre assim. Essa prática ganhou popularidade por volta da década de 1970. Antes disso, até a metade do século XX, as vinícolas usavam os nomes das regiões europeias mais conhecidas, como Borgonha, Champagne, Porto etc, para passar a ideia do que esperar de seus vinhos e das características que a bebida teria. Mas os produtores do Velho Mundo ficaram incomodados por verem os nomes de suas regiões em vinhos de outros países e passaram a pedir o fim da nomenclatura. Então, em 1940 um consultor de vinhos da Califórnia, com a ajuda de um escritor, introduziu a ideia de nomear os vinhos com o nome das uvas varietais, assim como já faziam a Alemanha e a Alsácia. Foi com Robert Mondavi, nas décadas de 1960 e 70, que essa prática deslanchou. Ele foi um dos primeiros a rotular seus vinhos com os nomes das uvas e promoveu essa ideia até que ela se tornasse padrão no Novo Mundo. Hoje, a influência dessa nova maneira de rotular um vinho é tão grande que alguns produtores europeus das regiões mais clássicas e tradicionais estão seguindo o mesmo caminho.

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