Selecionamos os principais termos e expressões usados por críticos de vinho e traduzimos para você
por Arnaldo Grizzo e Eduardo Milan
Listamos os principais termos usados por críticos de vinho e que são amplamente utilizados para exmplicar experiências complexas na degustação de vinhos.
Como descrever um vinho? Quais sensações você sente no olfato e no paladar? Como dar nome a algumas dessas características sensoriais que, às vezes, não se enquadram em uma descrição convencional de aromas e sabores?
Para tentar se fazer compreender, um crítico, muitas vezes, decide não se ater somente ao olfato e ao paladar, dando exemplos visuais ou então táteis. Para quem não está acostumado, isso pode até parecer estranho, mas essa é uma forma de demonstrar como o vinho afeta todos os nossos sentidos.
Quando um crítico escreve em uma resenha “aroma de violetas”, mesmo que você não seja um adepto da floricultura, certamente vai entender o que ele quer dizer. Sim, o vinho tem aromas que podem até não ser exatamente os das violetas, mas que lembram esses tons. No entanto, há termos que nem sempre são de compreensão tão direta.
Aqui, na Revista ADEGA, nossos degustadores avaliam centenas de vinhos por mês e dezenas de resenhas são publicadas. Cada avaliador tem um estilo para descrever um vinho e você provavelmente já deve ter se deparado com alguns termos que, em um primeiro momento, podem não ter sido compreendidos.
Dessa forma, para que você não tenha dúvida, decidimos elencar algumas características descritivas de vinhos comumente usadas não só pela equipe de ADEGA, mas por críticos em geral.
1 - A.ni.mal
Geralmente, é um termo que se refere mais aos aromas do que aos sabores. Alguns vinhos, pela vinificação ou pelo período mais longo de estágio em madeira ou em garrafa, adquirem aromas que lembram couro, pelo, almíscar etc. Imagine a sensação de estar num estábulo, ou o cheiro de um casaco de camurça, por exemplo
2 - A.ve.lu.da.do
Sim, é a sensação gostosa tátil do veludo. Há quem prefira o termo sedoso. É preciso imaginar essa sensação na boca. Seria um vinho macio e saboroso, que passeia pela boca e desce pela garganta sem arestas. Aveludado, sedoso, macio costumam ser termos ligados à textura dos taninos.
3 - Chei.o
Pode-se dizer que um vinho cheio, de certa forma, enche a boca. Mas essa completude, no caso, tem a ver com o perfil de fruta (mais madura) e com sua extração (mais extraída).
Ou seja, um vinho com muita fruta madura e taninos macios (menos estruturado), tende a ser chamado de cheio ou gordo ou opulento.
4 - Cro.can.te
Quando um crítico refere-se à crocância de um vinho, ele está dando ênfase à acidez. O termo costuma ser mais usado para descrever vinhos brancos ou então aqueles de estilo mais gastronômico, por terem acidez que limpa o paladar após cada garfada.
5 - E.le.gan.te
Termo que está na moda ultimamente. É usado para designar vinhos que primam pelo equilíbrio, sem serem excessivamente tânicos, alcoólicos, frutados, ácidos etc. Neles, tudo parece estar em harmonia. Seria o contrário de extravagante.
6 - Es.pe.ci.a.do
Um termo, de certa forma, criado no mundo do vinho por quem não se sente à vontade de dizer que um vinho é condimentado. Ele vem de especiarias, ou seja, é a sensação de especiarias, que podem ser doces (baunilha, cravo, canela, por exemplo) ou picantes (pimenta do reino, por exemplo).
Quando se fala em estrutura do vinho, geralmente trata-se da sua sustentação – ou seja, a rede de taninos. Há quem prefira usar o termo “ossos do vinho”. A fruta que sentimos na boca seria a “carne” e o que dá o apoio a ela são os taninos. Deve-se pensar em um vinho estruturado como aquele que possui uma boa base de taninos, capaz de sustentar todo o vinho. Lembrando que um vinho pode ser estruturado e não cheio
Costuma se referir a vinhos cujo grande destaque está nos aromas ou então na abundância de frutas na boca. Tende a designar um vinho de presença, que se mostra muito rápido e chama a atenção, mas nem sempre muito profundo. Não confundir com exuberante – que significa um vinho rico.
