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Tarifas de Trump nos vinhos pode ser oportunidade para investidores?

Trump ameaça o mercado de vinhos finos com tarifas, mas investidores avaliam riscos e oportunidades

Especialistas do setor apontam riscos e possíveis reajustes no mercado global de vinhos finos diante das novas tarifas americanas - AI
Especialistas do setor apontam riscos e possíveis reajustes no mercado global de vinhos finos diante das novas tarifas americanas - AI

por Redação

O mercado global de investimentos em vinhos finos enfrenta um cenário de incertezas diante das novas tarifas propostas pelo ex-presidente Donald Trump. Segundo análise publicada no The Buyer, o especialista Andrew Lofthouse alerta para os impactos severos que as medidas podem causar — mas também veem uma possível oportunidade de reestruturação.

Tom Gearing, CEO da Cult Wines, destaca que o mercado ainda está se recuperando da ameaça de uma tarifa de 200% sobre os vinhos franceses importados pelos Estados Unidos. “Foi uma proposta catastrófica, que teria dizimado as vendas de vinhos finos franceses”, alerta. Gearing lembra que os Estados Unidos são o maior destino de exportação de regiões como Bordeaux e Champagne, o que aumentaria o impacto da medida.

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James Shakeshaft, CEO da Vin-X Fine Wine Investment, concorda. Segundo ele, caso a tarifa tivesse sido aplicada, até 90% das vendas francesas no Reino Unido poderiam ter desaparecido, prejudicando também vinhos italianos e impulsionando aumentos drásticos de preços para o consumidor americano.

Mesmo antes das novas ameaças tarifárias, o setor vinha enfrentando dificuldades. Gearing aponta que 2024 foi um ano desafiador, com dois anos consecutivos de baixo desempenho, reduzida liquidez e retração dos compradores. O início de 2025 trouxe certo otimismo, impulsionado por boas vendas no Ano Novo Chinês e no setor B2B. No entanto, as tarifas reacenderam a volatilidade e aumentaram as incertezas.

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Shakeshaft lembra que não é a primeira vez que Trump impõe tarifas ao vinho europeu. Em 2019, uma taxa de 25% reduziu em 14% as exportações francesas para os EUA, resultando em perdas de cerca de €400 milhões.

Bordeaux pode liderar retomada

Apesar da turbulência, há sinais de recuperação. Com a retirada da ameaça da tarifa de 200%, analistas acreditam que uma tarifa estável em torno de 20% seria digerível pelo setor. Callum Woodcock, CEO da WineFi, acredita que esse momento pode representar uma chance de redefinir o mercado.

Woodcock sugere que produtores de Bordeaux devem considerar cortes significativos nos preços de lançamento para reengajar investidores e atrair uma nova geração de consumidores. Gearing complementa: “Se os preços forem ajustados de acordo com uma tarifa de 20% e houver clareza regulatória, isso pode criar liquidez e trazer compradores de volta”.

Oportunidades em Champagne e Toscana

Shakeshaft aponta que a experiência de 2019 revelou oportunidades em regiões como Toscana e Champagne. “O consumo de Champagne segue forte, e os vinhos italianos continuam altamente valorizados”, observa. Napa Valley também pode se beneficiar, especialmente se os vinhos já estiverem armazenados no Reino Unido.

Já para Woodcock, os rótulos de safras antigas, mantidos em armazéns fiscais e com distribuição global, são alternativas menos vulneráveis às tarifas e oferecem estabilidade de preço.

Segundo os executivos ouvidos pelo The Buyer, o mercado de vinhos finos poderá se adaptar às tarifas — desde que estas sejam claras e moderadas. Tudo indica que o sucesso do Bordeaux en primeur 2024 será determinante. Investidores atentos devem observar de perto os lançamentos de preços e as próximas movimentações da política comercial americana.

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