Publicação científica traz descoberta para melhorar qualidade de vinhos afetados por incêndios florestais e remover 'gosto de fumaça'
por Redação
Uma pesquisa publicada no Journal of Agricultural and Food Chemistry, da Sociedade Americana de Química, apresenta um avanço significativo na remoção dos desagradáveis aromas e sabores de fumaça de vinhos afetados por incêndios florestais.
O estudo sugere que o uso de polímeros de impressão molecular (MIP) pode ser uma solução eficaz para capturar os compostos voláteis responsáveis pelo chamado "gosto de fumaça", que compromete a qualidade do vinho.
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As queimadas, que têm se tornado mais frequentes em importantes regiões vinícolas ao redor do mundo, liberam compostos voláteis que são absorvidos pelas uvas, resultando em vinhos com aromas de cinza ou remédios, prejudicando seu valor de mercado. Até então, as técnicas de remoção desses compostos indesejáveis também acabavam eliminando elementos essenciais ao buquê, sabor e cor do vinho.
No estudo, os pesquisadores testaram esferas de MIP no vinho, com o objetivo de "capturar" os fenóis voláteis provenientes da fumaça. As esferas foram adicionadas ao líquido, flutuando livremente ou dentro de sacos de musselina ou malha, e os vinhos foram submetidos a análises químicas e avaliações sensoriais.
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O estudo contou com a participação de diversos especialistas em vinhos, além de estudantes e público geral, que atuaram no processo de avaliação dos resultados.
Embora a técnica impacte em outros compostos aromáticos e na coloração do vinho tinto, os MIP conseguiram melhorar consideravelmente vinhos afetados pela fumaça. Além disso, os polímeros podem ser reutilizados após lavagens e regenerações, o que potencializa a remoção de compostos indesejáveis em ciclos posteriores.
O estudo foi financiado parcialmente pelo governo australiano, em uma tentativa de mitigar os danos das queimadas para a indústria do vinho, sobretudo o país que há vários anos tem enfrentado incêndios florestais cada vez mais violentos e intensos.
A pesquisa surge justamente no contexto de aumento global de incêndios florestais. Segundo pesquisadores de diversas agências e universidades, os eventos extremos de queimadas dobraram de frequência entre 2003 e 2023. Algumas agências climáticas sugerem que a tendência é que o fenômeno siga crescendo nas próximas décadas.