por Redação
Músicos de diferentes países são convidados a cada ano pela Maison Krug para degustar todas as champagnes da casa e criar músicas de acordo com as sensações gustativas, que são disponibilizadas em aplicativo e acionadas a partir de códigos impressos nas desejadas garrafas
"Chardonnay é mais o violino, essa espinha dorsal do frescor. Pinot Noir é mais o baixo, ou os trombones dando estrutura e maturidade". Quem conhece o universo de Olivier Krug e sua poderosa champagne entende as frases comparativas do diretor da Maison, representante da sexta geração da família de vinicultores, digamos assim, musicais.
Através do projeto Krug Echoes, a cada ano, a Krug convida músicos de alta categoria para uma degustação prolongada de seus champagnes e a posterior seleção de listas, e criação de peças musicais que reflitam seus sentimentos ao beber os preciosos líquidos.
A lista traz nomes como o pianista americano Kris Bowers, vencedor do Emmy e compositor de trilhas sonoras como a do filme Green Book - O Guia, e o produtor belga Ozark Henry, que já levou música eletrônica de vanguarda à orquestra nacional de seu país.
Mas é a dupla francesa de piano e violino formada por Vincent Mussat e Hugo Boulanger que experimentou sentimento relacionado à música brasileira ao degustar ("de olhos fechados", como aconselha Olivier) a Krug Rosé, entre outros rótulos.
Oliver Krug diz que seu bisavô teve um salão de música nas décadas de 1920 e 1930, e que seu pai gostava de comparar a feitura da champagne com os arranjos de uma orquestra. As notas de degustação 'eram muito mais sobre os sentimentos'
"Para nos aproximarmos da natureza surpreendente e festiva do Krug Rosé, decidimos viajar para a América Latina, com um ritmo de Bossa Nova. Essa música efetivamente transmite uma instabilidade rítmica surpreendente que reflete a combinação de distinção e ousadia da Krug Rosé", escreve a dupla, no site da Maison.
O Krug Echoes envolve ainda um aplicativo que indica a 'harmonização' musical de cada garrafa, através de um código impresso nos rótulos, e mantém acesa uma tradição familiar.
Pesquisas experimentais sobre vinhos demonstram que fatores como a cor da iluminação ambiente, e a música de fundo podem exercer uma influência profunda na degustação. A música aciona partes específicas do cérebreo que se relacionam com atividades sensoriais degustativas
Segundo Olivier, seus antepassados sempre entenderam o universo de sensações da champagne através de harmonias e melodias. Ele conta que seu bisavô teve um salão de música nas décadas de 1920 e 1930, e que as notas de degustação que seu pai escrevia eram cheias de analogias musicais. "Não eram descrições, mas sensações. Era muito mais sobre o sentimento", lembra.
A metáfora da orquestra é sempre usada na Krug para descrever a complexa mistura de centenas de vinhos de base que dão origem ao Grande Cuvée de Krug. A 168ª edição, recém-lançada, contém 198 vinhos diferentes, de 11 safras distintas.
A cada ano o champagne lançado pela Krug segue o mesmo estilo que o fundador da casa criou: uma cor dourada, um buquê extravagante e textura quase cremosa, com fruta madura, notas tostadas e de avelãs e um final de grande frescor
Não é nova a conclusão de que a música tem papel importante na percepção do sabor pelo nosso cérebro, e os estudos permanecem em curso. O professor Charles Spence, da Universidade de Oxford, um dos principais pesquisadores da área, escreveu em artigo recém-publicado na revista Cognitive Research:
"Um corpo crescente de pesquisas experimentais sobre vinhos demonstra que vários fatores contextuais, incluindo tudo, desde a cor da iluminação ambiente até a música de fundo, podem exercer uma influência profunda e, em alguns casos previsível, sobre a experiência da degustação".