Vinícola que está nascendo em Monte Belo do Sul busca uma produção sustentável e singular
por Arnaldo Grizzo
A vinícola é nova, mas já vem surpreendendo com bons vinhos
Tudo ainda é muito novo, nem mesmo um nome parece 100% definido. No perfil do Whatsapp, Eduardo Mendonça tem abaixo da logomarca os dizeres “Vinhos livres”. Mas sua empresa “formal” foi recém montada e sua vinícola, que passou a tomar forma em 2020, ainda não tem registro no Ministério da Agricultura (“faltam alguns trâmites”, diz). Aos 36 anos, sendo que há apenas cinco fazendo vinhos, tudo tem cara de descoberta.
Técnico de som de uma banda chamada Alma Nova, Eduardo começou a fazer vinho em 2016 depois que conheceu Lizete Vicari, do Domínio Vicari, em Monte Belo do Sul. Sua base de vinhedos era, e até hoje é, as terras de seu colega de banda, o baterista Roque Faccin, também em Monte Belo. Na época, fez 150 litros de Chardonnay. “Até o terceiro ano eu praticamente não comercializava. O meu vinho era muito pouco, então era mais para mim e vendia apenas para alguém que fazia uma visita”, diz.
Aos poucos, seu trabalho, com ajuda dos vizinhos (Vicari e Faccin) e também de seu próprio talento, foi sendo reconhecido. Hoje ele faz cerca de 20 rótulos de diversas variedades sendo 70% de vinhedos “próprios” – ou seja, da propriedade do amigo. “Há dois anos busco um cultivo mais sustentável”, aponta Eduardo, que não usa herbicidas e evita todos os tratamentos químicos.
“Assim, no momento da vinificação, a uva está mais limpa. Não uso nada, eu esterilizo os materiais que vou usar com SO2, fora isso, não uso nenhum tipo de química nem para manejo nem para nada. Quando faço a minha vinificação só uso uva. O vinho que está na minha garrafa foi feito somente com uva”, aponta. Um dos destaques de sua produção são os espumantes “pét nat” (Pétillant naturel, dito “método ancestral’, de única fermentação dentro da garrafa – veja box). “São diferentes dos outros produtores porque consegui achar um ponto na vinificação para eles ficarem, digamos, mais delicados, mais fáceis para beber”, afirma.
Espumantes amadurecendo na cave
A partir de 2023, Eduardo tem o plano de trabalhar quase que somente com castas europeias que trouxe de Portugal, França, Itália, Alemanha e Estados Unidos. “Um Chardonnay todo mundo tem, um Pinot, todo mundo tem. Quero partir para algo mais exclusivo. Eu tenho um Arinto. Acredito, que, por enquanto, por aqui, só eu tenho. Quero ter Saperavi, quero castas assim que, digamos, não são comumente encontradas, um produto diferente para apresentar”, finaliza.
Adepto da mínima intervenção no vinhedo e na cantina, esse espumante rosado nature pelo método ancestral a partir de Moscato Bailey e Chardonnay. Tem ótima acidez, textura firme e cremosa e final cativante, que pede uma segunda taça, de preferência na companhia de embutidos.
Esse é um espumante rosado nature feito pelo método ancestral exclusivamente a partir de Pinot Noir. Faz uma ótima dupla com o Bailené, mas nesse caso é um rosado ainda mais austero e vinoso, repleto de notas terrosas, de ervas e de especiarias. Seco e vertical, tem ótima acidez, textura cremosa e final cheio e persistente.
Para conhecer como é feito o espumante natural, clique aqui.
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