Degustação

Degustamos rótulos da Vega Sicilia, um dos ícones do mundo do vinho; confira

Grupo espanhol é responsável pela produção de rótulos tradicionais e únicos

por Redação

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O frenesi causado pelas fotos de Messi e Neymar empunhando garrafas do Vega Sicilia diz muito sobre a aura de encantamento por trás de um ícone do mundo do vinho. Ícones são assim, carregam um significado que ultrapassa barreiras, e são reconhecíveis como tal até por aqueles que não são propriamente do meio. Abrir vinhos como um Veja Sicilia sempre envolve expectativa, ansiedade, enfim, uma energia diferente.

Duas degustações realizadas em São Paulo corroboram essa tese. Como personagens principais, dois Vega Sicilia Unico, safras 2007 e 2008, além de outros rótulos não menos brilhantes que compõem o portfólio das cinco vinícolas da família Álvarez. O agrupamento de todos os projetos é chamado Tempos Vega Sicilia, com rótulos dos cinco projetos da empresa, em Ribera del Duero (Vega Sicilia e Alión), em Toro (Pintia), na Rioja (Macán, em parceria com a família Rothschild) e na Hungria (Tokaj-Oremus).

Para apresentar os vinhos, vieram ao Brasil Antonio Menéndez, diretor-geral do grupo, e Ignacio Calvo, diretor da Macán, em Rioja. Na degustação fica claro que, mesmo tendo estilos distintos, os rótulos provados têm um ponto comum, que se baseia na busca incansável pela qualidade. Segundo Menéndez, o que se procura é o que melhor cada terroir pode oferecer e, para isso, não se medem esforços e investimentos em todas as fases do processo.

 O discurso se comprova conforme provamos os vinhos. Mais que a lograda busca pela qualidade, percebe-se que os vinhos, safra após safra, vêm evoluindo ao expressar de forma cada vez mais precisa a pureza da fruta, sempre mantendo a assinatura da casa em todas as vinícolas do grupo, que se fundamenta em finesse, precisão e elegância.

Tanto o Alión como o Valbuena 5º Año, dois vinhos geralmente ofuscados pelos míticos Vega Sicilia Unico e Reserva Especial, mostram, nas safras recentes, mais profundidade, precisão e pureza, como jamais tiveram (e olha que já tinham todas essas qualidades), apresentando-se tão bem quanto os dois mitos. Sem contar a qualidade de fruta, com mais frescor, e o refinamento na textura de taninos. Logicamente, cada safra é uma safra, mas o que estamos falando aqui é de mudanças que fazem com que até em anos mais difíceis se consiga extrair o máximo possível.

Processos e mudanças

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Mas que mudanças são essas? Segundo Menéndez, vão desde o estudo minucioso dos solos dos vinhedos, separando-os em distintas parcelas, passando por diferentes colheitas e vinificações separadas de cada uma dessas parcelas. Além disso, ele ressalta um maior cuidado e higiene no processo de vinificação, bem como o uso de diferentes recipientes, seja concreto, madeira de diferentes origens, nos mais variados formatos e tamanhos. Enfim, fazem o necessário para seguir evoluindo.

Menéndez ressalta que todas essas mudanças contínuas no processo, algumas mais radicais e outras mais sutis, são sempre colocadas em prática vislumbrando o dia em que de alguma forma poderão ser aplicadas na elaboração do mítico Vega Sicilia, que desde sempre foi avesso a modismos e manteve seu estilo classudo e requintado, quase atemporal. 

