Faltam garrafas, rótulos e caixas para engarrafar a safra 2021. E a safra 2022 está logo aí.
por Silvia Mascella Rosa
Primeiro foi a Espanha, depois a França, como noticiamos aqui no mês passado e agora a crise no abastecimento de insumos para a indústria vitivinícola chega a Portugal.
Faltando três meses para o começo da colheita das uvas, os produtores de vinhos reclamam da escassez de materiais como garrafas, rótulos e caixas. Segundo o presidente da ViniPortgual, Frederico Falcão, o problema é generalizado no país e chega em um momento inoportuno: "Até fevereiro nossas exportações estavam crescendo mais de 10%, mas por conta dos atrasos na recuperação da produção nas fábricas, a situação está complicada para embalar e exportar os vinhos", afirmou o presidente em entrevista a um jornal português de negócios.
A cadeia produtiva está sendo afetada desde a safra passada, pois os vinhos de 2021, que estão prontos para serem engarrafados, não encontram vasilhames disponíveis no mercado, e mesmo compras feitas anteriormente não foram entregues no volume esperado. Os que conseguem ser engarrafados não podem ser rotulados, embalados e comercializados no mercado interno ou externo, também pela falta de insumos. E pior: com a nova safra chegando, os produtores necessitam não apenas dos recursos das vendas, como fisicamente, necessitam do espaço nos tanques para fazer os novos vinhos.
É claro que todos esses problemas aumentam os custos de produção das vinícolas, já pressionados por outros custos como energia e combustíveis. No começo do mês de abril, produtores de espumantes da região da Bairrada já lidavam com a falta de garrafas e ainda tinham os vinhos produzidos em 2021 em tanques, pois as garrafas que conseguiram comprar foram apenas para a safra 2020, principalmente no caso dos espumantes rosés. "Também suspeitamos que há especulação e precisamos que haja controle de preços pelo Estado", afirma Olga Martins, diretora da vinícola Lavradores de Feitoria.
Como um todo, a indústria vitivinícola portuguesa afirma que, mesmo sem estoque, as fábricas de garrafas chegaram a aumentar os preços em 45%, o que deverá - ao menos em parte - ser repassado para os consumidores com aumentos entre 5 e 10%. Isto é, se as garrafas chegarem e os vinhos puderem ser vendidos, é claro.
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