O míldio está tomando proporções inigualáveis por conta da alta humidade deste verão em Bordeaux
por Redação
A expressão "nunca visto" parece ser feita para descrever a pressão exercida pelo míldio neste verão úmido de 2023 nos vinhedos de Bordeaux.
"Na memória do viticultor, nunca tínhamos visto isso: o míldio não poupa ninguém este ano e está tomando proporções inigualáveis", observa a Câmara de Agricultura de Gironde (CA33) em um comunicado oficial. Na rede de 86 parcelas de vinha monitorizadas pelo CA33, 90% das vinhas estão afetadas.
O problema é tão grande que Bordeaux quer que o mofo 2023 seja reconhecido como uma calamidade vitícola. “A situação é verdadeiramente catastrófica. Em 40 anos no ramo, nunca vi isso”, testemunha Jean-Samuel Eynard, presidente do FDSEA 33, que leva aos eleitos e autoridades públicas um pedido de reconhecimento do estado de calamidade agrícola por perda de fundos de origem climática em benefício das vinhas jovens devoradas pelo míldio.
Para responder ao crescente desespero dos viticultores de Bordeaux, a seção Gironde da Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FDSEA 33) pede uma intervenção excepcional do Estado. Muitas vezes a luta contra o míldio parece perdida, face ao ritmo das chuvas e à falta de mão-de-obra. Nesta luta, já se registam perdas de colheitas na vinha, onde também as vinhas jovens sofrem e podem não sobreviver ao ano.
“Existe a possibilidade de perda de fundo nas plantas jovens, o bolor pode entrar no caule através da cicatriz do enxerto”, explica Jean-Samuel Eynard, que tem outro pedido: “para ver se o excesso de humidade no ar se enquadra no âmbito do seguro agrícola”. Três deputados de Bordeaux estão atendendo a esses pedidos para levá-los às autoridades públicas.
*Com informações de Vitisphere