Relíquia espanhola

O vinho de Neymar e Marquezine

Craque da seleção brasileira e do Barcelona mostra que sabe escolher o que bebe

por Redação

O craque Neymar está fora do amistoso desta quarta-feira do Brasil contra a Colômbia em homenagem às vítimas da tragédia com a Chapecoense em 2016. O artilheiro, porém, voltou a ser assunto nas redes sociais por razões além campo. Uma foto do jogador ao lado da atriz Bruna Marquezine e da irmã Rafaella Santos viralizou na internet por conta da volta do casal e, também, da garrafa de vinho em primeiro plano. Trata-se de um dos grandes vinhos que o dinheiro pode comprar, um clássico da Espanha: o Vega Sicilia Único.

Além do interesse pela vida amorosa de Neymar e Marquezine, o que chamou a atenção de muitos internautas foi o preço do vinho, que pode chegar a R$ 10 mil no Brasil. A revista ADEGA já degustou uma das safras dessa relíquia da vitivinicultura - o rótulo é o mais célebre da Espanha de todos os tempos - e aprovou. Recebeu 97 pontos, o que o coloca na condição de um dos rótulos extraordinários.  

A história de vinícola Vega Sicilia remonta ao século XIX. Foi fundada em 1864 por Eloy Lecanda. Na época, ele, assim como outros visionários, experimentaram fazer vinhos mesclando Tempranillo, a variedade espanhola típica, com outras cepas vindas da França, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir. Por volta de 1950, apesar do grande prestígio de seu vinho, Vega Sicilia acabou vendida a uma empresa de sementes, chamada Prodes, e, anos mais tarde, à família Neumann, da Venezuela. Em 1982, David Álvarez adquiriu a vinícola e a Vega Sicilia se tornou um grande conglomerado.

 “Durante 70 anos, Vega Sicilia foi a única vinícola que existiu no que hoje é Ribera del Duero. Até 1927, além dela, havia somente quem fizesse vinho para consumo próprio. Nos anos 1950, a agricultura mudou completamente, chegou a mecanização. Era mais rentável cultivar cevada do que vinha. Isso fez com que as pessoas abandonassem os vinhedos, que ficaram relegados a solos que não valiam muito. Isso aconteceu com Vega na época da Prodes. Então, quando compramos, ela só tinha 80 hectares de vinhas. No século XIX, chegou a ter mais de 200”, recorda Pablo Álvarez, filho de David. “A partir de 1985, começamos a modificar tudo, ampliar a vinha, melhorar a que já existia. Nos anos 1990, já tínhamos as vinhas que temos hoje: 200 hectares”.

Quando a família assumiu Vega Sicilia, a vinícola já produzia três grandes ícones: Único Reserva Especial (um blend dos melhores anos de Único), Único (o primeiro ícone, feito com Tempranillo e Cabernet Sauvignon) e Valbuena no 5 (mescla de Tempranillo e Merlot envelhecida por cinco anos, daí o 5). E fez muitos investimento, inclusive no aprimoramento das vinhas. “Não podemos plantar mais porque os solos restantes não são aptos para uma vinha de alta qualidade. Temos 200 hectares, então fizemos uma seleção clonal em um viveiro da Borgonha, durante 10 anos, com nossas melhores cepas. Todas as novas plantações são feitas com clones selecionados. Antes disso, durante 70 anos, fez-se uma seleção massal. Vega Sicilia tem um patrimônio de vinhas único. E a uva é 80% do vinho”, diz Pablo, que lembra ainda que, por norma, as vinhas usadas para os vinhos Vega Sicilia precisam ter, no mínimo, 11 anos de idade. “Antes disso, acreditamos que é um bebê e não utilizamos”.


AD 97 pontos 
Vega Sicilia Único
Gran Reserva 2004
Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha. Um vinho emocionante. Antes de tentar interpretar os aromas, vale senti-lo em boca. Incrível vibração. Faz-nos agradecer o fato de nem todos seguirem as tendências. Demonstra que há um espaço reservado para os clássicos no mundo. Incrível acidez e taninos que são a única coisa juvenil neste vinho. Uma cesta de ameixas com um toque de pimenta branca. Um vinho para degustar pensando no passado e olhando para o futuro. CB

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