9 - Fe.cha.do
Quando você coloca um vinho na taça logo espera sentir seus aromas. Assim que coloca na boca, quer apreciar seus sabores. No entanto, há momentos em que isso não ocorre. Ao menos não como você imagina que deveriam ocorrer. Há vinhos que demoram para desprender seus aromas e sabores. Estes são ditos “fechados”. Geralmente um vinho está momentaneamente fechado e, com o tempo e oxigenação, tende a se abrir
10 - Gas.tro.nô.mi.co
Já houve até tema de capa de ADEGA sobre vinhos gastronômicos. Genericamente falando, trata-se de um vinho que vai bem quando acompanhado de uma refeição. Vinhos gastronômicos tendem a ter uma combinação importante de fatores como boa acidez, álcool moderado, corpo médio, taninos presentes mas não em excesso etc. Ou seja, um equilíbrio que os tornem versáteis à mesa.
11 - Mi.ne.ral
Este é um termo bastante polêmico entre críticos de vinho. A celeuma toda deve-se, na verdade, às possíveis origens desses aromas ditos minerais. Há quem defenda que os componentes existentes no solo são absorvidos pelas raízes influenciando nos aromas e nos sabores; e outros que acreditam que não há nada que comprove isso. Fato é que o tipo de solo influencia de alguma forma nossas sensações com relação ao perfil do vinho e, mineral, nesse sentido é usado para descrever mais uma sensação de mineralidade no olfato e no paladar, como terroso, salino, grafite etc. Seria como quando você come ostra ou algum fruto do mar, por exemplo, e sente algo que associa à mineralidade.
12 - Pro.fun.do
Profundo, longo, persistente são termos semelhantes quando usados para descrever um vinho. Geralmente eles falam de grandes vinhos, que não apenas enchem a boca com sabores, mas que se sustentam ao máximo. Usa-se profundo para indicar a “duração” dos sabores na boca depois de o vinho ter sido deglutido. Costuma ser antônimo de curto.
13 - Ro.bus.to
Aqui estamos novamente falando de estrutura. Quando se fala que um vinho é robusto, quer-se destacar ainda mais a sensação dos taninos, mais pronunciados e mais facilmente identificáveis no paladar.
14 - Sa.li.no
Outro termo ligado ao que os críticos chamam de “mineralidade”. Salino ou sápido, como também pode ser referido, é um vinho (geralmente branco) que, de certa forma, deixa uma sensação da textura do sal quando passa pela boca. Não confundir com a adstringência dos taninos.
15 - Su.cu.len.to
Há quem equipare suculento com algo de muita extração. Mas não. Quando falamos que uma carne é suculenta, por exemplo, é por que ela nos faz salivar e querer mais um pedaço. Um vinho suculento é aquele em que a fruta de qualidade está ressaltada, pedindo mais um gole, como se a uva tivesse sido recém prensada para gerar aquela bebida. É como beber um refrescante suco recém feito, em que tudo está no ponto (frescor, acidez, dulçor), dando vontade de beber mais copo.
16 - Ten.so
Isso não quer dizer que o vinho esteja nervoso, nem aflito. Usa-se o termo tenso para indicar o perfil de fruta mais fresca, além de realçar a acidez e os taninos de um vinho. Ele também pode ser usado como sinônimo de vibrante. Para efeito de comparação, equivaleria a comer uma maçã verde, por exemplo.
17 - Ter.ro.so
Um termo que, de certa forma, está ligado à sensação de mineralidade. Terroso pode ainda estar relacionado a tons herbáceos, como grama cortada ou mesmo aquele cheiro de poeira ou terra seca que levanta do chão quando começa a chover. Pode-se ainda pensar na sensação deixada na boca após comer beterraba, por exemplo.
18 - Un.tu.o.so
Diz-se da textura do óleo. Muitas vezes usado como sinônimo de aveludado ou viscoso. Pode-se pensar na sensação do azeite passeando pela boca. Tende a ser um vinho com muito volume, que enche a boca de forma “cremosa”, ou “oleosa”.
19 - Ver.ti.cal
Costuma ser mais usado tecnicamente por enólogos para identificar um vinho que se projeta na boca. Vertical, de certa forma, seria uma espécie de antônimo de cheio ou gordo. Vertical é um vinho intenso, profundo e persistente no paladar. É um termo usado para valorizar a profundidade de um vinho.
20 - Vi.no.so
O termo pode parecer um pouco estranho, mas existe. Ele está relacionado ao paladar e olfato mais rústicos. Diz-se vinoso muitas vezes para vinhos jovens cujos aromas e sabores lembram ainda o da fermentação do mosto.
Caso você tenha dúvida de algum termo que não explicamos aqui, escreva para nós em redacao@revistaadega.com.br
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