Design da australiana d’Arenberg foi inspirado no cubo de Rubik e custou US$ 15 milhões
por Arnaldo Grizzo
O singular prédio da vinícola d’Arenberg
Chester Osborn, quarta geração de uma família de produtores do McLaren Valley, na Austrália, é um tipo pouco convencional.
Espalhafatoso, excêntrico, hippie são alguns dos adjetivos que podem tentar defini-lo. No início dos anos 2000, quando pensou em uma vinícola e sala de degustação para receber visitantes, fez um esboço baseado em um brinquedo pelo qual sempre teve uma certa fascinação.
O surrealismo está sempre presente na vinícola
“O vinho é um quebra-cabeça com tantas facetas interconectadas, então um cubo de Rubik é o design perfeito para expressar isso. Eu queria uma versão gigante como uma sala de degustação que instantaneamente fizesse as pessoas pensarem de forma diferente sobre o vinho”, disse e apresentou seu projeto de “cubo mágico” para o conselho da vinícola d’Arenberg, de propriedade de sua família, em 2003.
O conceito era tão singular que levou quase 15 anos e cerca de US$ 15 milhões para ser finalizado.
Chester Osborn, da vinícola australiana d’Arenberg
O “refinamento” do projeto do que seria conhecido como d'Arenberg Cube ficou a cargo do arquiteto Nick Salvati, da ADS Architects. São cinco níveis diferentes – cada um de certa forma como se alguém tivesse dado uma pequena torção no cubo para encontrar a sua “solução” – que dão vista para os vinhedos da família ao redor. Cada um dos níveis foi cuidadosamente projetado para atrair e estimular os sentidos, incluindo recursos como uma sala sensorial de vinho, um fermentador virtual, uma sala de vídeo de 360 graus e muitas outras experiências táteis.
Os visitantes também são incentivados a explorar o Museu de Realidades Alternativas, localizado no andar térreo, e ver as instalações de arte em exibição.
Desde 2019, em parceria com o Universo Dali na Suíça e Art Evolution.com, a vinícola mantém uma exposição apresentando algumas das imagens mais icônicas do mestre do surrealismo, Salvador Dali, incluindo duas esculturas monumentais, que estão nos jardins ao redor do cubo, e outras esculturas em tamanho real, que estão em salas especiais. Também estão em exibição pinturas do surrealista australiano Charles Billich, que tem obras expostas no Vaticano, na Casa Branca e nas Nações Unidas.
A sede inspirada no cubo de Rubik cercada por vinhedos
A entrada do cubo é feita por uma porta de vidro facetada que se desdobra como um origami. Ao passar por ela, os visitantes encontram uma série de salas com diferentes “experiências”, desde obras de arte contemporâneas, instalações e projeções de vídeo. Em uma, determinadas peças liberam aromas de vinho; em outra, um “fermentador virtual” simula a experiência de estar imerso em um tanque de uvas, por exemplo.
O prédio que lembra um cubo de Rubik conta ainda com bar e restaurante com vista para os vinhedos
O restaurante no terceiro andar é administrado pelos chefs Brendan Wessels e Lindsay Dürr. Na decoração, chama a atenção a coleção de máscaras tribais de Osborn, com exemplares de Papua-Nova Guiné, Austrália, África e Ásia. “O objetivo é ser culturalmente eclético, ilustrando que a culinária não vem de um único lugar”.
No quarto andar, painéis de vidro de Glenn Howlett, do Willunga Glass Studio, ficam ao lado de um longo bar equipado com 115 monitores exibindo arte digital. O “design” inovador, contudo, aparece nos mínimos detalhes, incluindo vasos sanitários de ferro corrugado cobertos por folhagem falsa e pendurados com lustres enfeitados com uvas. O cubo, assim como o de Rubik, foi pensado para ser uma confluência de lógica matemática, design e uma profusão de cores; uma confusão de possibilidades que contém uma solução inerente.
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