Arigato!

Confira as principais atrações e destinos de Tóquio

Uma das cidades mais cobiçadas para aqueles que buscam cultura, conforto e boas opções gastronômicas do outro lado do mundo

por Por João Calderón


Vista da Rainbow Bridge, com a Tokyo Tower ao fundo, dois dos pontos turísticos da capital japonesa

Final de março e início de abril, começo da primavera. Esse é o período tão aguardado pelos milhões de turistas que visitam Tóquio e, principalmente, pelo próprio japonês. A época da transição, do florescimento das cerejeiras, da esperada Sakura, que simboliza as nuvens e representa metáforas da natureza efêmera da vida. Sua extrema beleza e o seu rápido desfecho foram sempre associados à mortalidade e, por isso, passou a ter um rico simbolismo, sendo utilizada em peso nas músicas, nos desenhos dos quimonos, nos mangás, animês etc. A Sakura representa também a estação da primavera e o amor. Durante a II Guerra Mundial, ela foi utilizada para motivar o povo japonês e acender o espírito nacionalista.

Dentre os principais locais procurados para o Hanami – o instante de ver e apreciar as cerejeiras –, há alguns dos principais parques na capital japonesa, como o Shinjuku Gyoen, com mais de mil cerejeiras, o Ueno, um dos mais populares para os festivais de Hanami, e também o Yoyogi. Uma megalópole como Tóquio, no entanto, não vive somente em torno dessa época de floração.

Mais do que cerejeiras

A sua arquitetura também acabou sofrendo alterações ao longo da história e recentemente correu riscos de ser completamente destruída. Primeiro, no grande terremoto de 1923. E, logo em seguida, vítima da II Guerra Mundial, que assolou o país inteiro. É exatamente devido a esses acontecimentos que a capital é constituída por prédios modernos. Essa característica acaba se transformando em uma das maiores atrações de Tóquio, tanto que muitas das principais edificações conhecidas internacionalmente estão por lá, como o Tokyo International Forum, a Rainbow Bridge, a Tokyo Skytree (torre mais alta do Japão e uma das maiores do mundo), a sede da Fuji TV em Odaiba, além da Tokyo Tower.

Esta última é um dos passeios favoritos dos turistas. Com dois observatórios, você pode subir e ter uma das melhores vistas da capital. Ainda, se tiver sorte de ir em um dia sem névoa, é possível avistar o Monte Fuji, a montanha mais alta do Japão, com 3.776 metros. O que muitos podem desconhecer é que se trata de um vulcão ativo, mas sua última erupção tendo acontecido em 1708. Em dias ensolarados, pode ser visto de Tóquio. Mas, caso prefira vê-lo mais de perto, uma ótima experiência é viajar para Kyoto no Shinkansen, o famoso trem-bala japonês. Um dos melhores ângulos do Fuji vem da estação Shin-Fuji. Você não vai se arrepender.


A Tokyo Skytree (torre mais alta do Japão) tem dois observatórios, onde se pode subir e ter uma das melhores vistas da capital. Em um dia sem névoa, é possível avistar o Monte Fuji

Em Tóquio, há diversos parques para o Hanami – o instante de ver e apreciar as cerejeiras

História

Deixando a Tokyo Tower e o Monte Fuji de lado, vamos continuar o itinerário no coração histórico e geográfico da capital, o Palácio Imperial. Protegido por muralhas do século XVI, ele foi reconstruído em 1968. Ao seu redor, estão a famosa Nijubashi, uma ponte de pedra de 1888, e os jardins do leste. Após um passeio agradável pelos jardins já em direção ao bairro Ginza, não deixe de passar pela Tokyo Station, a imensa estação com seus tijolos vermelhos que rompem completamente com a arquitetura da cidade. Ela foi construída por Tatsuno Kingo em 1914, inspirada na estação central de Amsterdã.

Passando pela estação, você chega à requintada Ginza, o metro quadrado mais caro do mundo. Em uma de suas principais ruas, a Chuo-dori, podem ser encontradas lojas de diversas grifes de luxo, além de grandes docerias. Visite o Sony Building, o showroom da marca, a Muji, que possui seu maior estabelecimento ali mesmo, e também a Mitsukoshi, a mais antiga das lojas de departamento do bairro, com uma seção específica para quimonos. Ainda em Ginza, está situado o Kabuki-za, principal palco do tradicional teatro Kabuki, épico e colorido, e interpretado exclusivamente por homens.


