Acabaram as desculpas para não tomar vinho na praia, as latas desceram a serra
por Silvia Mascella
A voz do Diogo Nogueira cantando "Pé na areia, água de côco, beira do mar.." ecoa quase como um hino não oficial do verão brasileiro. E é claro que as palavras evocam tanto o desejo de relaxar na praia, na piscina, na cachoeira ou mesmo na montanha, quanto o de contemplar a natureza e aproveitar as férias de verão com um petisco e uma bebida gelada na mão.
Durante muito tempo levar garrafas para a praia e para as piscinas foi proibido, por uma questão de segurança de milhares de pessoas andando descalço na areia, ou nas bordas úmidas dos espaços aquáticos. Isso impediu o vinho de chegar em muito locais onde ele era bem vindo e desejado.
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Mas há alguns anos, as sacolas de plástico rígido para colocar a garrafa com o gelo e as taças de acrílico começaram a mudar esse roteiro de viagem. Em muitos balneários elegantes, os vendedores das praias começaram a ter espumantes em seus carrinhos (até porque as garrafas de cerveja long neck foram sendo mais populares e permitidas). As garrafas mini de espumante fizeram sucesso, as garrafas grandes foram sendo aceitas e ainda assim a indústria percebeu que existia um espaço para mais inovação.
Da mesma forma que a história da cerveja foi reescrita no Brasil com o lançamento da primeira cerveja em lata - no dia 3 de abril de 1971, no interior do estado de SP - a história do vinho também precisava ser tirada das salas de degustação de enófilos empoados e trazida para o cotidiano das pessoas "normais" que gostam de vinho. Simples assim.
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Na França, um dos lugares que levam o vinho mais a sério no mundo, os vinhos em lata não param de ganhar mercado. Eles respondem não apenas a um desejo de praticidade, como falam de sustentabilidade e também de menores quantidades de consumo. Tudo isso, ainda por cima, conversando com os jovens, os consumidores do futuro.
Felizmente, o Brasil não esperou muito para pegar essa onda (afinal de praia a gente entende mais que os franceses) e existem muitas opções, que podem ser compradas no supermercado, sem nenhuma frescura e colocadas no mesmo recipiente para gelar onde vão todas as bebidas para o descanso de verão. E, melhor de tudo, a harmonização! Não dá para achar que espetinho de camarão combina mais com batida de côco com leite condensado do que com um rosé seco bem geladinho! E o peixinho frito então? É só abrir a lata do vinho branco e brindar!