Existem algumas dicas simples para acertar na escolha de um bom vinho para o primeiro encontro
por Arnaldo Grizzo
Quando seu coração já está começando a bater mais compassadamente, a ansiedade baixou, uma conversa amena, logo o garçom coloca tudo a perder com uma pergunta inofensiva: “Gostariam de ver a carta de vinho?”
A tensão recomeça diante do receio de uma escolha equivocada. Pois é, você não tinha parado para pensar no vinho deste primeiro encontro... Até então, tudo estava dentro do planejado.
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Depois de algum tempo, você tomou coragem e convidou para sair. Esse primeiro passo já não foi fácil de ser dado. O medo não era apenas uma possível negativa, mas também em como fazer esse convite.
Você, obviamente, estava pensando em impressionar. Convite aceito, o restaurante “certo” já estava em sua cabeça. Data, hora e local definidos, no dia, basta saber como levar a conversa e descobrir se vocês “combinam”. Mas, chegando ao restaurante, você se dá conta de que, além de um bom papo e uma boa comida, você precisa escolher um bom vinho.
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Não, definitivamente não dá para fugir do vinho. Não há romance regado a Coca-Cola ou suco de laranja. O vinho é a bebida dos casais (existe até pesquisa científica que comprova). “Onde não há vinho, não há amor”, já dizia Euripedes há mais de 2.400 anos.
Então, você precisa estar preparado para escolher um. E, para um primeiro encontro, assim como todo o resto, essa escolha precisa ser feliz, pois, como sabemos, primeiras impressões são as que ficam.
Não deixe para pensar no vinho que vai dividir com sua possível namorada (ou namorado) apenas no momento que em que o sommelier lhe entregar a carta de vinhos. Mesmo que você não seja um enófilo, pode fazer uma boa escolha (ou até uma inesquecível – no bom sentido) desde que leve em consideração alguns detalhes.
Primeiramente, se quiser mesmo impressionar sua companhia, é preciso demonstrar segurança. Você provavelmente já demonstrou um pouco disso quando a convidou para sair, mas é preciso manter o nível. Os parceiros gostam de perceber que seus companheiros estão seguros no que fazem. Muita hesitação tende a criar uma má impressão e pode colocar tudo a perder.
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Portanto, mesmo que você não seja um connoisseur, não se intimide diante da carta. Na dúvida, peça uma sugestão ao sommelier. Uma dica: em vez de pedir uma ajuda genérica, indique ao sommelier que prato vocês pretendem pedir e questione sobre alguma possibilidade de harmonização.
Se, por outro lado, você já tem algum conhecimento sobre vinho e quiser deixar isso bem claro, considere levar um vinho ao restaurante. Antes, obviamente, descubra se o estabelecimento aceita isso e quanto custa a taxa de rolha. Chegando lá, diga ao sommelier como e quando gostaria que o vinho fosse servido – com as entradas, com o prato principal ou com a sobremesa?
Se você realmente não faz ideia do que escolher para beber, algumas dicas básicas certamente funcionarão. A primeira delas é: escolha um espumante.
Espumantes costumam agradar a todos, são festivos, propícios para a celebração, além de serem excelentes curingas para a harmonização. A chance de errar com um espumante é mínima. Se não quiser consumir uma garrafa inteira, peça uma taça, faça um brinde a vocês dois e já está de bom tamanho. Se depois disso ela (ou ele) quiser partir para um refrigerante ou um suco, sem problema, você já fez a sua parte e não precisa mais se preocupar.
Se a carta não lhe diz nada, dê apenas uma olhada e vire-se para o sommelier para pedir ajuda. Sim, pergunte se ele tem alguma sugestão. Como explicado antes, quanto mais específico for seu questionamento, melhor, pois o sommelier poderá lhe oferecer algo mais próximo do que você “precisa”.