Um desjejum de sushi no mercado de peixes de Tsukiji é obrigatório

Bairro Ginza, o metro quadrado mais caro do mundo


Parque Ueno, um dos mais populares para os festivais de Hanami

De Ginza, vá de metrô para Shibuya, uma das partes mais modernas que tanto representa a imagem de Tóquio para o mundo ocidental. Uma “Torre de Babel” da moda. E é justamente na saída Hachi-ko da estação Shibuya que são observados as telas luminosas gigantes e os inúmeros outdoors – além de serem ouvidos os alto-falantes em volumes estrondosos –, e onde está localizada a Shibuya Crossing, um dos cruzamentos mais emblemáticos de Tóquio, a “Times Square” deles. Para caprichar, termine o dia em outra zona peculiar da cidade, em Roppongi, bairro famoso por suas noites e seus bares para ocidentais.


Ryokan é a tradicional hospedaria nipônica e proporciona uma oportunidade única de conhecer o estilo de vida típico do japonês

Em Tóquio, não deixe de visitar os bairros de Ginza e Shibuya

Passar a noite

A estadia é também uma das principais atrações em Tóquio quando se opta pela tradicional hospedaria nipônica, o Ryokan. As diárias incluem um imperdível jantar, servido no próprio quarto, além de um café da manhã reforçado. Os Ryokans proporcionam aos ocidentais uma oportunidade única de conhecerem o estilo de vida típico do japonês, e compreenderem o prazer que aquele povo detém em bem servir.

As melhores opções para se hospedar à moda da casa são os pertencentes à Ryokan Collection, uma espécie de Relais Châteaux dos Ryokans, que possui três pontos nas proximidades de Tóquio – o Asaba, o Niki Club e o Yama no Chaya.

A estadia em um Ryokan, ainda que somente por uma noite, é recomendada. Porém, para aqueles que não querem (ou não podem) ousar muito, duas outras opções seriam o Mandarin Oriental de Tóquio, localizado no bairro de Nihonbashi, ou o tradicional Imperial Hotel, muito próximo ao Palácio Imperial.

Continuação do passeio

Na manhã seguinte, volte para perto de Shibuya e inicie o dia no Yoyogi Park, próximo ao Estádio Nacional que foi construído para os Jogos Olímpicos de 1964. Ainda passeando pelas dependências do parque, não deixe de visitar o Meiji Jingu, um santuário xintoísta dedicado ao imperador Meiji. É ali que, em alguns domingos, acontecem casamentos tradicionais imperdíveis para os curiosos de plantão.

Em seguida, deixe o local pela rua Omote-Sando, a Champs-Élysées de Tóquio, a qual ostenta as diversas vitrines da alta costura mundial. Uma das mais famosas é a loja da Prada com sua fachada de vidros em forma de trapézios. Ainda por ali, passe pela Takeshita-dori, uma ruela bastante barulhenta, repleta de lojas de roupas, restaurantes fast-foods e cabelereiros que o farão compreender um pouco do universo jovem dos japoneses e de suas distintas tribos. De volta a Omote-Sando, vá ao Oriental Bazaar e compre o seu souvenir, um clichê obrigatório de todas as viagens.

Gourmet

Um dos pratos minimalistas e perfeccionistas do Narisawa

Em cada restaurante, vê-se a atenção aos detalhes, algo tão enraizado na cultura do país

Não adianta, mal você abre os olhos e a Tóquio Gourmet bate à sua porta para oferecer seu cartão de visitas. Aproveite o seu jet-lag para se programar e ir ao mercado de peixes de Tsukiji. Em todas as manhãs, o local se transforma em um mundo ruidoso, quase caótico, mas, acima de tudo, fascinante. São quase 2.800 toneladas de peixes de todo o mundo por ali, movendo-se em carrinhos elétricos. Não hesite: é lá mesmo que você irá ficar maravilhado com cardumes de verdadeira qualidade, caranguejos gigantes, camarões de tamanhos e cores nunca antes vistos, frutos do mar exóticos, como pepino-do-mar ou abalones, e, certamente – o mais importante de tudo e o verdadeiro astro do local –, o atum. Exatamente às 5h30, ocorre o leilão de atum – muitas vezes comercializado por milhões de ienes –, uma atração imperdível.