OS VINHOS PROVADOS NAS DUAS DEGUSTAÇÕES

AD 93 pontos

PINTIA 2011

TEMPOS Vega Sicilia, Toro, Espanha (Grand Cru R$ 407). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Tempranillo, com fermentação em tanques de madeira e posterior estágio de 12 meses em barricas de carvalho 70% francês e 30% americano. Mostra aromas exuberantes de ameixas e amoras acompanhados por notas florais, defumadas e de especiarias doces. Chama atenção pelos taninos de textura de grãos finos e pelo estilo preciso, compacto e equilibrado, mesmo tendo tanta força, potência e opulência. Tem final longo e complexo, com toques de chocolate amargo e mocha. Álcool 15%. EM

AD 95 pontos

ALIÓN 2012

TEMPOS Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha (Grand Cru R$ 545). Tinto 100% Tempranillo, fermentado em tanques de concreto, com estágio de 10 meses em barricas novas de carvalho francês. Apesar de muito jovem, já impressiona pela acidez e verticalidade, num estilo mais afilado. Preciso e tenso, tem ótima textura de taninos, vibrante acidez e final longo, com toques minerais, de frutas vermelhas frescas e de folhas de tabaco. Álcool 14,5%. EM

AD 93 pontos

VALBUENA 5º 2011

TEMPOS Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha (Grand Cru R$ 1.453). Tinto composto de 95% Tempranillo e 5% Merlot, aqui percebe-se os efeitos de um ano mais quente e difícil no estilo de frutas negras mais maduras, bem como nas notas especiadas, tostadas, de chocolate e de tabaco, sempre mantendo o estilo polido e preciso da casa, em que reinam taninos de textura fina, fruta exuberante e final persistente e elegante, com toques de grafite. Álcool 14,5%. EM

AD 96 pontos

 VALBUENA 5º 2010

TEMPOS Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha (Mistral US$ 399). Fruto de um ano mais equilibrado, este 100% Tempranillo mostra-se mais jovem que o 2011, com mais notas florais envolvendo as frutas vermelhas e negras de perfil mais fresco. Vertical, vibrante e cheio de tensão, tem ótima acidez, taninos de textura lembrando giz e final afilado e preciso, com toques salinos e de grafite. Consegue aliar de modo magistral intensidade, potência, profundidade e finesse. Álcool 15%. EM

AD 96 pontos

VEGA SICILIA UNICO 2007

TEMPOS Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha (Mistral US$ 957). A lenda na taça. Parece ser mais gentil do que é. Como aquele lutador que chega falando baixo e, de repente, o adversário está no chão. O nariz revela o aroma da nobreza, com notas de lavanda se revelando cada vez mais. Perfeição, integração e equilíbrio. Fruta deliciosa, que vem em ondas, permanecendo na boca por longuíssimo tempo. Nestes sete anos de vida, mostra juventude excepcional, com equilíbrio, finesse e força ao mesmo tempo. Álcool 14,5%. CB

AD 95 pontos

VEGA SICILIA UNICO 2008

TEMPOS Vega Sicilia, Ribera del Duero, Espanha (Grand Cru R$ 3.388). Segundo Antonio Menéndez, o estilo de Unico pode ser dividido em dois. O de anos mais frios, como este 2008, e o de anos mais equilibrados ou quentes, como o 2004, por exemplo. Ainda jovem, ao primeiro momento, mostrou-se fechado e austero, porém com o passar do tempo na taça foram aparecendo aromas de ameixas e cassis seguidos de notas de violeta e de cinzas. Profundo, estruturado e um pouco introspectivo ainda, tem taninos finos, ótima acidez e muita tensão, mas sempre num contexto de precisão e elegância. Um grande vinho vindo de um ano muito difícil na região, o que é ainda mais notável. Álcool 14,5%. EM

AD 93 pontos

OREMUS TOKAJI ASZÙ 5 PUTTONYOS 2005

TEMPOS Vega Sicilia, Tokaj, Hungria (Mistral US$ 156). O emblema que aparece na garrafa é uma marca da coroa francesa dada em 1710 pelo rei Luís XIV, também conhecido como Rei Sol, ao seu vinho predileto. Muito elegante, mostra vibrante acidez, que equilibra toda sua força e doçura. Límpido e sofisticado. Álcool 12,5%. CB

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