Elencamos 10 vinícolas que você deveria conhecer entre as dez famosas regiões vitivinícolas italianas
por Arnaldo Grizzo
São tantas as regiões vitivinícolas italianas, que, para quem viaja pensando em vinho, não importa o canto da Itália que você pare, sempre há uma bela vinícola para visitar.
Apontaremos apenas 10 macrorregiões e, dentro delas, uma vinícola relevante – seja por sua história, seja por sua beleza – que merece ser conhecida. São dicas rápidas para o enófilo que quer aproveitar um passeio rápido por alguma linda localidade italiana.
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Difícil apontar um único produtor para visitar na região que talvez seja a mais emblemática do vinho italiano, onde estão Chianti, Brunello e outras célebres denominações de origem.
Contudo, pode-se dizer que a vinícola Antinori nel Chianti Classico é parada obrigatória. Não somente pela história dos Antinori, a nobre família florentina que ajudou a forjar alguns dos principais vinhos do país, mas também pelo “monumento” que é a vinícola construída por Piero Antinori e sua família, uma verdadeira obra de arte para produzir e armazenar alguns dos seus mais prestigiados vinhos. A cantina, “escondida no morro”, tem projeto arquitetônico fenomenal, com museu e restaurante. A visita é imperdível.
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Grande ilha da ponta da bota, a Sicília tem uma mistura de tradições devido à passagem de diversos povos que deixaram marcas de suas culturas na arquitetura, na culinária, na língua etc. A ilha também é marcada pela presença do vulcão Etna, que influencia, obviamente, a sua vitivinicultura também.
A Sicília costuma ser lembrada por ser a terra do clássico vinho doce italiano, o Marsala, mas há muito mais sempre produzido por lá. Um dos produtores mais atuantes é a Donnafugata, fundada em 1983 pela família Rallo, uma das pioneiras da vitivinicultura de qualidade na ilha. As recepções na cantina são um must, mas eles ainda promovem eventos com música ao vivo e outras atrações.
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Não muito distante de Nápoles, Pompeia e da Costa Amalfitana, é possível visitar algumas ótimas vinícolas da Campania, terra das denominações de origem Taurasi, Aglianico del Taburno, Fiano di Avellino e Greco di Tufo. Diz-se que, durante a época do Império Romano, os vinhos da Campania, em especial um denominado Falerno, era um dos mais aclamados do mundo.
Na região ainda hoje se produz o famoso Lacryma Christi del Vesúvio. Há produtores importantes na região e um deles é a vinícola Feudi di San Gregório, dona de uma arquitetura singular e de vinhos excepcionais. Tudo lá é dedicado à arte, com rótulos e locais desenhados por famosos designers e artistas. Uma visita ao local obviamente contempla toda essa riqueza de cultura.
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Ao norte de Verona, passando por Rovereto, seguindo o caminho do rio Ádige, atravessa-se uma região montanhosa, em meio aos alpes, onde se cultivam uvas em escarpas. Ali, perto da cidade de Trento, produz-se alguns dos melhores espumantes da Itália, principalmente dentro da Cantina Ferrari, criada em 1902 por Giulio Ferrari e, desde os anos 1950, controlada pelo grupo Lunelli.
Seus espumantes rivalizam com Champagne em qualidade e sua cantina apresenta uma arquitetura fantástica. O centro de recepção é na Villa Margon, uma casa de campo do século XVI, que ostenta uma coleção de arte invejável. Lá também há um restaurante, o Locanda Margon, premiadíssimo. Só por ela, já vale a visita às dolomitas.
Ao redor de Milão, entre Bérgamo e Bréscia, próximo ao lago d’Iseo, estão situados excelentes produtores de vinho. A região da Lombardia, como é conhecida, abriga, entre outras denominações de origem, a de Franciacorta, o famoso “corte francês”, com seus espumantes inspirados em Champagne.
