De descobertas acidentais a cruzamentos naturais: a jornada histórica da uva que define vinhos de elite.
por Redação
A Cabernet Sauvignon, a variedade mais famosa do mundo, tem sua origem ligada à região do Gironde, na França. A ascendência da casta foi descoberta de forma acidental por Carole Meredith e John Bowers na Universidade da Califórnia em Davis em 1996.
Na época, eles estavam montando um banco de dados para os perfis de DNA das variedades de uva mais importantes em sua coleção e Bowers notou que o perfil genético da Cabernet Sauvignon era consistente com o fato de ser uma descendência da Cabernet Franc e da Sauvignon Blanc.
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Esta foi a primeira vez que alguém identificou os pais de uma variedade de uva clássica e, mais do que isso, a descoberta foi espantosa para o mundo do vinho, pois, embora os ampelógrafos já tivessem notado muitas semelhanças morfológicas entre as duas Cabernets – e a Cabernet Sauvignon aparentemente tenha recebido esse nome porque seus caules e folhas se assemelham às de Sauvignon Blanc –, ninguém jamais imaginou que uma variedade tinta poderia vir de uma cepa de uvas brancas.
Mas como se deu esse cruzamento? Acredita-se que isso tenha ocorrido de forma espontânea em algum lugar do Gironde antes de meados do século XVIII. Segundo informações do livro “Uvas”, de Jancis Robinson, a primeira menção à variedade apareceu sob o nome de Petit Cabernet no “Livre de raison d'Antoine Feuilhade”, entre 1763 e 1777, escrito pelo prefeito de Libourne.
Em seguida, a cepa foi listada em um catálogo de variedades de uvas estabelecido em Pauillac por Dupré de Saint-Maur em 1784. Acreditava-se que, uma vez que a palavra “sauvignon” deriva do francês sauvage (“selvagem”), a Cabernet Sauvignon teria sido domesticada a partir de videiras selvagens no Gironde – contudo videiras silvestres nunca haviam sido registradas na área.
Durante muito tempo, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon foram confundidas, sob antigos sinônimos, como Cabrunet, Carmenet, Vidure, ou simplesmente o plural Cabernets. Mas, até o momento, não há registros que mostrem que a Cabernet Sauvignon tenha sido uma “invenção humana”.