Degustamos separadamente os cinco componentes usados para criar o ícone Catena Alta Malbec
por Eduardo Milan
Como um enólogo decide quais vinhos vão entrar em um blend? Como ele define as proporções? Como cada vinho influencia no resultado final? Uma das coisas mais instrutivas e prazerosas é participar de degustações técnicas para criar um rótulo. É aí que se compreende o estilo e também se tem uma visão mais clara da influência de cada terroir no vinho terminado.
Geralmente, esse tipo de degustação acontece na própria vinícola, com a participação dos enólogos envolvidos. Além de serem provados diversos componentes distintos para se definir as proporções de cada um no blend final, os enólogos também têm que ter em mente o estilo do vinho. Para isso, cada componente tem um papel, seja aportar mais fruta, mais corpo, mais frescor, mais volume de boca, mais aromas etc.
Tivemos a oportunidade de “participar” dessa prova com os componentes que foram utilizados no rótulo Catena Alta Malbec 2013. Nesse caso, são usados cinco vinhos de vinhedos distintos, todos de Malbec, que depois de misturados darão origem ao tinto que encontramos na prateleira, que na verdade é um blend de Malbec das zonas de Maipú (Lunlunta), Luján de Cuyo e vale do Uco (Paraje Altamira e Gualtallary).
O embaixador da marca no Brasil, Marcelo Vilhena, proporcionou em uma degustação em São Paulo essa prova muito elucidativa e pouco comum de ser realizada fora da vinícola e, além disso, trouxe os ícones White Stones e Fortuna Terrae, que acabaram, como era de se esperar, sendo o destaque de nosso agradável encontro. Para compreender melhor esse tipo de prova, trazemos as notas de degustação de cada componente em separado, além da do tinto Catena Alta Malbec 2013, resultado do blend final.
Veja também:
+ Os melhores rótulos de Malbec
+ Pratos para harmonizar com o Malbec
(Maipú, Lunlunta, vinhedo plantado em 1930). Típico Lunlunta, com seu lado sedoso e frutado. Traz fruta, maciez e sedosidade ao vinho.
Boca característica de Agrelo, com perfil de frutas negras frescas, bastante notas florais e de especiarias picantes. Traz fruta e peso de boca ao blend final.
Típico Altamira, com notas florais, muita fruta negra e acidez vibrante. Aporta peso de boca, aromas florais e certa profundidade.
Típico Gualtallary, com notas mais austeras, algo de cinzas frias no nariz. Perfil de fruta vermelha e negra mais fresca. Aporta notas florais, verticalidade, profundidade, textura de taninos e tensão de boca.
Também muito na onda dos tintos de Gualtallary, porém mais extremo em relação ao número 4, com mais acidez, mais fruta negra, mais austeridade e mineralidade (toques salinos e de cinzas frias). Aporta força de taninos, profundidade, mineralidade e textura de giz no final de boca.
AD 91 pontos
CATENA ALTA MALBEC 2013
Catena Zapata, Mendoza, Argentina (Mistral US$ 85). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Malbec, sem adição de leveduras, com fermentação e estágio de 18 meses em barris (225 e 500 litros) de carvalho francês. As notas florais, tostadas e de especiarias doces se sentem tanto no nariz quanto na boca e acompanham as frutas vermelhas e negras de perfil mais fresco. Redondo e suculento, tem taninos de boa textura e final persistente, com toques minerais. Álcool 14%. EM
AD 95 pontos
ADRIANNA VINEYARD WHITE STONES CHARDONNAY 2014
Catena Zapata, Mendoza, Argentina (Mistral US$ 120). Branco elaborado exclusivamente a partir de Chardonnay, com fermentação e estágio em barris (225 e 500 litros) de carvalho francês entre 12 e 16 meses. Durante esse estágio parte dos barris desenvolve o véu de flor (como em Jerez), o que aporta uma sensação de salinidade e untuosidade, que traz complexidade e profundidade ao vinho. Super fresco, estruturado, persistente e muito profundo. Tem final longo, com toques cítricos e minerais, que convidam a mais gole. Álcool 13%. EM
AD 94 pontos
ADRIANNA VINEYARD FORTUNA TERRAE 2013
Catena Zapata, Mendoza, Argentina (Mistral US$ 195). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Malbec, com fermentação em barris (225 e 500 litros) e posterior estágio de 24 meses em foudres de carvalho francês de 2 mil litros. O resultado é um vinho austero e refinado, construído muito mais sobre sua estrutura e acidez do que em sua fruta. Tem taninos de grãos finos e final persistente e profundo, com toques florais, salinos e de giz. Álcool 13,5%. EM