Um dos pontos de parada obrigatórios para os enófilos é a vinícola Ca’ del Bosco, cuja história se inicia nos anos 1960 pelas mãos de Maurizio Zanella. Dentro e fora da cantina respira-se arte, além de vinho, obviamente. Pinturas, esculturas e outras instalações (como um rinoceronte içado e grandes cães de guarda azuis) criadas por artistas de renome fazem parte do ambiente da vinícola e impressionam qualquer visitante.
No calcanhar da bota fica a região da Puglia, famosa por seus Primitivos, mas também por sua rica cultura, além de culinária ímpar. Nos arredores de Bari, Brindisi e Lecce, há diversos monumentos históricos, paisagens deslumbrantes tanto no interior quanto no litoral com vista para o Adriático, e vinícolas interessantes para visitar.
O nome mais conhecido da região provavelmente é a San Marzano, localizada na vila de mesmo nome, não muito longe de Manduria. Seus vinhos são reconhecidos mundialmente, especialmente seus Primitivos. Mas a linha é bastante diversa. Para quem quiser se embrenhar (e até se hospedar) na região, uma opção seria a Masseria Le Fabriche, com lindos quartos e muita comodidade.
Nos arredores ao sul de Turim ficam algumas das denominações de origem mais importantes da Itália. Nas montanhas ao redor de Alba ficam as regiões de Barolo e Barbaresco, vinhos que sempre estão no imaginário de qualquer enófilo. Definitivamente não é fácil escolher apenas uma vinícola para visitar por ali. Ainda mais porque a maioria dos grandes nomes não está muito distante entre si e é fácil seguir de um para o outro em pouco tempo.
Contudo, se pensarmos em um produtor, provavelmente o primeiro que surja à mente é Angelo Gaja, o homem que revolucionou a região ao resgatar os vinhos de Barbaresco e colocá-los no mesmo patamar de Barolo e outros grandes ícones mundiais. Gaja, portanto, é uma das Mecas do Piemonte.
O rio Tibre nasce na Emiglia-Romagna e atravessa todo a região do Lázio e da Úmbria, passando por Roma, para desembocar no mar Tirreno. E em uma colina que divide Lázio e Úmbria, perto do Lago di Corbara, fica a vinícola da família Cotarella, a Falesco, dos irmãos Renzo e Riccardo.
Vale lembrar que Renzo é o homem por trás dos grandes vinhos da Antinori. Seu empreendimento familiar está mais na região de Montefiascone (com a curiosa denominação Est! Est!! Est!!!). Mas a família tem propriedades em diversos pontos da região, assim como também na Toscana, mas a cantina de recepção fica do lado da Úmbria para ser mais preciso. As visitas costumam abarcar todas as linhas de vinhos, assim como há possibilidade de fazer uma refeição típica com ingredientes locais.
Bem no centro da Itália, agora sim, definitivamente na região da Úmbria, ao sul de Perugia, não muito longe de Assis (sim, terra de São Francisco, onde se encontra sua basílica), é possível se deparar um do produtor de excelência na região de Montefalco.
Arnaldo Caprai é o grande porta-bandeira da Sagrantino, a variedade nativa da região, capaz de produzir vinhos excepcionais hoje nas mãos de Marco, filho de Arnaldo, que fundou a vinícola nos anos 1970. A cantina foi toda renovada no fim dos anos 1990 e recebe turistas para degustações simples ou experiências enogastronômicas exclusivas, até com piquenique na relva entre os vinhedos. Se você pretende fazer uma peregrinação até Assis, vale uma outra peregrinação até Montefalco.
No coração do Vêneto, perto de Verona, não muito distante do Lago di Guarda, encontram-se alguns dos produtores mais tradicionais da Itália, além de denominações de origem como Valpolicella e Amarone, por exemplo.
Devido à grande imigração italiana no Brasil de famílias dessa região, pode-se dizer que há, até mesmo, uma questão afetiva quando se programa uma visita por lá. Um dos nomes de relevância que merecem ser conhecidos é a Allegrini. O ponto alto para quem vai visita-la é a sua Villa della Torre, com sua arquitetura renascentista encantadora. Isso sem falar, obviamente, dos grandes vinhos da casa – que, além do Vêneto, ainda tem propriedades em outras regiões italianas.