Portanto, questione se algo combina com o prato que pretendem escolher, por exemplo, ou, se tem algum rótulo que se encaixe nas características que você aprecia: “não muito tânico”, “mais leve”, “encorpado” etc.
Outra dica é: pergunte à sua companhia. Perguntar ao outro que tipo de vinho gosta não é uma demonstração de insegurança, mas de respeito. Às vezes, a pessoa simplesmente não gosta de vinho tinto, por exemplo, e acaba bebendo apenas “por educação”. Dessa forma, ao ser questionada, com suas indicações, a pessoa também pode ajudar o sommelier a encontrar uma opção na carta.
Mais uma dica é: evite vinhos muito encorpados. A não ser que vocês dois, em comum acordo, decidam por um vinho corpulento, pois gostam disso, é melhor evitar especialmente os tintos de muita estrutura para esse primeiro encontro. A ideia aqui é um desfrutar da companhia um do outro, da conversa, e um vinho pesado só vai atrapalhar. Dê preferência a vinhos leves, que se bebem fácil. No fim, ele vai ajudar na fluidez da conversa.
Mais uma dica preciosa: ao escolher um vinho da carta do restaurante, evite os extremos. Não vá no rótulo mais barato e tampouco no mais caro. Em ambos os casos, passa-se uma impressão ruim, pois, no primeiro, você pode ser tido como avarento, no segundo, como esnobe. Opte por algo no meio termo e evite esse tipo de pré-julgamento logo no primeiro encontro.
Apesar de Cabernet Sauvignon provavelmente ser o primeiro nome que surge na cabeça de todos, talvez ele não seja o melhor vinho para esse momento. Cogite selecionar um Pinot Noir, por exemplo, ou talvez um Barbera, ou Dolcetto, ou Tempranillo espanhol (Roble ou Jóven de preferência). Vinhos leves, para bebericar e acompanhar a comida e a conversa numa boa. Se a dúvida for entre Cabernet e Merlot, talvez esse último seja mais indicado, pois tende a gerar vinhos um pouco menos potentes.
Lembre-se ainda que as pessoas que não estão muito acostumadas a beber vinho tendem a não gostar de rótulos muito adstringentes e, por isso, preferem os brancos. Sendo assim, não descarte os brancos, especialmente se os pratos tiverem peixe ou frutos do mar. Nesse caso, os “bons e velhos” Chardonnay e Sauvignon Blanc certamente farão um ótimo serviço.
Não se esqueça da sobremesa. Uma taça de Vinho do Porto para acompanhar um doce com base de chocolate ou uma taça de Late Harvest ou algum vinho similar para uma sobremesa com creme ou frutas é uma excelente maneira de terminar esse primeiro jantar a dois.
Se você quiser realmente impressionar sua companhia, o vinho poderá ser um grande aliado. Mas uma escolha bem feita será imprescindível. Por isso, ao levar uma garrafa de casa, você estará demonstrando não somente seu conhecimento sobre a bebida, mas também sua dedicação à pessoa e ao encontro, pois selecionou um rótulo especial para a ocasião.
Que vinho especial poderia ser esse? Tente encontrar algum que tenha uma história interessante e que se relacione com você ou com a sua companhia. Só isso já vai render uma boa conversa, mesmo que o vinho não seja o mais adequado. É possível que o “Amo.te” e o “Ménage à trois” (sim, existem rótulos com esses nomes) sejam um pouco excessivos para a ocasião, mas talvez um Premier Cru “Les Amoureuses” (“os apaixonados”) possa servir.
No entanto, não é preciso se fixar no nome. Basta escolher um vinho que diga algo, seja por sua história, seja na própria taça (melhor ainda se esses dois pontos se unirem), e possa criar um ambiente propício para o romance.
Portanto, dedique-se a encontrar o vinho ideal, pois, no fim das contas, se tudo correr bem, cada detalhe desse primeiro encontro será lembrado eternamente. E, cada vez que vocês voltarem a provar aquele rótulo, a memória desse momento especial será reavivada.
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