Descubra pratos tradicionais e inusitados que harmonizam perfeitamente com o Cabernet Sauvignon
Conheça as melhores opções de pratos para acompanhar um bom Cabernet Sauvignon
por Arnaldo Grizzo
A Cabernet Sauvignon é a uva mais plantada para vinhos no mundo, ocupando cerca de 350 mil hectares, o que representa 5% de todos os vinhedos globais. Com sua impressionante adaptabilidade a diferentes climas e solos, essa variedade é a favorita dos enófilos, gerando vinhos de diversos estilos, mas sempre marcados por taninos presentes e frutas vermelhas e negras.
Versátil, ela acompanha uma vasta gama de pratos, como magret de pato, carré de cordeiro e risoto de funghi e até mesmo com atum. Descubra a seguir algumas harmonizações perfeitas para seu próximo Cabernet.
Magret de pato A carne tenra somada à gordura do pato talvez seja uma das combinações mais clássicas para um “clássico” Cabernet. Muitos ainda costumam acompanhar o prato com legumes ou verduras grelhados (espinafre ou aspargo, por exemplo) o que faz ainda aquela junção com as notas herbáceas do vinho. A sutileza da carne casa perfeitamente com taninos sedosos e a gordura é sustentada pela acidez. Cabernets de regiões – e/ou safras – mais frias (tipo França ou Itália) provavelmente farão uma melhor combinação, assim como blends, especialmente com Cabernet Franc – uva que alguns diriam acompanhar o magret melhor que a Sauvignon.
Bife à parmegiana Há preparos e preparos, mas a intensidade de sabor costuma ser grande no famoso bife à parmegiana, com sua junção da carne à milanesa com molho de tomate e queijo (e alguns outros acompanhamentos às vezes). Apesar da intensidade, há algumas sutilezas que vão ser bem equilibradas ao lado de um Cabernet Sauvignon de bom porte. Estrutura tânica e acidez, mas também potência frutada precisam estar presentes para suportar os sabores do parmegiana. A suculência do prato pode pedir um vinho mais “seco” para equilibrar. Não descarte blends, sejam eles bordaleses ou não.
Massa à bolonhesa Essa sutileza entre a acidez do molho de tomate e os pequenos bocaditos de carne em meio a uma pasta – seja ela qual for, de espaguete a lasanha – combina perfeitamente com Cabernets mais jovens e frutados, de preferência sem passagem importante por barricas de carvalho, ou seja, os mais frescos e de estrutura não tão imponente. Neste caso, valorize os vinhos com mais acidez e fruta, capazes de limpar o paladar e ainda impulsionar os sabores e aromas. Toques de ervas (tipo salsa ou manjericão, por exemplo) também podem fazer aquela “ligação” final.
Risoto de funghi A mistura de cremosidade do arroz com o umami dos cogumelos clama por um vinho com boa acidez e estrutura no ponto certo para não sobrepujar o prato e tampouco ser solapado. O Cabernet Sauvignon encaixa-se sobremaneira. Além da estrutura tânica aveludada e da acidez da fruta impulsionando o frescor para conseguir limpar o paladar da textura cremosa, pode-se acrescentar aqui aqueles sutis toques terrosos presentes em alguns Cabernets (especialmente os de regiões mais frias) e que vão complementar a sensação de rusticidade dada pelo funghi. Novamente, privilegie a acidez na hora de selecionar o rótulo.
Hambúrguer A mistura de carne e gordura, na maioria das vezes somada a molhos e queijos, traz uma enorme intensidade de sabores à boca, tudo ao mesmo tempo, preenchendo o paladar de forma abrupta e avassaladora. Que vinho pode fazer frente a isso? Um bom Cabernet Sauvignon, de preferência jovem e fresco, com passagem por madeira ou não (os tons defumados da madeira podem combinar bem com o tostado da carne), com intensidade de fruta importante, especialmente as mais vermelhas e ácidas. Quanto mais “crispy”, “sequinho” for o vinho, melhor. Nada de fruta melada aqui.
Vitela a milanesa Carne tenra e Cabernet Sauvignon foram feitos um para o outro. A lógica é a mesma do pato e do cordeiro. Os taninos sedosos e a acidez equilibrada dão o tom do pareamento. Quando falamos de milanesa, acrescentamos a fritura (ok, pode ser assado também, no fundo o que vai importar é a crocância), que pede um pouco mais de ênfase na acidez e na fruta para se equilibrar. Dependendo dos acompanhamentos, essa harmonização pode ser ainda mais interessante, com legumes e/ou alguns purês condimentados – que podem trazer à tona as notas herbáceas e especiadas do vinho.
Pizza calabresa Pode ser qualquer versão, a “tradicional” – que segundo alguns não leva mozzarella, somente molho de tomate e cebola – ou então as feitas com queijo, a verdade é que a indefectível pizza de linguiça calabresa é tão clássica quando os vinhos de Cabernet Sauvignon que servem como ótimas opções de harmonização. Se sua versão de calabresa não vai queijo, talvez seja melhor optar por um Cabernet mais austero. Se vai queijo, pode pensar em algo um pouco mais exuberante, mas principalmente com mais acidez – especialmente se o queijo for muito cremoso (tipo catupiri, por exemplo). Tons defumados e especiados combinam com a linguiça e com o tostado da massa.
Queijos e frios Na dúvida sobre qual tinto escolher para acompanhar uma tábua de frios e queijos? Um Cabernet Sauvignon não decepcionará. Ele poderá combinar bem com uma série de queijos, desde os mais tenros, mas principalmente com os de massa mais dura e também os intensamente aromáticos, ou seja, de Camembert a Pecorino. A seleção de embutidos também pode ser variada ao seu lado, com salames dos mais variados, pastrami, jamón e afins. E o vinho também abarca os “acompanhamentos” como patês, geleias, frutas secas, legumes etc. Tudo graças ao seu impressionante ecletismo.
Carré de cordeiro Mais um “clássico do clássico”. A combinação aqui é histórica. Harmonizar carne de cordeiro com Cabernet Sauvignon é uma especialidade bordalesa. A textura e o sabor do cordeiro, geralmente somado às especiarias, traz aquela sensação de completude quando ao lado do vinho, que “fala a mesma língua do prato”, com taninos suaves para equilibrar a carne, com fruta mais ácida para amparar os sabores, com toques especiados para complementar tudo de forma mágica. Aqui pode-se optar por varietais de regiões mais frias ou típicos blends de estilo bordalês mesmo que não sejam de Bordeaux.
Atum selado com especiarias Tinto com peixe? Em alguns casos, sim. Este pode ser um deles. A carne do atum é das mais intensas e estruturadas entre as ditas “carnes brancas”. Um belo pedaço de atum selado na grelha com especiarias e talvez até um molho cremoso de acompanhamento podem harmonizar com um tinto saboroso, de estrutura média, taninos sutis, um ótimo Cabernet Sauvignon. Sim, prefira os mais leves e frescos, e que tendam mais para os tons herbáceos do que frutados, que valorizem as especiarias (regiões frias costumam entregar mais essas características).