por Juliano Ribeiro
![]() |
A cultura de beber café se difundiu na Europa Ocidental no século XVII com o surgimento das grandes cafeterias italianas e francesas, porém são várias as descrições do consumo dessa bebida desde antes do século XVI. Atualmente, o consumo estende-se por todo o mundo, sendo responsável por US$ 90 bilhões anuais. Os maiores consumidores são os Estados Unidos, seguido por Brasil, Europa, Japão etc. E, durante toda sua história, um dos legados mais extraordinários e heterogêneos construído por este grão foram as suas diversas e inusitadas formas de consumo.
Café como ritual na Etiópia
Para se ter uma ideia, na região africana onde nasceu (Etiópia), o consumo de café é considerado um verdadeiro ritual, uma cerimônia. Nele, primeiramente acende-se o fogo no canto da sala e cobre-se o chão com capim fresco e flores para enfeitar e perfumar o ambiente. Posteriormente, as sementes são torradas em uma chapa na brasa. Usa-se um graveto para mexê-las. Já num pilão, os grãos torrados viram pó. Segundo a tradição "quanto mais moer, melhor sai o café". Por fim, derrama-se a água fervendo direto sobre o pó, sem coar, e serve-se a bebida em pequenas cuias. Uma segunda maneira de se consumir bebidas à base de café na Etiópia é através de chá da casca do fruto. Nesse caso, as sementes são retiradas e as cascas vermelhas são utilizadas. Mas há formas ainda mais peculiares de consumo, que apresentam café misturado com sal mineral e triturados com gordura animal.
Café turco
No Oriente Médio, o café é preparado em uma caçarola turca chamada "Ibriqs", que são pequenos bules longos feitos de cobre ou bronze. O café turco, como é chamado, é feito com um café de torração média à escura, moído muito fino e com água fervente. Os árabes costumam acrescentar aromatizantes para suavizar o sabor amargo proveniente da fervura do café. Dentre essas especiarias, pode-se encontrar canela, cardamomo, alho e gengibre.
Café estilo japonês
O método de preparo de café mais usual no Japão é o do coador de pano ou de papel, feito em doses individuais. Essas doses são constituídas de pequenas embalagens de papel tipo filtro contendo uma porção de café torrado e moído, que podem ser utilizadas e consumidas em qualquer lugar desde que se tenha um pouco de água quente e uma xícara. Além do preparo por coador, existem também o café tipo expresso, o syphon, tenteki dorippu e o café enlatado. O syphon, também conhecido na Europa como vacuum brewed coffee, é uma verdadeira engenhoca. Este método prepara o café por transferência, ou seja, a água é fervida em um balão de vidro, o vapor sobe e passa por um filtro. Já o tenteki dorippu é um tipo de preparo demorado baseado no gotejamento. Por fim, o japonês consome o café em lata. Ele é vendido como refrigerante nas versões gelada, quente, com açúcar e puro (black), custando, em média, um dólar.
Os árabes costumam acrescentar aromatizantes
para suavizar o sabor amargo da fervura
Café no Brasil e resto do mundo
Segundo a ABIC, na Itália, a preferência é pelo consumo do café expresso servido em xícaras pequenas; na Grécia, a bebida é acompanhada por um copo de água gelada; em Cuba, é consumido forte e adoçado, e em um só gole; e em algumas regiões da Alemanha é servido com leite condensado ou chantilly.
No entanto, o Brasil, pelo seu tamanho continental, também apresenta diferenças culturais no consumo do café. Nas ruas das grandes cidades, podemos encontrar desde cafeterias especializadas com diferentes variedades de grão, até pequenas mercearias e padarias onde ele fica sendo mantido quente e pronto por horas.
Os estados brasileiros também apresentam peculiaridades. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, geralmente se consome um café com torra escura e bem forte. Em Minas e São Paulo, devido à elevada produção, a espécie arábica vem sendo muito consumida. Já no Espírito Santo, tem-se preferência pelo Conillon.
Juliano Ribeiro é doutor em química pela UNICAMP e especialista em café
+lidas
Sour Grapes: história do falsificador famoso que foi parar no Netflix chega ao seu capítulo final
Uma das mais poderosas damas do vinho, Philippine de Rothschild morre aos 80 anos
Armand de Brignac lança maior garrafa de champanhe rosé do mundo
Qual é a temperatura de serviço ideal para cada tipo de vinho?
Maria Antonieta ou Madame Pompadour: de quem é o seio que moldou a taça para champagne?