Um detalhe, todavia, para ficar atento: antes de ir ao mercado, descubra se o acesso estará aberto ao público naquele dia. Caso esteja, registre-se logo em seguida, pois, no Japão, tudo é organizado. E principalmente quando o assunto é comida, limpeza vem em primeiro lugar.

Os próprios japoneses costumam dizer que nenhuma visita ao Tsukiji está completa sem um desjejum de sushis. Portanto, esqueça o horário e vá a um dos counters que contenham o prato. Dentre as melhores opções da cidade estão o Sushi Dai e o Daiwa-Zushi.

Bom, passado o café da manhã? Então, logo chega o momento de procurar um almoço mais simples para entender melhor a cultura japonesa. Vá a uma das casas de lamen (que você facilmente encontrará) e peça o seu através de uma máquina que lembra as de refrigerante. Escolha seu prato como se comprasse uma Coca-Cola e, em instantes, um dos garçons irá trazer a sua revigorante refeição.

À tarde, faça um passeio pelas delicatessens e, seguramente, irá se impressionar com a qualidade de um simples biscoito e também com o cuidado com que cada embalagem é elaborada, desde os pacotes das bolachas até as latas dos tão consumidos cafés.

Restaurantes

Os restaurantes japoneses, de maneira geral, são bem específicos, cada um com a sua especialidade, na qual o dono perseguirá incansavelmente a perfeição, como nos mostra o documentário “Jiro Dreams of Sushi”, que conta justamente essa busca de Jiro Ono, dono do Sukiyabashi Jiro, sua primeira parada à noite. Um restaurante que serve somente sushis e atingiu recentemente três estrelas no célebre Guia Michelin. Ainda em tal especialidade – os saborosos sushis –, visite o Sawada, que é, para muitos, o estabelecimento com o melhor sushi do mundo. A rede, de duas estrelas Michelin, possui somente sete locais, por isso não vá sem antes fazer reserva. E vale a pena lembrar: gourmands japoneses descrevem o restaurante situado em Ginza como o mais difícil para se conseguir um lugar em toda a cidade.


Wine Bar Mayu e Jip Wine Bar (abaixo) são opções para degustar bons vinhos em Tóquio

Para quem aprecia vinho

A bebida fermentada tradicional do Japão é o saquê e não o vinho, mas, ainda assim, na capital há bons lugares para quem quer desfrutar do fermentado de uva. Um deles é o Jip Wine Bar, que costuma servir vinho branco japonês em taça. Ao lado, há uma loja com mais de 400 rótulos do mundo. Há ainda o Wine Bar Mayu (casulo, em japonês), com oito salas de estilo casual onde se pode apreciar bons pratos e vinhos. Para quem quer várias opções de rótulos, uma saída é o Rigoletto, com mais de 2 mil garrafas na adega. O bar tem um terraço com vista panorâmica da estação de Tóquio. Outro ponto é o Bistro-SHIN, com ótimos preços de vinhos servidos em taça ou garrafa. Por fim, o Bongout Noh tem estilo bistrô francês e excelentes opções tanto de vinho quanto de pratos. Ele fica aberto até as 3h da manhã.

Na noite seguinte, mudando de ares, busque outra especialidade. Vá ao Inakaya Nishi, especializado em Robatas, espécie de churrasco japonês, e se delicie com o frescor dos peixes assados inteiros, ou com a celebrada carne da raça Wagyu. A experiência no restaurante, mais do que gastronômica, é cultural, beirando quase o teatral, devido à maneira como o serviço é elaborado. E, para fechar a visita muito bem, escolha entre os minimalistas e perfeccionistas do Narisawa ou o Ryugin, também na lista dos 50 restaurantes com melhor gabarito do planeta. Com certeza, ao final da magnífica noite, você ficará lisonjeado com o atendimento no local. “Muito obrigado” você deve querer dizer em um bom português. Mas, na terra do sol nascente, se já estiver um pouco mais familiarizado com o idioma nipônico, agradeça em um tradicional “arigatou gozaimasu”.

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