Mudança de estratégia

Vinícola gaúcha apostar no on trade para diversificar a estratégias de vendas

Bruna Cristofoli conversou com a Revista ADEGA sobre a nova linha exclusiva para on trade como alternativa ao enoturismo para aumentar as vendas

Frande parte da produção da Cristofoli é comercializada no varejo da vinícola em Faria Lemos - Rodi Goulart
Frande parte da produção da Cristofoli é comercializada no varejo da vinícola em Faria Lemos - Rodi Goulart

por Paula Daidone

A vinícola gaúcha Cristofoli anunciou o lançamento de uma marca de vinhos exclusiva para o on trade, a Espaço Tempo. Composta por quatro rótulos, a linha foi concebida tendo em vista as particularidades do setor e nasce no momento em que a empresa busca diversificar suas estratégias de vendas.

De acordo com Bruna Cristofoli, diretora da vinícola, em conversa com a Revista ADEGA, a Espaço Tempo é uma alternativa ao enoturismo. Bruna explica que grande parte da produção da Cristofoli é comercializada no varejo da vinícola em Faria Lemos, no Rio Grande do Sul, mas a redução significativa do turismo Serra Gaúcha vem refletindo diretamente nas vendas.

“O turismo caiu muito. Voltamos para números menores que 2019, antes da pandemia. Acredito que há uma demanda reprimida por viagens internacionais, mas também tem o fato de a Serra Gaúcha ter ficado muito cara. E isso afasta os turistas”, afirma Bruna. 

O cenário é preocupante, mas Bruna tenta encarar com otimismo: “Estava tudo muito confortável e esse tipo de situação faz a gente se mexer. Primeiro foi a pandemia, que nos obrigou a criar o e-commerce. Agora, com a queda do enoturismo, a gente tem que pensar em alternativas. Não podemos depender só do turismo para vender e ser conhecidos”.

[Colocar ALT]
Bruna Cristofoli, ao lado do irmão e da prima, assumiu a vinícola familiar 

A aposta da empresa no on trade, se mostra um caminho não só para aumentar as vendas como para conquistar novos consumidores. Para isso, a Cristofoli está implementando uma estratégia arrojada, para uma empresa de seu porte. Na capital paulista, para garantir a entrega dos rótulos e não correr o risco com ruptura de estoque, a Cristófoli manterá um depósito com entrega em até 24 horas. O pedido mínimo também será flexibilizado. 

“Entrar na carta de um restaurante não é fácil. Depois de conquistar esse espaço, não podemos correr o risco da casa ficar sem vinho ou demorar para repor o estoque. Também sabemos que muitos restaurantes não possuem espaço físico para armazenar dezenas de garrafas, e nem condições financeiras para investir em pedidos muito altos. Vamos nos ajustar, para fazer com que nosso vinho esteja nos restaurantes”, afirma Bruna. 

A linha Espaço Tempo é composta por um vinho branco da uva Chardonnay, dois tintos, um de Cabernet Sauvignon e outro de Merlot, e um espumante Brut. O nome foi uma criação de Lorenzo Cristofoli, enólogo responsável pela vinícola e irmão de Bruna, que é um apaixonado por astrofísica. Cada rótulo recebe um “sobrenome” que faz referência a uma particularidade do universo. O espumante se chama Supernova, o Cabernet Sauvignon é o Buraco Negro, o Merlot recebe o nome de Horizonte de Eventos e o Chardonnay faz referência a um tipo de estrela, a Anã Branca.

[Colocar ALT]
Cada rótulo recebe um “sobrenome” que faz referência a uma particularidade do universo

Bruna, de 36 anos, o irmão Lorenzo, de 27, e a prima Leticia, de 25, fazem parte da segunda geração da família Cristofoli e estão à frente do negócio, que começou há 25 anos produzindo vinho de mesa. Hoje, a vinícola foca seus esforços em estudos e tecnologia para produção de vinhos finos com qualidade cada vez maior. Parte de toda essa pesquisa, a família Cristofoli tem direcionado para a identificação das características do terroir, com a intenção de tornar Faria Lemos uma Indicação de Procedência.  

“Estamos na zona mais quente de Bento Gonçalves, a apenas três quilômetros do Rio das Antas. Não sofremos com geada e nem granizo, coisas que acometem outras regiões da Serra Gaúcha. Faria Lemos é realmente uma zona única”. O entrave para conseguir a certificação está no fato de apenas a Cristofoli produzir vinho fino no distrito, mas Bruna enxerga um meio de reverter a situação: “Podemos ser usados como experimento para ter dados para uma possível IP”, finaliza a empreendedora.

palavras chave

Notícias relacionadas