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A taça de Homero

Descoberta revela que vinho era consumido também por pessoas comuns em Troia

Análise química inédita confirma que os cálices citados na Ilíada foram usados para beber vinho — e não apenas pelas elites

Universidade de Tübingen,
Universidade de Tübingen,

por Redação

Pela primeira vez, pesquisadores confirmaram cientificamente que o vinho era consumido na antiga Troia, tanto por membros da elite quanto por pessoas comuns. A descoberta reforça uma antiga hipótese sobre o cotidiano troiano e aproxima ainda mais a realidade arqueológica da narrativa épica da Ilíada, de Homero.

O estudo, publicado na edição de abril do American Journal of Archaeology, foi conduzido por cientistas das universidades de Tübingen, Bonn e Jena, na Alemanha. A análise foi feita em fragmentos de vasos da coleção arqueológica da Universidade de Tübingen, originalmente escavados pelo arqueólogo amador Heinrich Schliemann no século XIX, em Hisarlik, região turca onde se localizam as ruínas de Troia.

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Os pesquisadores moeram amostras de cerâmica, aqueceram os fragmentos a 380 °C e analisaram os resíduos por cromatografia gasosa e espectrometria de massas. O resultado revelou a presença de ácido succínico e ácido pirúvico — compostos que só aparecem quando o suco de uva passa por fermentação. Assim, ficou comprovado que os cálices depas amphikypellon continham vinho.

Esses cálices, com duas alças e entre 12 e 40 cm de altura, aparecem descritos na Ilíada em cenas de banquetes divinos e já eram associados a cerimônias comunitárias. Até então, acreditava-se que seu uso era exclusivo das elites, pois muitos foram encontrados em templos e palácios. No entanto, o mesmo estudo também analisou copos comuns, encontrados fora do núcleo palaciano, e obteve o mesmo resultado: eles também continham vinho.

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“Está claro que o vinho era consumido no cotidiano das pessoas comuns”, afirmou Stephan Blum, da Universidade de Tübingen. A descoberta muda a percepção sobre os hábitos sociais na Idade do Bronze e sugere que o vinho era mais acessível do que se imaginava.

A pesquisa fortalece a teoria de que a Ilíada foi inspirada em eventos históricos reais, aproximando os mundos do mito e da arqueologia — e revelando que, em Troia, o vinho era celebrado muito além das taças dos deuses.

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